Opinião

Uma história real… O fanatismo é burrice

Diário da Manhã

Publicado em 12 de janeiro de 2018 às 00:38 | Atualizado há 7 anos

“Di­fí­cil di­zer o que in­co­mo­da mais, se a in­te­li­gên­cia os­ten­si­va ou a bur­ri­ce ex­tra­va­san­te”

Sta­nis­law Pon­te Pre­ta

 

Ama­nhe­ce o dia, pon­do fim à noi­te tem­pes­tu­o­sa. Nas­ce uma ma­nhã nu­bla­da com pre­nún­cio de chu­vas e tro­vo­a­das. Leio as man­che­tes dos jor­nais e, o que ve­jo, au­men­ta a sen­sa­ção de es­tar­mos aban­do­na­dos à pró­pria sor­te. Os pen­sa­men­tos som­bri­os ob­scu­re­cem os meus pen­sa­men­tos e tra­zem flui­dos ne­ga­ti­vos, tais co­mo, o de­sâ­ni­mo e o pes­si­mis­mo.  En­tre­men­tes, a fé ra­ci­o­ci­na­da e a es­pe­ran­ça num por­vir ven­tu­ro­so sob a di­re­ção se­gu­ra do mei­go Na­za­re­no pre­va­le­cem, de­vol­ven­do-me a ale­gria e pa­ci­fi­can­do o am­bi­en­te.

As­se­re­na­dos os âni­mos, des­ço (mo­ro no Mor­ro da Ca­pu­a­va) a pé ao cen­tro da ci­da­de de Aná­po­lis, num pé­ri­plo pe­las li­vra­ri­as e se­bos, co­mo sem­pre o fa­ço, à pro­cu­ra de li­vros no­vos e/ou usa­dos. Às ve­zes, vou à li­vra­ria do meu ami­go de in­fân­cia, Alon­so, na es­qui­na da Ave­ni­da Go­i­ás com a Rua Flo­ri­a­no Pei­xo­to. Na Rua Ba­rão do Rio Bran­co, em fren­te a se­de do CRA, exis­tem du­as bo­as li­vra­ri­as. Em to­das, ven­de-se li­vros no­vos e usa­dos. Tam­bém, sou fre­quen­ta­dor as­sí­duo do Ma­ga­zi­ne Ana­po­li­no, na Rua Ma­no­el D’Aba­dia, on­de com­pro jor­nais e re­vis­tas. E li­vros de au­to­res ana­po­li­nos,  en­tre os qua­is, os meus di­le­tos ami­gos, Iron Jun­quei­ra, es­cri­tor e jor­na­lis­ta; Jo­ão As­mar, ir­mão ma­çom, ad­vo­ga­do e pro­fes­sor; e Tau­nay Men­des, es­cri­tor e  his­to­ri­a­dor.  Es­te  úl­ti­mo  é  pa­ren­te  de  mi­nha es­po­sa, Fá­ti­ma. Em 1977, Tau­nay mo­rou na mi­nha ca­sa, na Rua Fe­li­pe Ca­ma­rão. Jo­ão As­mar foi meu pro­fes­sor, nos anos 70, na Fa­cul­da­de de Di­rei­to de Aná­po­lis – Fada, ho­je, Uni­E­van­gé­li­ca. Des­ne­ces­sá­rio di­zer da es­ti­ma e ad­mi­ra­ção que nu­tro por es­sas pes­so­as que­ri­das.

Ho­je, li uma crô­ni­ca de Má­rio de An­dra­de, pos­ta­da na re­de  so­ci­al,  sob  o tí­tu­lo “o va­li­o­so tem­po dos ma­du­ros”, que faz-nos re­fle­tir so­bre o apro­vei­ta­men­to do tem­po que nos res­ta, “…me­nos tem­po da­qui pa­ra a fren­te do que já vi­vi até ago­ra”, diz ele, de­sen­car­na­do há tem­pos. O tex­to, do po­e­ta da mo­der­ni­da­de, con­ci­ta-nos a não pre­o­cu­par­mo-nos com dis­cus­sões es­té­reis. E é o que vou fa­zer, da­qui “prá” fren­te. Afi­nal, já vi­vi mui­to e não me res­ta mui­to tem­po co­mo en­car­na­do.

Do­ra­van­te, te­rei o má­xi­mo cui­da­do e pu­dor nas pos­ta­gens e emis­são de opi­ni­ões na re­de so­ci­al, cu­i­dan­do, pa­ra não ser des­res­pei­to­so com nin­guém. Só emi­ti­rei ju­í­zo em res­pos­ta à al­gu­ma pro­vo­ca­ção e, tam­bém, se hou­ver in­da­ga­ção no­mi­nal à mi­nha pes­soa. Não es­tou me­lin­dra­do e não que­ro me­lin­drar. Pes­so­as que não co­nhe­cem o es­pi­ri­tis­mo em sua trí­pli­ce fun­ção: ci­ên­cia, fi­lo­so­fia e re­li­gi­ão, mes­mo as­sim, ir­res­pon­sa­vel­men­te, fa­zem ju­í­zos equi­vo­ca­dos so­bre as­sun­to que ig­no­ram. O mes­mo se dá com res­pei­to à Ma­ço­na­ria. Co­mo emi­tir con­cei­tos so­bre o que des­co­nhe­ce? Is­so é fa­na­tis­mo re­li­gi­o­so. É pu­ra ig­no­rân­cia. É bur­ri­ce.

Fi­na­li­zan­do es­ta crô­ni­ca-de­sa­ba­fo, de­di­car-me-ei, por exem­plo, à edi­fi­can­te lei­tu­ra e apren­di­za­do das obras de Nel­son Ro­dri­gues; Ru­bem Bra­ga e Sér­gio Por­to. Des­se úl­ti­mo, a sá­ti­ra da li­nha­gem dos Pon­te Pre­tas (per­so­na­gens): Sta­nis­law Pon­te Pre­ta; Tia Zul­mi­ra Pon­te Pre­ta e o Pri­mo Ro­sa­mun­do. Quem não se lem­bra do “Fe­be­a­pá – Fes­ti­val de Bes­tei­ra que As­so­la o Pa­ís”, pu­bli­ca­ção fei­ta em três jor­nais do Rio de Ja­nei­ro? Ca­ro pro­fes­sor Ar­man­do Fa­ria Ne­ves, fi­ló­so­fo, um eru­di­to, olhe es­ta, tam­bém de Sér­gio Por­to: “Po­de-se di­zer a mai­or bes­tei­ra, mas se for di­ta em la­tim mui­tos con­cor­da­rão”.

 

(Odá­lio Bo­te­lhooda­lio­bo­te­lho­adv@ya­hoo.com)

 


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