Cotidiano

Motim entre menores infratores começou após feriados de fim de ano

Diário da Manhã

Publicado em 11 de janeiro de 2018 às 01:47 | Atualizado há 7 anos

A diretora do Grupo Execu­tivo de Apoio à Criança e Adolescente (Gecria), Lu­zia Dora Juliano Silva, afirmou que a instabilidade no Centro de Aten­dimento Socioeducativo (Case), no Conjunto Vera Cruz I, começou após a notícia de que não haveria liberação para os feriados de fim de ano, no dia 20 de dezembro. Na noite da última terça-feira, 9, me­nores voltaram a tentar fuga, mas não conseguiram. No dia anterior, 11 menores escaparam do local e permanecem foragidos. O Mi­nistério Público chegou a marcar uma visita ao local na manhã de ontem, 10, mas cancelou devido à “situação instável”.

Luzia Dora informou que, neste ano, o Juizado da Infância e Juven­tude da Comarca de Goiânia deci­diu pela não liberação dos meno­res para as festas de fim de ano. De acordo com ela, nos anos anterio­res, a liberação acontecia por ana­logia com os presos adultos, que podem receber indulto de Natal e Ano Novo através de determinação da Presidência da República. “Eles vinham tentando [fugir] por con­ta dos feriados. Quando tem feria­do prolongado tem a liberação. O juiz anterior da comarca de Goiâ­nia fazia por analogia [com os pre­sos adultos]”, afirma Dora.

A diretora do Gecria disse ain­da que a decisão aconteceu após uma intervenção do Ministério Pú­blico do Estado de Goiás (MPGO). “Houve uma provocação do MP, que achava inadequado. Além do adolescente ficar em risco, ele co­loca em risco a vida do outro”, de­clarou. O Juizado da Infância e Ju­ventude, porém, informou que nos outros anos as liberações por ana­logia ao indulto de natal também não aconteceram. Em Goiás, 479 presos adultos, do regime aberto e semiaberto, receberam indulto.

No ano passado, o mês de ja­neiro também foi marcado por re­beliões em presídios de Roraima, Amazonas e Rio Grande do Nor­te. Em Goiás, o Complexo Prisio­nal de Aparecida de Goiânia teve 3 rebeliões em uma semana, uma delas com 9 mortes, 14 feridos e 243 fugitivos. Em Luziânia, 10 pre­sos fugiram no última sábado, 6, após um detento responsável pela limpeza serrar as grades. No iní­cio dessa semana, 14 menores fu­giram do Case. Três deles foram recapturados e 10 permanecem foragidos. Os adolescentes fize­ram reféns os educadores, que possuem as chaves dos cadeados, utilizando barras de ferro e esca­param com corda feita de panos.

A direção do Centro de Inter­nação ainda não sabe se houve algum tipo de facilitação duran­te a fuga. O Grupo Executivo de Apoio à Criança e ao Adolescen­te (Gecria) abriu processo admi­nistrativo para investigar o caso. Em uma das celas do Case, está escrito na parede: “Bem-vindo ao inferno”. Em outra, com tinta vermelha: “Cadeia que não rege­nera o coração do preso só cons­trói infratores com mais ódio por dentro”. Em setembro de 2017, dez jovens que estavam no banho de sol, no Case de Anápolis, fugiram usando um poste de luz para sal­tar o muro do local.

 

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