Fundo partidário bilionário para eleições de 2018
Diário da Manhã
Publicado em 29 de dezembro de 2017 às 22:28 | Atualizado há 7 anosAs eleições do amanhã, para serem coerentes com a democracia, os candidatos deverão gastar as solas dos sapatos, bem como, o diálogo, usando a dialética encadeada persuasiva, falando e ouvindo, expondo suas ideias, ouvindo queixas, queixa bem azedas da sociedade eleitora. O próprio orçamento bilionário aprovado a toque de caixa, pelos deputados e senadores concorre, em muito, para aumentar tais queixas. Ao contrário, fossem estes recursos destinados a um grande fundo financeiro permanente, tendo como finalidade precípua, solucionar, de forma peremptória, o problema insolúvel do menor abandonado, estariam eles, quem sabe, resgatando parte da impopularidade crescente, no dia a dia, com o processo corruptor, privilégios, mordomias que atormentam a nação.
Paradoxal leitor, só mesmo assistindo ao vivo e, através da mídia, para acreditar: estado atolado financeiramente pelos sucessivos governantes, governantes estes ao que parece, tocados ou picados pela mosca azul, que esbanjam o erário público, inflacionando o orçamento, com despesas maiores do que receitas, mesmo assim, sem escrúpulos, arquitetaram, com facilidade, uma maneira de compensar, tapar o buraco surgido, com o fim da contribuição, donativos de empresas jurídicas, nascedouro do processo corruptor que envergonha a política. O fim dessa contribuição financeira, nascedouro, como dito, do processo de corrupção endêmica, generalizada e cavalar, se deve a iniciativa da OAB, protagonizada por outras entidades, propugnando junto ao STF, a sua extinção. O próprio fim, sociedade eleitora, resgata popularidade ao subtrair impopularidade de tal contribuição, pois, o representante eleito, com tais donativos, é transformado em marionete das empresas contribuintes, como o caso notório das medidas provisórias feitas a mando delas, empresas jurídicas.
Embora haja um estatuto da criança e adolescente, o desafio do menino de rua, menor abandonado continua insolúvel, desolador, vitimando parcela considerável de nossa gente, na plena flor da idade, caminhando para as drogas e banditismo organizado, nas barbas dos sucessivos governantes. De vítimas, no principio, passam a vitimar a sociedade ordeira e laboriosa. O desafio, a carecer, portanto, de fundo financeiro especial consubstanciado a uma administração excelência, capaz de estancar de vez, a mina de violência, jorrando à solta, país afora, indubitavelmente, a maior responsável pelo elevado índice de criminalidade deste país. Esse desleixo, eleva o grau de descrença de nossa gente ordeira, nos governantes, governantes contratados pelo voto para bem servir a causa pública. Campeonato inglório, pois acabou levando o titulo de campeão, infelizmente em criminalidade de rua, prática responsável pela insegurança nossa de cada dia, em ascensão.
A nação, para gáudio dos áulicos, ira dos que cumprem o seu dever, com a pátria, abriga a terceira população carcerária do mundo, ultrapassando recentemente, a casa dos setecentos mil prisioneiros. Quarenta por cento desse total aguardam julgamento, tal o estado de lerdeza dos governantes, mais ainda, do poder judiciário. Abismal a rapidez do Congresso, enquanto o desafio do menor abandonado se arrasta, há décadas, por falta de vontade, vontade soberana de infindos gestores públicos, nem bem o poder judiciário, por meio do STF, acabou com a mamata da contribuição das pessoas jurídicas, alocaram eles, verbas bilionárias, para o magnânimo fundo partidário. Essa manobra, mania de legislar em causa própria, assegura a continuidade das campanhas eleitorais nababescas, ao subsidiar o processo eleitoreiro viciado, de compra e venda de votos. Nessa linha, primando o voto subserviente leniente, o de cabresto da era Imperial, do compadrio da velha república, penalizando, ao mesmo tempo, o voto consciente sapiente.
Na realidade, isto lembra, a legendária política dos governadores, com Minas e São Paulo alternando-se no poder, fraudando eleições na base e no ápice, neste caso, com o cabo eleitoral, do grupo no poder, em 1909, quando Rui Barbosa concorria, como candidato, da campanha civilista, aliás, favorito a presidência da república, o senador Pinheiro Machado, cabo eleitoral mor, fraudou as eleições a bico de pena, assegurando a vitória do marechal Hermes da Fonseca, por quatrocentos mil votos exatos, apelidado, pela façanha, de “Marechal Urucubaca”, assegurando mesmo grupo no poder, poder quase vitalício, de então. Ainda agora, malsinado vicio canceroso persiste, com deputados e senadores se reelegendo, a vida toda, valendo-se, em plena aurora do século XXI, do voto subserviente leniente, mais aquele jocoso do compadrio.
Imagine, pense bem leitor eleitor, mesmo, com toda sorte de agruras, vícios de arrepiar os cabelos, a esperança na democracia plena, não esmoreceu, ou feneceu. Ilustrando a república, que abraçou o movimento Iluminista, contrariando seu maior filósofo, nasceu indireta, dessa forma, diferente da primeira experiência vivida na Cidade Estado de Atenas, que assegurou fama universal à democracia. Mas, ali, os cidadãos controlavam, de forma direta, os governantes, na atual, indireta, os eleitos, assegurados pela lei da república indireta, usurparam a célebre Vontade Geral do cidadão eleitor, que, percebível, ou impercebivelmente, ficou sem poder para controlar os gestores – gestor contratado pelo voto, para bem governar o Estado. Então, de posse dessa grande regalia, passaram a praticar, legislar sobre tudo, ferindo, massacrando a ética na política usual, sem nenhuma consulta popular aos governados. Seja burlando norma sagrada, como a de não misturar as coisas públicas, com seus pertences particulares, ou seja, mais abismal ainda, legislando em causa própria, assegurando regalias inacreditáveis a si mesmos, levaram o Estado a atual conjuntura de insolvência, receita maior do que despesa, com PIB nanico, o mais nanico da América. Em recente pesquisa feita em 47 países, feita por consultoria de renome de uma revista conceituada da Inglaterra, o Brasil ocupa o penúltimo lugar, enquanto a Polônia, há pouco tempo em recessão, ostenta, o primeiro lugar, com PIB acima de oito, na classificação em consideração.
Voltando ao fundo, não ao partidário, que pode ser questionado, pela sociedade por meio do artigo 14, alínea III da constituição, dita cidadã, que se preocupou, muito mais, com a imunidade de seus constituintes do que, com o bem-estar da democracia e, assim da sociedade mantenedora do Estado. Estado de direito execrável, onde as sucessivas más gestões, reverteu seu sentido, legando imagem calamitosa, perdulária aos seus milhões de patrícios, parcela deles, deserdados da sorte. Com tudo isto, você sociedade, pode se valer do artigo citado, como fez no caso da lei da Ficha Limpa, para obrigá-los a criar fundo financeiro substancial, destinado a solucionar a grave situação do menor abandonado, e com isso, rebaixar paulatinamente a população carcerária do país, pois, o seu inchaço principal advém da malsinada mina de violência, mina esta sustentada, em aberrante contradição, pelo menor abandonado, de igual forma, amainar, melhorar, a segurança nossa de cada dia, que vem vitimando, a toda hora, a sociedade, família ordeira, deste país, gigante pela própria natureza, como se canta no Hino Nacional, letra de Manuel Osório, Duque de Estrada, mesmo esbulhado pelos corruptos prospera, alimentando a esperança da gente brasileira, em sua maioria, ainda laboriosa e ordeira.
A mencionada Vontade Geral, consoante Rousseau, manifesta por meio do dito artigo XIV, pode até colocar farofa no ventilador daqueles que fizeram bilionário o fundo partidário, removendo-o para a mencionada idealização, sobre modo, utilitária. Um legal fundo financeiro de amparo, peremptório, ao menor abandonado, ora, a penitenciar, caminhando para as drogas, crime organizado, como rios caudalosos para o mar.
(Josias Luiz Guimarães, veterinário pela UFMG, pós-graduado em filosofia política pela PUC-GO, produtor rural)