Entretenimento

Kell Smith do começo ao fim

Redação DM

Publicado em 22 de dezembro de 2017 às 20:51 | Atualizado há 6 meses

Ela foi uma das revelações de 2017. Com um timbre arrebatador, a paulista de 24 anos, em tempos ásperos, con­seguiu invocar a inocência de criança, na canção Era Uma Vez. Na faixa Respeita as Mina mos­trou atitude e botou pra fora um grito libertador que muitas mu­lheres precisam abafar no dia a dia. Ainda exalou swing no reg­gae Viajar é Preciso. Tudo isso com apenas um EP homônimo a tira­colo, que lhe rendeu números ex­pressivos: possui dois milhões de ouvintes mensais no Spotify, o clipe de Era Uma Vez atraiu mais 75 milhões de visualizações e, foi uma das músicas mais tocadas nas rádios neste ano.

Esta é Kell Smith, que hoje che­ga a Goiânia para um show marca­do para começar às 17 horas, no All Week Food Park. Para performan­ce de logo mais chega com novi­dades. Além de contar seus suces­sos, interpretações que passeiam por Elis Regina, Roberto e Eras­mo, Nando Reis e Mutantes, o pú­blico goiano será praticamente o primeiro a ouvir ao vivo seu fres­quíssimo EP “Diferentão”, que foi lançado ontem e está disponível em todas as plataformas digitais.

Devido ao ar de novidade de tal trabalho, o show tem sido bas­tante esperado até por Kell Smith. E isso, a própria artista revelou em entrevista ao DMRevista. “É a mi­nha primeira vez em Goiânia. E já estou ansiosa para esse show! A ex­pectativa é grande, porque estou nesse momento de lançamento do novo EP, um repertório que eu acredito muito… Enfim, será um excelente momento para um en­contro com uma cidade tão espe­cial”, disse a artista.

O EP traz duas canções iné­ditas, a que deu o nome ao tra­balho e Maktub. Esta última é uma balada romântica, que gira em torno do significado da pala­vra árabe, que significa “já esta­va escrito” e, consequentemente, aborda os sentimentos desperta­dos por um amor com ares pre­destinação. A canção é uma par­ceria com o pianista e maestro de sua banda Bruno Alves, que pos­sibilitou um dueto delicado do instrumento com violão.

Já na música Diferentão, a ar­tista canta a história de um rapaz simples e positivo. É notável que a faixa anda por caminhos mais so­lares que Maktub, ao mostrar toda versatilidade da artista exalando a mistura entre MPB, ska e reggae. A letra faz ainda uma ode aos dife­rentões da vida, que agem e pen­sam “fora da caixa”.

SEM RÓTULOS

Esta questão de não andar con­forme os padrões da sociedade de Diferentão vem a calhar com a identidade que Kell Smith expres­sa junto com a musicalidade. A ver­satilidade é um dos seus tons, que foi afinada naturalmente no decor­rer de sua caminhada artística. Ao contrário de muitos adolescentes, que conhecem primeiro o univer­so pop, para depois se engajarem nas outras possibilidades musi­cais, a artista que é filha de um pas­tor missionário, teve a primeira re­ferência no universo gospel.

Porém, a cantora não parou por aí. A abertura do seu “ape­tite” musical aconteceu mes­mo quando o pai lhe apresentou o clássico disco Falso Brilhan­te (1976) de Elis Regina, em vi­nil. Logo, a Kell de 12 ou 13 anos, se viu completamente contagia­da pelas interpretações intensas da diva da MPB, que deixou este mundo bem antes dela nascer.

A personalidade musical foi in­crementada ainda através da in­fluência de um amigo que lhe mostrou o universo do pop, rap e hip hop. Logo viu que também sa­bia rimar e improvisar e, não de­morou até sintetizar todas estas re­ferências e mostrar para os mais chegados. Lhe diziam sempre que trazia um jeito “diferentão” de can­tar e aquilo era muito bom. Incen­tivada pelos amigos, começou a soltar vozeirão nos barzinhos de Presidente Prudente, interior de São Paulo, onde morava.

Na convivência profissional com a música, Kell Smith ainda se descobriu uma ávida compo­sitora. Após compor um trabalho consistente, o apresentou – como muitos – para a gravadora Midas Music. E aí a coisa ficou séria. O timbre de personalidade da artista e suas diversas influências encan­taram de cara um ouvido aten­to, cujo compromisso com a mú­sica é tamanho, que ele encarnou muitas vezes o papel do jurado te­mido, em programas de calouros na TV, como Popstars, no SBT e X Factor, na Band: Rick Bonadio.

Já é sabido ainda que a história de Rick Bonadio com a música vai muito além dos programas de no­vos talentos. Seu papel mais bem sucedido é mesmo o de produ­tor musical, pois descobriu e pro­duziu nomes icônicos da música brasileira, a exemplo de: Mamo­nas Assassinas, Charlie Brown Jr., NX Zero, Rouge, entre outros.

No entanto, a fama do “midas” da música nacional, não intimi­dou Kell, que na primeira opor­tunidade já fez bonito mostrando toda malemolência da canção au­toral Viajar é Preciso. A “audição”, ela disse na entrevista ter achado até divertida. “Temos uma amiza­de musical e uma parceria incrí­vel”, contou, sobre a relação com o produtor musical.

A FAMA

A partir daí, a artista não só convenceu, como se tornou uma das maiores apostas da produto­ra de Bonadio. E ela não tem de­cepcionado. A canção Era Uma Vez foi a faixa mais tocada entre os dias 30 de outubro e três de de novembro, desbancando hits como: Is That For Me, da Anitta e Alesso e do onipresente Despaci­to, de Luis Fonsi, Daddy Yankee e Justin Bieber.

A música, de letra simples mas cativante, fala da saudade da inocência da época de crian­ça, nasceu de uma conversa des­pretensiosa com amigos sobre nostalgia. E, segundo a artista, foi composta de forma muito na­tural e priorizando a mensagem. “A letra veio da simplicidade do momento. Da intensidade e da verdade”, relembrou.

Mas, assim como sabe fazer le­tras fofas, Kell aprendeu também a colocar o dedo na ferida, quando necessário. E como mulher, sen­tiu logo essa necessidade. Por isso, em Respeita as Mina – que foi lan­çada no Dia Internacional da Mu­lher –, mostrou consciência social soltando o verbo em um rap qua­se didático contra o machismo em rimas, como: “Quero andar sozinha porque a escolha é mi­nha, sem ser desrespeitada e asse­diada a cada esquina.”

“Eu, como compositora, me sinto no compromisso de escre­ver verdades. E minhas músicas são formas de materializar aqui­lo que eu acredito. Então, tere­mos músicas assim sempre!”, prometeu a artista.

Sobre os planos daqui para frente, ela conta que irá lançar o já aguardado primeiro álbum logo no início de 2018. E adianta que tanto a música como a atitude continuarão seguindo a mesma cartilha: a da diversidade. “Eu sou uma mistura de tudo que eu ouço. É só ouvir muita música boa e ser livre pra criar! O novo álbum será a tradução do que sinto. Traduzo sentimentos”, comentou.

E essa facilidade para decifrar em palavras o quase indizível, ela conta que sempre existiu. Antes das composições musicais exerci­tava este dom na literatura e assim nasceu vários contos. Mas, res­pondendo à nossa pergunta sobre se pretende conciliar música e lite­ratura, a artista revelou que por en­quanto o plano é continuar escre­vendo sim, porém neste caso não se trata de um livro, e sim de uma trajetória vitoriosa junto à nova MPB. “Penso sim (em voltar à lite­ratura). Mas por enquanto só pen­so. Tem muita música pra vir antes disso”, arremata.

 

SHOW DE NATAL: KELL SMITH

Onde: All Week Food Park (Rua T- 70, 44 – St. Bueno)

Quando: hoje, às 17 horas

Ingressos: R$ 30 (pista), R$ 300 (mesa verde), R$ 400 (mesa azul)

 

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