Pesquisa aponta que 70% acredita ser possível governar sem corrupção
Diário da Manhã
Publicado em 19 de dezembro de 2017 às 01:44 | Atualizado há 4 meses
A corrupção tem permanecido no centro do debate nacional dos últimos anos. Em paralelo à crise econômica que se abateu ao Brasil desde o início de 2015, as notícias têm trazido aos lares cenas impactantes de personalidades públicas conduzidas coercitivamente por integrantes da Polícia Federal bem como malas de dinheiro associadas a agentes políticos. Cabe então, no presente cenário, o seguinte questionamento que, de certa forma, já participa do repertório nacional cerca ao tema: é a corrupção inerente à atividade política brasileira?
Dada a relevância do assunto, em novembro de 2017, foi retomada a corrupção como tema do monitoramento político, econômico e social ao levantamento Pulso Brasil, realizado pelo Instituto Ipsos. Dos resultados, pode-se concluir que o brasileiro se mostra, na sua maioria, intolerante à corrupção. A relação mais notável entre intolerância à corrupção é com o grau de instrução: quanto mais instruído o grupo pesquisado, menor os percentuais que indicam tolerância.
A primeira questão levantada pela pesquisa começa com a famigerada máxima “rouba mas faz”. Com isso, 23% dos entrevistados acreditam que “o que realmente vale são os políticos e partidos que roubam mas fazem”. Os que discordam, chegam à marca de 73%, e os outros 4% não souberam ou não quiseram responder.
Outras afirmativas avaliadas pelos entrevistados foram se “a corrupção no Brasil é culpa do povo que elege políticos corruptos” e “eu acredito que é possível governar sem corrupção”. 55% concordam e 42% discordam da primeira afirmação, e 70% acreditam que é possível desvincular a política da governabilidade. Os 26%, mais pessimistas, acham que para governar é preciso ser corrupto, pelo menos em algum momento, e 4% não souberam ou não quiseram responder.
Os entrevistados cujo nível de instrução acadêmica é mais baixa apresentam uma visão mais pessimista e permissiva em relação à corrupção. 26% dos indivíduos analfabetos, com ensino fundamental incompleto e ensino fundamental completo acreditam que “o que realmente vale são políticos e partidos que roubam mas fazem”, enquanto somente 15% dos que concluíram o ensino médio ou possuem nível superior acreditam nessa afirmativa.
Quando o assunto é governar sem corrupção, 75% dos entrevistados com nível médio ou superior acreditam que uma não é inerente à outra, e 24% dos entrevistados analfabetos, com nível fundamental incompleto e completo, discordam desse ponto de vista. A idade é outra condicionante, os gráficos que demonstram a relação entre governabilidade e corrupção, avaliam que à medida que os entrevistados são mais velhos, ficam mais otimistas e intolerantes em relação à corrupção no Estado. Os entrevistados mais jovens, de 16 a 44 anos têm uma média de 68% de respostas a favor da governabilidade sem corrupção, enquanto aqueles de 45 a 60 anos de idade ou mais possuem uma média de 73%.
Agora, em comparação com o ano passado, as opiniões se tornaram mais pessimistas e mais permissivas em relação à corrupção no Estado num aspecto, e exatamente o contrário em outro. Em abril de 2016, 69% discordavam da ideia de que “o que realmente vale são políticos e partidos que roubam mas fazem”, e 25% concordavam com a máxima, enquanto a resposta dos entrevistados de novembro deste ano foi 73% e 23%, respectivamente. Já em relação à afirmação “eu acredito que é possível governar sem corrupção”, 70% dos entrevistados no mês passado concordaram, e os de abril do ano passado foram 83%. 13% discordavam dessa afirmação, no ano passado, enquanto os entrevistados de novembro deste ano subiu para 26%. Os entrevistados também se apresentaram menos indecisos, em todos os aspectos, se comparados com os números do ano passado.
FIM DA CORRUPÇÃO
Se por um lado, a abrangência e a extensão do problema da corrupção influenciam as atitudes nacionais sobre o tema, o próprio debate possui o enfoque visto como mais necessário ou relevante. Quando perguntados sobre a quantidade de vezes que ouvem discussões para eliminar a corrupção, 51% acreditam que “como acabar com a corrupção” é menos discutido na sociedade brasileira do que se deveria.
Os resultados apontam para a necessidade da evolução do tópico na agenda pública. Que mesmo que haja alguma percepção de saturação de discussão acerca de “corrupção” em si entre o público em geral, existe a demanda para que outras camadas relevantes do mesmo tema sejam exploradas, especialmente esta que trata da solução do problema. Contudo, 40% dos entrevistados consideram que as causas da corrupção são menos discutidas do que se deveria, e a corrupção, em si, 32% acreditam que é menos discutida do que se deveria.