População deve pressionar contra mudança
Redação DM
Publicado em 16 de dezembro de 2017 às 23:01 | Atualizado há 7 anos
O comendador, cientista político, líder comunitário e auditor fiscal aposentado Nuno Costa Pinto é um dos líderes de uma manifestação pública contra as reformas da Previdência, da terceirização e trabalhista, que tiveram início em abril. Ao lado do advogado João Mendes de Rezende e do delegado de polícia aposentado Eurípedes Miguel de Freitas, já recolheu cerca de 6 mil assinaturas, somente em Goiânia, para encaminhar ao Congresso Nacional para que a reforma da Previdência não seja aprovada da forma como o projeto tramita em Brasília.
A manifestação pública do trio destaca que a reforma da Previdência é injusta porque não propõe receber as dívidas bilionárias das grandes empresas devedoras do sistema previdenciário, como JBS, Bradesco, Correios e Prefeitura de São Paulo. Outra razão para serem contra a reforma é que a mesma não combaterá a sonegação de impostos pelas grandes empresas, além de não tributar as grandes fortunas, “apenas a classe trabalhadora é sacrificada, mais uma vez”, destaca o documento.
Em entrevista ao Diário da Manhã, Nuno Costa ressalta que o movimento é apartidário e pretende dar uma contribuição ao País, fazendo pressão direta nos deputados federais. “Vamos a Brasília fazer pressão direta nos nossos deputados, não só os goianos, mas todos os deputados. Vamos procurar as lideranças, vamos mostrar a nossa indignação e mostrar o caminho do que queremos. Não somos contra totalmente a reforma, quem ganha de 20 mil reais para cima não deve sofrer as consequências da reforma”, explica.
O comendador reforça que a manifestação pública que está propondo é para aparar as arestas em relação à Previdência. “No meu entendimento, essa reforma atinge os pequenos e o foco é aparar as arestas que favorecem os mais ricos, porque visa acabar com os privilégios. Temos que tirar grande parte da sociedade, que são os pobres, dessa reforma que penaliza somente aqueles. As pessoas que ganham até 19 mil reais devem permanecer sem alterações, aqueles que recebem de 20 mil reais para cima, deve aumentar em cinco anos de contribuição e na idade”, pondera Nuno.
O líder lembra que, em 2003, o ex-presidente Lula (PT) realizou uma reforma da Previdência e promoveu uma série de alterações, como o fator previdenciário. “Eu era aposentado e não pagava contribuição, agora estou pagando 11%. Ele criou o teto máximo da previdência para valer para todos aqueles que tiverem de um a 100 salários mínimos e também criou a previdência privada complementar, que não regulamentou”, argumenta e continua: “A questão maior é falta de gestão, não está sendo adequada a nossa realidade. Defendemos a legalidade, solidariedade e equidade”, defende.
GOLPE
O advogado João Mendes destaca que as reformas que o presidente Michel Temer (PMDB) tem tentado aprovar no Congresso Nacional fazem parte do terceiro golpe que o partido dará no Brasil. “O governo do PMDB tem 33 anos que está no comando do país. Este é o terceiro golpe que esse partido quer dar no povo brasileiro e na economia do país para continuar no poder e ganhar as eleições no ano que vem. O primeiro golpe foi no Plano Cruzado, o segundo no Plano Real e agora o terceiro golpe é o plano das reformas”, enumera.
Nuno Costa destaca que a reforma da previdência deveria “ampliar a gama de arrecadação” e que o movimento que lidera tem foco somente em Goiás, mas pode vir a ser exemplo para outros estados brasileiros. “Esse movimento deveria ter alcance nacional, mas vamos focar somente o estado de Goiás e que isso sirva de exemplo para os outros estados fazerem também. Vamos nos deputados, fazer pressão para que na hora que a emenda chegar, eles terem argumentos para não votar”.
O delegado aposentado Eurípedes Miguel reforça que o trio é contra o terrorismo que o governo tem feito ao afirmar que se a reforma da previdência não for realizada o desemprego aumentará e as pessoas deixarão de receber seus salários. O advogado João Mendes é enfático nessa questão: “Somos contra essa exploração, enquanto falta as coisas no país. Isso que o Michel Temer fala que se não aprovar a reforma vai acontecer desemprego, que as pessoas não vão receber salário, é mentira dele”.
João Mendes ainda ressalta que o presidente da República tem tratado os congressistas brasileiros como adolescentes e esta não é a forma correta de se governar. “Ele é mentiroso e irresponsável com o povo brasileiro e com o país, porque ele ataca o Congresso e transforma os deputados em adolescentes e transforma esse fundo partidário de R$ 1,3 bilhão como se fosse a mesada dos adolescentes, porque se não votarem na reforma eles não vão ganhar a mesada. Transformou o Congresso Nacional em casa de barganha, um desrespeito ao povo brasileiro que votou neles”, argumenta.
O advogado também acredita se os deputados votarem a favor da reforma da previdência como está, ficarão desacreditados pelos eleitores. “Se existe algum deputado que votar a favor da reforma será banido da política pelo povo brasileiro, porque a população não aguenta mais, está sofrendo, passando dificuldades e há 33 anos esse PMDB vem manipulando as eleições, roubando votos e, ainda, usa como suporte um judiciário que não responde aos anseios do povo”, afirma.
João Mendes aponta que se o presidente não tem capacidade de governar sem a reformas impostas deve renunciar. “O Michel Temer já até alegou que quer que esse processo de reforma seja o seu legado, mas acredito que o único legado que o PMDB vai deixar nesses 33 anos é o legado da corrupção, falcatrua, roubalheira, do assassinato e tráfico de drogas, esse é o legado que o PMDB vai deixar na história do país nesses 33 anos de administração direta e indireta. Se o presidente Michel Temer não dá conta de governar sem fazer as reformas, que ele sai do governo e renuncie”, sugere.