Discurso pelo Movimento Salve Jóquei na Câmara de Vereadores de Goiânia
Diário da Manhã
Publicado em 15 de dezembro de 2017 às 03:29 | Atualizado há 7 anos
Bom dia, Excelentíssimos senhores vereadores, senhoras vereadoras, demais trabalhadores e visitantes desta casa.
Agradeço esta oportunidade à pessoa da vereadora Dra. Cristina Lopes, valorosa mulher, aguerrida e companheira das lutas em nossa cidade.
Sensibilizadas com a causa do Movimento Salve Jóquei, estamos aqui hoje, para falar desse patrimônio histórico, cultural, arquitetônico e social, em nossa cidade.
Precisamos falar, com bastante pesar, da possibilidade de vermos o fim desse patrimônio, na perspectiva de que esta casa, composta por nobres parlamentares, atentos às questões da nossa cidade, da nossa história, da nossa qualidade de vida goianiense, se sensibilize, definitivamente, e se junte à nossa causa.
É inimaginável, senhores, senhoras… É inimaginável, nos dias de hoje, pensarmos como irrelevante, esse prédio de “luxo”, no centro de nossa cidade. Centro este, onde já estiveram o glamour da cidade, as melhores residências, os melhores bares e restaurantes. O melhor clube social.
O Jóquei Clube de Goiás há mais de sessenta anos, recebeu uma área pública do fundador de Goiânia, o então Governador Dr. Pedro Ludovico Teixeira, e erigiu, no centro da cidade, uma sede social moderna, arquitetada pelo renomado Paulo Mendes da Rocha, um ilustre representante brasileiro, da Arquitetura Moderna.
Esta obra é composta de parque aquático, quadras de tênis, squash, peteca, saunas feminina e masculina, bar, restaurante, amplo salão de festas e outros ambientes e salas. Já teve um bosque, com árvores centenárias e até, o transbordar de uma mina de água, acreditem. Mas este bosque foi derrubado.
Criminosamente derrubado. Com a justificativa de que outras árvores seriam plantadas, no hipódromo. Será que foram, vereadora Cristina?
Será que viraram banquinhos ou o quê, os angicos e outras árvores que foram barbaramente extraídas e mortas, há quase 10 anos? É preciso enxergar as árvores como ser vivo.
É preciso que cuidemos mais da vida, senhoras e senhores!
Em nossa cidade, é grande, a incidência de crimes domésticos. Nos últimos 10 anos, quantos crimes e agressões e contravenções cometidas por jovens, vereador Kajurú? O senhor, assim como seus pares aqui nesta casa de leis, sabem a importância da prática de esportes, da convivência social e do lazer, para as suas famílias, é certo. Eu tenho certeza que os nobres senhores e senhoras podem imaginar o poder disso tudo para todas as famílias; para a cidade.
Pensar o valor que Dr. Pedro Ludovico deu a estes direitos humanos em Goiânia, é pensar Goiânia, nossa história. É pensar a sabedoria de um gestor equilibrado, arrojado, exemplar.
Ainda que pensemos o Jóquei com uma história elitizada e “para poucos”, como temos ouvido, isto não diminui a sua importância para toda a cidade. Nesse processo, percebemos o quanto precisamos discutir a cidade.
Estamos aqui hoje, porque tenho a certeza de que nosso Prefeito Íris Rezende quer isto. Que a gente faça política, que discuta o Bem comum. Nós, que somos agentes políticos, que somos formadores de opinião, precisamos pensar juntos e discutir e resolver a cidade, conciliando interesses.
Se por um lado, a elite se evadiu do Centro, por outro lado, o Centro contém um equipamento que pode agregar qualidade de vida à cidade e que está sem uso, fechado. Isto não é inteligente, é absurdo, em tempos de vícios cibernéticos, depressões, ansiedades, úlceras e outras doenças físicas e emocionais, decorrentes do modo de vida ao qual temos nos entregado.
Nós assistimos, nobres edis, diariamente, pela tv, as broncas da cidade, nos reclames da SMS. Assistimos o apoio dos excelentíssimos às causas populares. A indignação com os serviços públicos de saúde.
Mas nós sabemos da importância da qualidade de vida, para a saúde. Tenho frequentado clínicas médicas, senhores, senhoras… É muito triste, viu… As pessoas estão descrentes da vida, transtornadas com tanta informação. Estão verdes, desbotadas. Grudadas em seus smart fones. Se divertindo passivamente, nos games. Se envolvendo emocionalmente, nas redes sociais virtuais. Se alimentando às pressas, com esquentados, ou nos comércios.
E o que se fortalece é o mercado que acode com medicações, descartáveis, ostentáveis e supérfluos desnecessários.
É urgente, a mudança da cultura. Nossa sociedade está viciada em hábitos corrosivos, em uma vida robotizada, neurotizada, naturalmente. E vemos o resultado disso na incidência de doenças diversas, na violência generalizada das ruas, das escolas, nas famílias.
A cultura da vida exige sol, exige lazer e qualidade de vida para todos. Sem distinção de classe, raça, idade, profissão. Porque a cultura não é só a expressão da arte de um povo. A cultura está também, nas tradições, na culinária, nos hábitos e crenças de um povo.
Nós queremos a preservação do Jóquei Clube de Goiás. Muitos em nosso grupo Salve Jóquei, nem sócios são, mas estão nesta luta. Têm consciência coletiva, são uns nobres. Aprenderam o que é Educação Patrimonial. Têm amor à História de nosso povo. Para muitos, saúde é o que interessa!!
Nós contamos com esta casa de leis. Contamos com a repercussão deste momento, para que nosso Prefeito Íris Rezende, nosso Governador Marconi Perillo e demais autoridades competentes se sensibilizem e nos apoiem. Não temos nada definido, quanto à proposta de destinação, mas temos várias sugestões e queremos garantir o debate. É legítimo, nosso pleito.
Inúmeros joqueanos não viram o chamamento para a Assembleia que definiu a venda do clube. Assembleia esta, que contou com 11 dos 20 joqueanos remidos, presentes.
Aos joqueanos do Salve Jóquei hoje, se somam diversas outras pessoas e entidades públicas. As doutoras arquitetas planejam uma Pesquisa Multidisciplinar, sobre a história do Jóquei até aqui e esta pesquisa contará com a abordagem da questão social. Teremos, para os anais da História, a importância política, cultural e social desta obra e das pessoas que por ela transitaram.
Sejam, como nós, personagens do Bem, nesta História. Não sabemos se será necessário e possível uma parceria com o poder público. Não sabemos se será necessária, a venda de um pedaço do terreno.
São inestimáveis as estórias que temos ouvido sobre Dr. Pedro Ludovico e seus ternos brancos, à beira da piscina, nas noites de baile; e de Mauro Borges e sua Lurdes. Dos carnavais de marchinhas e lança perfume. Memórias mais recentes, das discotecas dos anos 70, dos jogos dos anos 80… Da parceria recente, na gestão do ex prefeito Pedro Wilson, com a Escolinha de Esportes, quando a comunidade ali vizinha, podia desfrutar do clube.
Vamos construir mais estórias, vamos refazer o bosque, recuperar a mina de água?? Vamos garantir à cidade de Goiânia, mais lazer, mais convivência social, mais esporte e quem sabe, mais turismo, senhoras vereadoras, senhores vereadores? Aquela, é uma região que pede revitalização há décadas. A recuperação do Jóquei Clube de Goiás ali, pode contribuir com esse processo.
É imensurável o valor de se poder, a qualquer hora do dia, dar uma nadada ou praticar outro esporte, tomar uma sauna, fazer uma refeição, encontrar um bom papo ou um cantinho para ler ou ficar quietinho, contemplando o céu, tomando um vento.
É imensurável o prazer de andar em uma cidade e, ao longo da vida, se identificar com ela, saber das riquezas dela, desfrutar do melhor que ela pode dar. Cada vez mais.
Eu tive finais de semana felizes, em família, no clube. No Jóquei Clube. Eu não posso querer menos do que isto, para meus filhos e para os netos, que virão.
Contamos com os senhores, excelências. Nos ajudem a salvar o Jóquei Clube de Goiás, em Goiânia. Nossa cidade merece a história linda que tem. E nós merecemos preservá – la.
Muito obrigada pela atenção, muito obrigada, vereadora Cristina.
A história de Goiânia saberá sempre, reconhecê – la e recompensá – la por seu trabalho em nome do Bem coletivo. Parabéns pela atitude!!
Mais uma vez, Bom Dia a todos e todas!!
(Flavia Calil, bacharel em Direito, servidora pública municipal)