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Sou perua, e daí?

Diário da Manhã

Publicado em 22 de novembro de 2017 às 22:02 | Atualizado há 7 anos

Espalhafatosas, extravagantes, multi­coloridas, chamativas, consumistas. Esses são alguns dos adjetivos que se enquadram perfeitamente no perfil de mulheres peru­as. Elas formam um verdadeiro exército e são facilmente, reconhecidas. Por quê? Por­que o visual chama a atenção, com modeli­tos e acessórios que fogem de tudo o que é básico. Jovens, balzaquianas ou da idade da loba, são ousadas e não se preocupam com os olhares e comentários críticos.

As peruas são mulheres modernas que não abrem mão de se enfeitar, são descola­das, assumidas e sabem diferenciar vaida­de de futilidade. Elas se cuidam, são char­mosas e um tanto quanto espalhafatosas. Por onde passam, arrancam olhares e co­mentários – nem sempre elogiosos, é cer­to – de quem as observa. Adoram comprar coisas diferentes, que fujam de tudo o que pode ser considerado básico. As peruas não abrem mão de se enfeitar com joias, bolsas, sapatos e demais acessórios femi­ninos, parecem ter se multiplicado nos tempos atuais, em que o consumo apare­ce como a palavra da vez.

Já ganharam uma novela inteirinha de­dicada a elas (Perigosas Peruas, da Globo, em 1992) e, na era da internet, têm centenas de comunidades. Até o escritor Carlos Hei­tor Cony dedicou uma crônica, “O chá das peruas”, a essas mulheres corajosas, que não estão nem aí para o que os outros pen­sam. Para Cony, o que distingue uma pe­rua “do resto dos mortais é a maneira de se vestir, calçar e usar adereços e penteados”. E parece que o escritor entende, mesmo, do assunto. Acho que a perua tem personali­dade e atitude. Elas são mais autênticas.

Para que ser normal, se você pode ser diferente?”, questiono. A Grife – De pe­ruíce são todas caras e de nome. A pe­rua adora atrair olhares e não é intencio­nal, mas acontece. O que gosto mais nas peruas é sua autoconfiança que trans­mitem. Quem estiver ao lado delas tem que aceitá-las do jeito que são, com bol­sas, sapatos, brincos e demais adereços. As peruas assumidas e experientes têm certas manias. Não abrem mão de usar joias e bolsas verdadeiras. Adoram uma bolsa e tem que ser de grife. Tem horror a qualquer coisa falsificada. Precisamos diferenciar a perua chique e a perua bre­ga. A primeira pode usar um monte de coisas e estar bem-apresentada. A se­gunda pode gastar rios de dinheiro sem ter o resultado esperado.

O tipo perua vive em função da sua vaidade. Consumir é o verbo mais con­jugado por essa tribo. Gastam o que têm e o que não têm em vestidos, joias, bolsas, sapatos e numa infinidade de acessórios para se enfeitar. São ante­nadas com as novas tecnologias da be­leza estética e consomem tudo que é cosmético que possa lhes deixar mais belas e charmosas.

O estilo perua já é considerado uma instituição nacional. No mundo virtual existem centenas de comunidades e pu­blicações nas redes sociais, o que com­prova que se proliferam cada vez mais. De certa forma, o gênero perua habita em algum lugar na alma feminina, só que umas assumem e outras, não.

Existe a perua louca que é aquela que é capaz de vestir um look oncinha mis­turado com tigrinho, leopardo e zebri­nha tudo ao mesmo tempo, e se achar linda. Segundo a roqueira Rita Lee: “A perua é a fêmea que é capaz de tudo para chamar a atenção dos outros ani­mais da floresta.” Ela tem razão!

Uma perua que se preze precisa se­guir um manual de sobrevivência, com regras básicas de comportamento. Ja­mais ir a qualquer lugar sem um salto alto. A padaria pode ser na esquina de casa, mas o seu estilo é único e incon­fundível em qualquer parte. Prefere sempre cores chamativas. O pretinho básico definitivamente não foi fei­to para a mulher perua. Tem sempre à mão um kit salva-perua, com maquia­gem, acessórios e, é claro, um tamanco básico (que tal estampa de oncinha?). As unhas devem estar sempre pintadas; o estilo francesinha definitivamente deve ser esquecido por uma verdadei­ra perua. Nunca aceita convites feitos de última hora. É preciso tempo para se produzir, ir ao cabeleireiro, escolher as joias. Deixa sempre o salto alto ao lado da cama, junto com o robe, na hora de dormir. Alguém pode chegar de repen­te e lhe pegar desprevenida. Ela sempre evita constrangimentos.

A perua mantém sempre em dia com as cirurgias plásticas e os procedimen­tos estéticos, pilling, lipoescultura, re­juvenescimento facial, mastopexia, toxina botulínica, maquiagem perma­nente, afinal, nenhuma perua pode dar mole à força da gravidade.

Gosto das mulheres peruas porque elas vivem intensamente, sabem que a vida não espera e fazem a sua passare­la. Ela vai desfilando, chega chegando, purpurinando, pois lá fora o mundo a espera. Ela bota a cara na janela e enche de coragem os pulmões para espantar os medos. E vai rebolando sua feminili­dade que a fé a empurra com o seu sor­riso e seu novo figurino.

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