Estilhaços de Guerra
Redação DM
Publicado em 30 de junho de 2017 às 22:11 | Atualizado há 6 meses
Considerado um dos principais pintores do movimento artístico alemão denominado Nova Objetividade, Otto Dix é conhecido por suas visões cruéis e realistas da república de Weimar, estabelecida na Alemanha após a primeira guerra mundial e que durou até o início do regime nazi, em 1933. A brutalidade da guerra também é uma das principais abordagens de sua obra. Dix nasceu em dezembro de 1891 na histórica cidade de Gera, que na época se chamava Untermhaus. Sua mãe era uma costureira que escreveu várias poesias durante a juventude. A paixão de Louise Dix pela arte fez com que Otto tivesse bastante contato com o assunto desde muito cedo. Seu primo, Fritz Amann, que também era pintor também teve grande influência em sua formação artística.
As horas que o jovem Otto Dix passava no estúdio de seu primo Fritz foram decisivas para que suas primeiras ambições artísticas florescessem. Dix também foi incentivado por uma professora do primário a envolver-se com arte. Entre 1906 e 1910, serviu como aprendiz do pintor Carl Senff. Nesse período começou a pintar suas primeiras paisagens. Logo em seguida, aos 19 anos, ingressou na Academia de Belas Artes de Dresden, onde teve como professor o artista Richard Guhr. Quando foi deflagrada a Primeira Guerra Mundial, no ano de 1914, Otto Dix voluntariou-se para integrar as forças do Exército Alemão. Permaneceu nos campos de batalha até 1918. Foi ferido várias vezes, e quase morreu quando teve o pescoço atingido por estilhaços de uma explosão.
O impacto da Guerra na mentalidade de Dix foi muito grande. Ele descrevia um pesadelo recorrente onde via-se a arrastar-se em meio a várias casas destruídas. Suas experiências traumáticas de Guerra tem grande expressão sua arte, e foram relatados alguns episódios específicos em um portfólio contendo cinco gravuras lançado no ano de 1924. Atualmente, o pintor é conhecido principalmente pela temática antibélica. Com o fim da Primeira Guerra Mundial, Dix passou a ter um pensamento mais voltado para a esquerda, e suas obras passaram a adquirir teor político. Ao lado de pintores como John Heartfield e George Grosz, dix revoltou-se com a forma que ex soldados que sofreram sequelas irreversíveis na Guerra eram tratados na Alemanha.
Em 1919 fundou um grupo colaborativo nomeado Dresdner Sezession, ao lado dos pintores Otto Schubert, Conrad Felixmüller. Com uma tendência expressionista, ambos refletiam em suas obras as tragédias causadas pela Guerra. Ainda nos anos 1920, fez parte do movimento de vanguarda chamado Nova Objetividade. Os pintores empenharam-se em elaborar uma resposta ao expressionismo. Algumas diferenças entre expressionismo e nova objetividade são: a ausência quase total de temas religiosos, ausência de movimento (prevalece a estática), ausência de processo de elaboração, limpeza harmônica dos objetos, entre outras. Além de Dix, também aderiram ao movimento pintores como Max Beckmann, e George Grosz.