O juridiquês dos ministros do STF
Redação DM
Publicado em 30 de junho de 2017 às 00:33 | Atualizado há 8 anos
“O réu seja encaminhado ao ergástulo público”. Este é um dos exemplos de juridiquês que até então se acreditava que estava com os dias contados. O estilo dos ministros do STF ainda é o mesmo do presidente Humberto de Alencar Castelo Branco ao comentar os golpistas que, naquele tempo, procuravam os quartéis identificando-os como vivandeiras alvoroçadas que “vêm aos bivaques bulir com os granadeiros e provocar extravagâncias do poder militar”.
Senhores ministros do Pretório Excelso, juízes do egrégio tribunal do Alcândor Conselho da república, data vênia, concessa vênia, o crime do petrolão, tipificado pelo procurador geral da nação como o mais atrevido e escandaloso esquema de corrupção que se tornou um julgamento nunca antes imaginado nesse país eriçando a ambiência da mais alta Corte, onde vossas excelências não soem prelibar voos de imaginação e vãs questiúnculas comezinhas, oportuniza – nos ressaltar que este Excelso Sodalício está passando powr um grande julgamento ao julgar o petrolão. Senhores ministros, o branqueamento de capitais protagonizado por um mentor eivado de animus furandi, perpetrou um mega esquema de corrupção. O petrolão, resultado de transações que desembestaram a acontecer nesse país, é fruto da tessitura social que se comprazem assaltar na calada da noite, sicut fur in nocte. Como bem disse o procurador geral Roberto Gurgel com sua acusação com um trecho do hino da democratização vai passar, dizendo que “dormia a pátria mãe tão distraída/ sem perceber que era subtraída/ em tenebrosas transações”. O petrolão é uma prática criminosa, oriunda dos liames de uma estrutura corrupta, forjada em sessões deliberativas com o intuito de saquear o dinheiro público em torpes assentadas. O petrolão, senhores ministros, evidencia uma miriade de placites que se tornam à luz da hermenêutica institucional, um crime de lesa-pátria. Então, senhores ministros, diante do deliberatório facial de vossas excelências, está a sorte da nação. E o pior só pode acontecer se rebaixar ao mesmo tempo a platéia que o sustenta, que em última instância, são os anônimos que assistem a tudo, cheios de esperança e indignação.
(Edvaldo Nepomuceno, escritor)