Raciocínio dedutivo e indutivo da existência de Deus
Diário da Manhã
Publicado em 4 de junho de 2017 às 01:39 | Atualizado há 8 anos
A existência de Deus é suscetível de ser demonstrada por dedução filosófica, através do raciocínio puro, a priori, mas pode ser também por raciocínio indutivo, empírico, a posteriori, via de experimentos e observações científicas.
Considerando que tudo está intimamente conectado e entrelaçado, como numa imensa teia, conforme vem sendo provado pela experiência quântica, podemos admitir que o raciocínio indutivo não é infenso a conectar-se com o raciocínio dedutivo, e vice-versa.
Tendo em vista, por outra via, que as ciências naturais, que se escoram com mais validade nos experimentos empíricos, e, portanto, no raciocínio indutivo, não é demais admitir que poderão valer-se também do raciocínio dedutivo, dele retirando, circunstancialmente, subsídios de natureza filosófica. Daí a alusão à Filosofia da Ciência, uma vez que esses setores do conhecimento têm também a sua filosofia.
Não se pode descartar a verdade, de acordo com a qual fazer filosofia ou ciência natural, é realizá-las pela razão. Se assim é, consciente ou inconscientemente, o ser humano, ao filosofar ou experienciar hipóteses e projetos na área das ciências, o faz pelo raciocínio, sendo que os órgãos do corpo físico são apenas instrumentos desse trabalho, que é mais mental do que físico.
Nesse nível de raciocínio, não é temerária a conclusão de que é perfeitamente admissível a junção dos dois raciocínios: raciocínio dedutivo e raciocínio indutivo, simultaneamente, no mesmo projeto, seja no campo do pensamento puro e intangível, seja nos experimentos e observações do mundo tangível.
É neste sentido, o magistério de Fritjof Capra, em “O Tao da Física” (Editora CULTRIX – São Paulo/SP – 24ª edição – 1995 (Tradição de José Fernandes Dias), cap. 10, p. 103/104):
“…A característica mais importante da visão oriental do mundo – poder-se-ia dizer, a essência dessa visão – é a consciência da unidade e da inter-relação de todas as coisas e eventos, a experiência de todos os fenômenos do mundo como manifestação de uma unidade básica. Todas as coisas são encaradas como partes interdependentes e inseparáveis do todo cósmico; em outras palavras, como manifestações diversas da mesma realidade última. As tradições orientais referem-se constantemente a essa realidade última, indivisível, que se manifesta em todas as coisas e da qual todas as coisas são partes componentes. Essa realidade é denominada Brahman no Hinduísmo, Dharmakaya no Budismo, Tao no Taoísmo. Como transcende todos os conceitos e todas as categorias, recebe dos budistas o nome de Tathata ou Quididade:
Aquilo que a alma conhece como Quididade é uma unidade da totalidade de todas as coisas, o grande todo que tudo integra.”
2 – Enriquecendo o assunto, demonstrando que tudo obedece a um plano previamente traçado e que se sujeita à lei da unidade no Universo, sabendo-se, todavia, que esse princípio de unidade de tudo no Universo, embora diga respeito a todas as coisas, não anula a verdade de que todos os seres orgânicos e inorgânicos são duais, acrescenta:
“Na vida cotidiana, não nos apercebemos dessa unidade de todas as coisas; em vez disso, dividimos o mundo em objetos e eventos isolados. Essa divisão é, por certo, útil e necessária, para enfrentarmos com sucesso nosso ambiente de todos os dias; contudo, essa divisão não é uma característica fundamental da realidade. Trata-se, na verdade, de uma abstração elaborada pelo nosso intelecto afeito á discriminação e à categorização. A crença de que nosso conceito abstrato de “coisas” e “eventos” isolados são realidades da natureza é uma ilusão. Os hindus e os budistas dizem-nos que essa ilusão tem por base a avidya, ou ignorância, produzida pela mente sob o fascínio de maya. O alvo principal das tradições místicas orientais reside, pois, no reajustamento da mente, centrando-a e aquietando-a através da meditação. O termo sânscrito correspondente à meditação – samadhi – significa, literalmente, “equilíbrio mental” e se refere ao estado equilibrado e sereno da mente no qual se faz a experiência da unidade básica do universo:
Entrando-se no samadhi de pureza, (obtém-se) o insight que tudo penetra e que nos torna conscientes da unidade absoluta do universo.”
Nota: De meu livro, inédito: “Deduções Filosóficas e Induções Científicas da Existência de Deus”.
(Weimar Muniz de Oliveira. [email protected])