Opinião

Mulher-maravilha

Diário da Manhã

Publicado em 3 de junho de 2017 às 02:42 | Atualizado há 8 anos

Mulher-Maravilha não é o primeiro filme de super-heroína já feito. Mas é o primeiro da personagem mulher mais icônica dos quadrinhos de super-heróis. Criada há 75 anos por William Moulton Marston e Harry G. Peter, o filme é um material importantíssimo para o atual momento da humanidade.

Dirigido por Patty Jenkins e escrito por Allan Heinberg à partir de uma história desenvolvida por ele, Zack Snyder e Jason Fuchs, o melhor de tudo é que Mulher-Maravilha acerta sublimemente ao transmitir a sua mensagem. Em nenhum momento o longa passa a sensação de ser uma obra panfletária com exaustivas mensagens de empoderamento feminino. Pelo contrário, a mensagem ressalta a capacidade da mulher em agir com independência, mas também, fala da importância de qualquer ser humano, seja este homem ou mulher, em trabalhar melhor quando se tem alguém com quem se identifica e lhe ajuda do lado. Não é uma via de mão única e divisória, como muitos grupos acreditam e defendem atualmente, mas é a valorização do todo, da igualdade de ambos, e da importância do amor, confiança e trabalho mútuo. Independente de sexo.

O filme é um excelente material por trazer uma heroína à altura de grandes heróis homens que já ganharam ótimos filmes para o cinema, como Batman, Superman, Homem de Ferro, Capitão América e outros. E tem em seus dois primeiros atos ótimas qualidades em uma estrutura de roteiro que recicla a história padrão de filmes de origem e jornada do herói. Mas não é uma reciclagem mal feita, e sim competente, bem humorada e envolvente graças principalmente ao carisma de Gal Gadot como Mulher-Maravilha e Chris Pine como Steve Trevor. A química do casal é o fogo necessário para conquistar o coração do público.

Grande parte das cenas de ação também são excelentes. Confesso que o excesso de câmera lenta em certas momentos me causou desconforto, mas o dinamismo da câmera e a gravidade dos movimentos e socos da heroína é um show deslumbrante e empolgante. Patty Jenkins cria cenas visualmente lindas, e memoráveis, como a sequência da Mulher-Maravilha indo de encontro aos alemães no front de batalha, ou quando ela invade uma cidadezinha ocupada por eles e resolve a situação em definitivo. Jenkins filma com maestria, beleza e sabe como colocar Gal Gadot em poses soberbamente inesquecíveis.

Mas se o roteiro acerta ao desenvolver seu discurso em prol das mulheres, e do convívio humano, e em delinear o surgimento da personagem, e seus poderes, por outro lado possui muitos problemas em relação, principalmente, ao ato final. Além dos vilões péssimos e horrivelmente desenvolvidos com motivações nulas e zero de tensão o terceiro ato deixa claro a forte influência de Zack Snyder no projeto. Desde a palheta de cores escuras até o uso excessivo de CGI tudo no grande clímax é uma salada de cenas excessivamente carregadas de efeitos digitais que não ajudam na criação de um visual crível e bonito. Como se não bastasse o “grande” vilão da história se revelar de maneira vergonhosa, a luta da heroína com uma criatura computadorizada durante o final é broxante. Será que não aprenderam nada com os erros de Batman VS. Superman neste aspecto?

No entanto, apesar do fraquíssimo terceiro ato e de algumas situações apressadas e pouco aprofundadas, Mulher-Maravilha possui qualidades que não são prejudicadas por tais problemas. É um filme importante para nosso momento, é divertido com sutileza e charme e Gal Gadot crava definitivamente o seu nome como A Mulher-Maravilha. Junto com Homem de Aço que gosto muito , Mulher-Maravilha é um filme que vale a pena assistir outras vezes. Apesar dos problemas, consegue obter um resultado muito superior a obras medíocres como Batman VS Superman e, o pior de todos, Esquadrão Suicida. É um conserto de rumo digno, e respeitoso, para o Universo DC no cinema. Agora é evoluir e aprender a fazer um terceiro ato melhor. Enfim, que venha “Liga da Justiça” e mais doses de Gal Gadot! Obrigado!

 

(Matthew Vilela, comentarista de cinema do DM e do blog “Blog do Matthew Vilela”)

 

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