Zanzibar
Diário da Manhã
Publicado em 2 de junho de 2017 às 03:17 | Atualizado há 8 anos
Meia hora de voo separa Dar El Salaam de Zanzibar. Ilha africana mítica do Oceano Índico. Pelas janelas do pequeno avião os cinco amigos observam as cores do mar antes de aterrissar em Kisauni. O mergulho promete, fora escolhida a pequena ilha de Pemba e como base a praia de Nungwi.
O caminho árido de Stone Town até a ponta da ilha mostra a população pobre e devota. Muçulmanos. Mulheres de véu. Mas o que mais impressiona é a Natureza e os baobás do caminho. Árvore imensa, secular, impressionante, raízes ao céu. Cláudio Oliveira, JB Alencastro, Leandro Montoro, Renato Barbosa e Sávio Barra estão extasiados.
O discreto hotelzinho Safina Bangalows é o suficiente. Areia nos pés, mar de uma transparência ímpar, rapidamente fazem um snorkeling de reconhecimento. Vendo-os de longe são ao mesmo tempo leopardo, leão, rinoceronte, elefante e búfalo. Cada um deles interpreta um animal por vez. Mas sempre serão os mais perigosos. Mais difíceis de caçar e abater. Intensos, teatrais, imensos e imersos em suas realizações e egos. Juntos, são uma festa.
Os olhos de JB quase explodem na máscara, parece um sapo, um rinoceronte sem visão. Mas o prazer de ver um coral tão perto e tão rico é impagável. Astuto Leandro, leopardicamente combina com o instrutor italiano o mergulho de amanhã. Apesar de não falar absolutamente nenhuma língua, é o que melhor se comunica. Obviamente se prenderem suas mãos, mudo fica.
Sávio, o mais jovem não vê a hora de chegar ao Atol de M’nemba. Um elefante para mergulhar, gasta oxigênio a valer, mas consegue carregar dois cilindros facilmente. Enquanto isso Renato, sociável e valoroso, é o leão que tudo anota, sabe e lidera. Por último, Cláudio, búfalo saído do nada, fora do contexto de jogador de pólo-aquático que todos estão inseridos há vinte anos, tem uma força interna inexplicável. Sempre tenta impor sua vontade, discutindo horas a fio detalhes e pertinências.
A manhã luminosa os coloca todos no barco. Leandro enjoa facilmente, aliás, todos; goianos que são. Está dopado de sono pelo efeito do Dramin B6, um elefante em loja de cristais. Derruba as máscaras, quase perde a nadadeira e o que mais o angustia. Não consegue conversar direito.
O trajeto é relativamente curto e ao chegar ao Turtle Reef os peixes listrados de amarelo vem comer nas mãos do Cláudio que arrisca numa patada de leopardo, pegar um deles. Todos se vestem rapidamente e o primeiro mergulho é sensacional. Momento de mistura balé – um polvo nadando livre – e terror, quando expele sua tinta em JB que sem temer nada e ninguém, se aproximou e tentou tocar o cefalópode, que quase grudou na sua máscara. Até os búfalos sofrem bullying.
Sávio passeia livremente e se depara com um peixe-leão em seu habitat natural. Leão com leão. Respeito mútuo. Renato é o primeiro a avistar a tartaruga voando pelas águas claras, mais de vinte metros de distância do grupo. Se não soubesse que o nariz está coberto eu diria que seu faro de rinoceronte localizou a tartaruga verde. São sucessivas surpresas e uma fauna riquíssima.
O barco sai para outro ponto, o famoso The Small Wall, onde o atol de M’nemba é visto por dentro. Lancham fartamente e o balanço não perturba mais ninguém. O guia confia em todos e a descida será mais profunda. Somente Sávio demora em equalizar, mas chega junto. Os econômicos JB e Cláudio fazem dupla e Renato e Leandro também.
E então, lá no fundo, um enorme tubarão galha preta dá um giro e passa em alta velocidade à frente de todos. É o coroamento do mergulho. O sol a pino lá em cima aumenta as cores embaixo. Falantes e cheios de energia nem se lembram de passar filtro solar ou algo semelhante.
À noite, no luar estonteante da praia de Nungwi, o vinho branco tenta refrescar as cinco lagostas assadas. Mas tudo bem. Estão juntos, estão alegres, estão fortes. O próximo destino é o Kilimanjaro, na Tanzânia. Onde cada vez mais os amigos se unem e mostram as variadas e selvagens características dos cinco grandes.
(JB Alencastro, médico)