Buon Appetito
Redação DM
Publicado em 1 de junho de 2017 às 03:02 | Atualizado há 5 meses
Esta edição do Festival Italiano de Nova Veneza começa nesta quinta e segue até dia 4 de junho. O evento oferece uma programação composta por gastronomia, música, dança, esporte, artesanato e até jogo de cartas típicos. De acordo com a organização do evento, mais de 100 mil visitantes são esperados na cidade, que possui com pouco mais 9 mil habitantes, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Hermione Stival, uma das organizadoras do evento, explica que a festa tem fortalecido a valorização da origem de seus habitantes: “O evento surgiu para valorizar nossos costumes e, através dela, as gerações mais novas estão resgatando suas origens. A cada ano, os moradores se envolvem mais na festa.”
A cidade situa-se a 29 quilômetros da capital e com pouco mais de nove mil habitantes, Nova Veneza abriga memórias que compõem a história da ocupação italiana do Brasil, o que inclui uma comunidade de imigrantes italianos em solo goiano.
Há duas rotas rápidas de acesso à cidade. Para quem saí de Goiânia, o caminho é pela GO-080, que dá acesso a Nerópolis em via duplicada. De Nerópolis, é preciso pegar a GO-222 para chegar à cidade. Outra opção é GO-462, na saída do Campus Samambaia da Universidade Federal de Goiás (UFG). Já quem sai de Anápolis, o ideal é chegar a Nova Veneza por Nerópolis.
Imigração Italiana
Esta colônia italiana foi formada no interior do estado em 1912, quando um grupo de imigrantes italianos se deslocou para essa região de Goiás em busca de terras agricultáveis e de baixo preço. Os motivos pelos quais eles deixaram seu país foi a busca por condições de sobrevivência, existia o fator econômico e o crescimento vegetativo da população na Europa do século XIX.
Após o fim da escravidão, os negros não foram agregados à economia, foram descartados e então, no século XIX, os italianos vieram para trabalhar nas lavouras de café. Em Goiás, a 29 quilômetros da capital, a cidade de Nova Veneza nasceu da ocupação italiana e, para enaltecer seus costumes, surgiu o Festival Italiano na cidade.
Cerca de 60% dos moradores do município são de descendência italiana e, desde março, a movimentação em torno dos preparativos para a festa já iniciou. Nas escolas, os ensaios para as apresentações culturais estão acontecendo. As cozinheiras da cidade também já preparam suas receitas, ingredientes e pratos.
O sabor italiano que gira a economia
Além do resgate cultural, o evento vem adquirindo relevância também para a economia da cidade. São cerca de 1.500 postos de trabalho gerados, além do movimento em toda a cadeia produtiva da região – onde predomina a agricultura familiar: de produtores de milho, tomate, hortaliças, gado, frango etc a profissionais de setor de gastronomia, eventos, artistas, entre outros, todos se envolvem com o festival.
Para se ter uma ideia, só na Cantina da Nona, o restaurante oficial do evento, adquiriu 2.000 quilos de frango,15 vacas e quase 4 toneladas de massa para preparar os pratos. Serão necessários quase 50 cozinheiros e auxiliares no preparo.
É por isso que a meta da administração pública de Nova Veneza é torná-lo um indutor ainda mais intenso de mudanças positivas para a cidade, com mais geração de empregos e renda para os moradores. Em visita ao embaixador da Itália no Brasil, na semana passada, a prefeita e o vice-prefeito, Patrícia Amaral e Alessandro Stival, obtiveram uma sinalização positiva para se firmar uma co-irmandade da cidade goiana com a Veneza italiana para viabilizar intercâmbios que possibilitem aos venezianos brasileiros o aprimoramento da gastronomia, da dança, da língua e de outros costumes.
Muita massa
Os pratos custarão entre R$ 10 e R$ 30. A Cantina da Nona, juntamente a mais 40 estandes gastronômicos, prepara um diversificado cardápio de pratos italianos para os visitantes. Massas, risotos, inhoques, lasanhas pizzas, polenta, carnes estarão sendo servidos aos visitantes no evento.
Uma das novidades do ano são as lasanhas que a Cantina da Nova servirá com cinco diferentes molhos: os originais italianos bolonhesa, ao sugo e o de frango. Os outros dois molhos refletem a união de culturas brasileira e italiana: o Crema de Zuca – uma mistura interessante de abóbora cabotiá, vinho branco, bacon, queijo e creme de leite; e o outro molho destaque do evento, feito de pequi, açafrão e frango, denominado Goiás É Bom Demais, desenvolvido especialmente para o evento.
As tradicionais polentas fritas são o petisco carro-chefe do evento, que também serão servidas pela Cantina da Nona. “É o tempo de fritar e servir. Todos os anos, aumentamos a quantidade e sempre é pouco”, diz a chefe da cozinha. Entre os italianos, a polenta é um coringa da alimentação e está presente, em diferentes versões, no café da manhã, almoço, lanche e jantar.
Programação cultural
Além da gastronomia, o evento trará programação inspirada na cultura italiana. Serão apresentações musicais, danças típicas, um baile de máscaras, campeonato de bocha e muito mais.
O Festival Italiano de Nova Veneza “elegeu” uma rainha e duas princesas para a 13ª edição do evento, marcada para os dias 1º a 4 de junho. Elas atuarão como anfitriãs do evento, emprestando todo seu carisma para receber os visitantes. Ana Kássia Tomáz Pivetta personificará a rainha e as princesas serão Mara Rúbia Pereira e Maria Luiza Rodrigues Ribeiro. Moradoras da cidade, trazem consigo o espírito acolhedor do povo veneziano.
A abertura do evento será com uma missa solene rezada em língua portuguesa e italiana. Uma lembrança agradável para a geração mais velha da cidade: muitos aprenderam em casa a fazer as orações do Pai Nosso e Ave Maria na língua dos pais e avós.
Entre as novidades, haverá a participação de Patrick Dimon, compositor e cantor de nacionalidade grega e radicado no Brasil com disco de ouro e platina em sua discografia, que inclui canções de vários idiomas, entre elas as italianas. A orquestra sinfônica do Instituto Gustav Ritter fará apresentação no evento pela primeira vez. Sob a regência do maestro Ricardo Rosembergue, a Orquestra Sinfônica Instituto Gustav Ritter é composta por 28 componentes, entre alunos e professores, na faixa etária de 13 a 60 anos. Durante a apresentação, a aluna de canto do Instituto e moradora de Nova Veneza, Amanda Bosco, de 10 anos, fará participação especial com solo de músicas italianas acompanhada da orquestra.
O Grupo Folclórico Ítalo- Brasileiro virá de Santa Catarina para se apresentar em todos os dias do festival. São aproximadamente 20 dançarinos, entre crianças, adolescentes e idosos, foi criado em 1991, na cidade de Nova Veneza, Santa Catarina, com o intuito de resgatar origens italianas e manter vivo o patrimônio histórico cultural da cidade.
O grupo já foi premiado em vários festivas, como o de Joinville (SC). Uma de suas apresentações acontecerá no Baile de Máscaras, uma reprodução ao tradicional carnaval de Veneza, aberto à participação gratuita para o público.
Os Tenores do Brasil, dueto formado pelos tenores Ricardo Regis & Marcello Zanluchi, naturais de Avaré-SP, serão outra atração do evento. Eles ficaram conhecidos no programa Raul Gil e se apresentam pela segunda vez no festival e estão preparando um vasto reportório de músicas italianas.
Vários cantores da cidade também farão apresentações especiais de canções italianas. Entre elas, a Banda Raízes de Veneza, com 25 anos de história. O grupo irá tocar no Baile de Máscaras, com um repertório de marchinhas brasileiras traduzidas para o italiano, bem como canções mais românticas italianas. O evento trará ainda apresentações de dança e coral dos alunos da Escola Municipal Tereza Zanini Peixoto e do Centro Municipal de Educação Infantil e Extensão.
13º Festival Italiano de Nova Veneza
Data: 1º a 4 de junho
Local: Praça João Stival de Nova Veneza – Goiás
Entrada gratuita