Nova greve geral para junho
Diário da Manhã
Publicado em 31 de maio de 2017 às 02:54 | Atualizado há 8 anos
Terminou na noite de segunda-feira, já bem depois das 23 horas, a reunião da cúpula do sindicalismo brasileiro. Ficou decidido que uma nova greve geral será convocada no final deste mês. A CUT e as demais centrais sindicais decidiram paralisar o País contra as reformas e o governo Temer, em data a ser definida. Como referência, foi indicado o período de 26 e 30 do mês que vem.
Houve quem defendesse paralisação de 48 horas. Mas a maioria prefere realizar o movimento somente em um dia. A decisão final deve sair na próxima segunda-feira, quando os dirigentes voltarão a se reunir, em São Paulo, informou a CUT em comunicado à imprensa. Eles prometem um movimento mais amplo do que o registrado em 28 de abril.
Na tarde de ontem, representantes de nove centrais se reuniram em São Paulo para avaliar a marcha a Brasília na semana passada e definir as próximas ações contra as reformas. Para o presidente da UGT, Ricardo Patah, foi “o movimento mais forte e solidário da última década”, mesmo com “ações de infiltrados durante o ato na capital federal”, destacou. “Não podemos perder esse foco”, afirmou, ainda antes do final da reunião, referindo-se à tramitação das reformas da Previdência, na Câmara, e trabalhista, no Senado.
“Para nós, tudo começa e termina nas reformas, que têm rejeição de 90% da população”, reforçou o diretor executivo da CUT Julio Turra. Além da manutenção da palavra de ordem “Fora Temer”, a preocupação é impedir a tramitação das propostas no Congresso, mesmo com uma possível renúncia do presidente da república, que poderia ser substituído em uma eleição indireta. “Aos olhos do mercado, Temer perdeu credibilidade”, avalia Turra. “Por isso, as centrais, ainda que não de forma unânime, defendem eleições diretas”. A data exata da greve deve acompanhar o calendário das reformas no Congresso. “O consenso é que será maior que a de 28 de abril”, disse o dirigente cutista.
Para o presidente da CSB, Antonio Neto, o ato de Brasília mostrou que as centrais estão articuladas e unidas. “Foi uma das maiores manifestações que Brasília já viu”, afirmou. Segundo ele, este é o momento de mostrar quem tem “compromisso com a história do Brasil”.
O secretário-geral da CTB, Wagner Gomes, disse que os sindicalistas repudiam “a atitude da polícia e de pessoas infiltradas naquele movimento de Brasília, que originou aquela praça de guerra”. Segundo ele, as centrais estudam redsponsabilizar a Polícia Militar do Distrito Federal pelo tumulto.
Além da nova greve, os sindicalistas mantêm as manifestações nas bases eleitorais de deputados e senadores. O projeto da reforma trabalhista (PLC 38) foi o primeiro item da pauta da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado ontem, a partir das 10h. Na semana passada, a sessão terminou com briga entre parlamentares. O presidente do colegiado, Tasso Jereissati (PSDB-CE), deu como lido o relatório de Ricardo Ferraço (PSDB-ES) e concedeu vista coletiva, o que permite a votação do projeto. A oposição contesta. Duas senadoras, Gleisi Hoffman (PT-PR) e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), apresentaram questões de ordem contra a tramitação.
Ontem à tarde oposição e governistas chegaram a um acordo regimental sobre a votação do projeto de reforma trabalhista, na Comissão de Assuntos Econômicos – CAE. O presidente do colegiado, Tasso Jereissati (PSDB-CE), o líder do governo Romero Jucá (PMDB-RR), o relator do projeto, Ricardo Ferraço (PSDB-ES), e o senador Paulo Paim (PT-RS) costuraram o entendimento, que prevê a discussão da proposta nesta terça e a votação na próxima reunião que deve ocorrer no dia 6.
“Seria um pacto para que a gente possa efetivamente fazer o que é mais importante dessa matéria, que é a discussão do mérito e não ter batalha regimental, mas uma discussão profunda de mérito, colocando diferentes visões. O relatório do senador Ferraço registra posições importantes e identifica algumas necessidades de vetos”, disse Jucá ao portal do Senado Federal.
Mesmo com acordo, senadores da oposição questionaram o andamento do projeto, o que levou a uma batalha regimental. Eles se queixaram da falta de resposta a questões de ordem apresentadas na semana passada. Tasso Jereissati frisou que a ausência de uma decisão final sobre os questionamentos não paralisa a tramitação do projeto.
A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) voltou a cobrar o envio do projeto para a Mesa do Senado a fim de que seja analisada a anexação a ele de outras propostas que tratam de mudanças na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). O pedido foi rejeitado pela CAE, mas ela informou que vai recorrer da decisão ao Plenário.
Críticas ao fato de o relatório ter sido dado como lido na reunião do dia 23 também foram reforçadas ontem. Senadores da oposição pediram que Ferraço lesse o documento. Lindbergh Farias (PT-RJ) afirmou que a leitura seria uma forma de demonstrar respeito à comissão. Paim disse que não havia nenhuma malandragem no pedido e fez um apelo para que Ferraço fizesse uma leitura dinâmica do parecer. Tasso sugeriu que o relator comentasse o texto, mas enfatizou que o documento foi dado como lido na semana passada e o gesto seria uma gentileza de Ferraço. Ele reiterou que nem todos ouviram a determinação da presidência na última reunião porque o microfone havia sido arrancado.
Antes de ler trechos do documento e comentar suas posições em relação à reforma, Ferraço comunicou a rejeição de cerca de 30 emendas apresentadas ao projeto desde a reunião da semana passada. Ao todo, o texto recebeu 223 sugestões de mudanças. Segundo ele, a maior parte das últimas trata de temas de outras emendas rejeitadas em seu parecer. Ao comentar cada uma delas, ele classificou as propostas de alterações como desnecessárias, redundantes ou indevidas para os fins que pretende a reforma.