Opinião

Nada lhe pertence

Diário da Manhã

Publicado em 30 de maio de 2017 às 02:18 | Atualizado há 8 anos

Desde o seu, o meu, o nosso nascimento, possuímos a arrogância sob o título da propriedade definitiva do “ter”.  Nos primeiros gritos de vida agarramos nas tetas do leite fácil materno com a finalidade simples de dar condições ao corpo, o habitat intelectual e espiritual da vida.  Temos, penso eu, a primeira ação instintiva de um animal racional com prazo estabelecido para a nossa nutrição.  Não estou sendo rude com as palavras, mas, quero apenas espelhar desta fase inicial de um ser, a sua forma encontrada para a sobrevivência plena e passageira de uma vida terrena e, que certamente os conceitos do livro “O Consolador” de Chico Xavier deixou conceitualmente no seguinte trecho: A nutrição de um menino deve conter a substância mantenedora da vida, mas não pode ser análoga à nutrição do adulto. A despreocupação nesse assunto poderia levar a criança ao aniquilamento, embora as substâncias ministradas estivessem repletas de elementos vitais.

Vedes, o quanto eu e você desejamos, muito mais do que o necessário precisamos para a nossa existência.  Essência estabelecida nas condições proferidas por Deus, mas, pela gula do ter, buscamos aumentar o nosso excedente durante a essa danada de vida efêmera.  Com certeza, apoderamos aos objetos inanimados e animados, somente com o espírito voltado para a individualidade e o egoísmo de bens, todos, emprestados.  Dentro desta arrogância, não poderia deixar de lembrar ao meu caro leitor que os seus e os meus desejos, ás vezes fúteis, não representam a verdadeira razão da vida sob a tutela de uma competição sem sentido. A compreensão é outra, inverta os valores, naquelas que são emanadas e contidas numa relação que passo a listar para sua, para minha reflexão:

– O corpo biológico.  Vem do pó ao pó voltará;

– O espírito. Inteligência;

– Alimentos orgânicos. Manutenção e nutrição;

– Roupas. Vestimentas;

– Transportes. Deslocamento espacial;

– Água. Composição orgânica;

– Sol. Energia vivificante;

– Ar. Oxigena a vida;

– Terra. Massa sólida;

– Dia. Fruto do Sol;

– Noite. Ausência do Sol, repouso;

– Trabalho. Força produtiva;

– Dinheiro. Resultado;

– Poder. Conquista;

– Excedente. Cobiça, nada lhe pertence.

Finalmente viajaste comigo caro leitor nas reflexões acima descritas, certo de que, alguma coisa certamente estava guardada na sua memória e outras foram acrescentadas. Com isto quem sabe, aquele bichinho guloso que da indigestão ao ingeri-lo sem o devido cuidado para sua saúde não mais estará condicionada e espelhada na seguinte frase de Bem Sirac 10,11 Autor – Textos Judaicos. “Não há quem seja mais desprezível do que aquele que cobiça, pois até a sua alma vende.” Muita Paz!

 

(Antonio Alencar Filho, administrador de empresas, formado pela Universidade Católica de Goiás (atual PUC); analista de gestão; conselheiro da Associação Goiana de Imprensa – AGI; presidente da Associação de Resgate e Cidadania do Estado de Goiás; articulista do DM, escreve especialmente para essa terça-feira)


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