Cultura

Sobre peixes,elefantes e fantasia

Redação DM

Publicado em 24 de maio de 2017 às 02:57 | Atualizado há 5 meses

A banda Peixefante estreia em Goiânia o show “Peixefantasia”, tocando pela primeira vez os dois trabalhos já lançados pela banda, Lorde Pacal, lançado de forma independente em 2015, e o seu novo trabalho, intitulado Peixefante, da Dull Dog Records.

A apresentação acontece no dia 26 de maio (sexta-feira), às 20 horas, no Teatro Sesc Centro. Para quem já escutou álbum novo, esta é a oportunidade de conferir a estreia oficial ao vivo, e para os que acompanham o grupo desde o EP Lorde Pacal, a primeira chance de ouvir este último tocado na íntegra.

A galera do Peixefante são amigos e vizinhos desde moleques. Arthur Ornelas (teclados, guitarras e vocais), Lipito Melo (teclados, violão e vocais) e Walter Navarrete (guitarras) já haviam se encontrado em várias bandas. Após términos, viagens, composições engavetadas e uma vontade de criar algo novo, os amigos efetivamente se tornam um trio e, reforçados por Luique (baixo e voz) e Enzo Sprung (bateria e vozes), formam desde o fim de 2014 e o início de 2015 a Peixefante.

Os integrantes revelam como nasce um Peixefante: “O próprio nome da banda nasce da necessidade de transformar algo em novo. O peixe-elefante é a fusão de animais em analogia a uma mutação que seria impossível. E para explicar essa espécie de teoria, os integrantes tentam expor a gêneses dos questionamentos sobre o movimento da vida usando livros, filmes e até civilizações antigas, suas teorias e profecias, dentro do processo de composição das canções”.

A proposta musical se prende exatamente como foi fundada a psicodelia há 50 anos atrás: usar da tecnologia disposta atualmente para criar melodias que consigam trazer uma viagem sensorial para o ouvinte, numa referência ao início do Pink Floyd, a fase Sgt. Peppers dos Beatles e os primeiros trabalhos dos Mutantes, principais influências da banda junto com o clima nordestino de Alceu Valença e Zé Ramalho e o erudito de Tchaikovsky e Schubert. Ao mesmo tempo, a banda se coloca em uma eterna transformação, como mostra a transição do EP de estreia da banda, Lorde Pacal e primeiro disco de sua carreira.

Lipito Melo relata que o som da banda se inspira na psicodelia que corre através dos tempos: “Eu acho que a fonte psicodélica é a mesma pra grande maioria, que é quando surgiu todo esse movimento lá na época do woodstock, final dos anos 60 com várias bandas que começaram com esse processo, os próprios Beatles, Pink Floyd, Yes, Jefferson Airplane. Todas essas bandas de 60 e 70 a gente tem muita referência em cima delas. Mas não quer dizer também que as novas referências psicodélicas como Tame Impala, entre outras, não influenciam nosso som”.

Alinhados com o momento do cenário musical mundial e o estouro do psicodelismo nacional, o Peixefante busca na transformação uma forma de criar sua própria forma de instigar a si e ao ouvinte sem soar retrô ou futurista, sem parecer datado ou apenas referencial. Criando sua própria forma de expressar poemas, pensamentos, questionamentos em melodias palatáveis. Uma forma Peixefante de fazer música

A respeito das influências Lipito conta que a diversidade musical dos integrantes é justaposta na formação do som: “O pessoal da banda tem gostos similares e ao mesmo tempo totalmente distintos. Por exemplo o Artur que é um cara que sempre foi apaixonado por música nordestina, como Alceu, Geraldo, então certos arranjos, certas partes da música foram extraídos daí, a parte dele no caso. Eu particularmente não escuto muita música nordestina, eu sou mais da música eletrônica, o nosso som sai dessa mistura toda.”

Nossa expectativa é que seja um show bem legal, bem interessante, que passe por várias texturas. Vamos tocar nossos dois trabalhos completos, assim na íntegra, então será um show dividido em dois momentos. Estamos ansiosos pra caramba, será nossa primeira apresentação longa, de mais de uma hora e a gente espera conseguir passar ao vivo a energia dos discos.

Duas cenas de um mesmo grupo 

Lorde Pacal vem amarrado num conceito que nasce entre o filme Interestelar e um livro sobre faraós do Egito. O registro foi a estreia da banda e flertou bastante com o experimentalismo eletrônico. Ajudou também a apresentar o grupo ao público e a mídia brasileira, alcançando elogios no O Globo, na Rolling Stone e no site Tenho Mais Discos Que Amigos, além de apresentações importantes, como no festival Vaca Amarela, em Goiânia, cidade natal do grupo, ou na Fundição Progresso, imponente casa de show na Lapa, Rio de Janeiro.

Já o homônimo novo disco (2017, Dull Dog Records) foca-se na homogeneidade enquanto abre um leque de variações rítmicas incentivadas pelo formato ‘banda ao vivo’ de gravação que a banda escolheu fazer. São nove faixas que funcionam como uma espécie de livro de crônicas, onde cada conto expõe um mundo de diferentes ideias fantasiosas. As letras falam sobre a realidade ser apenas um reflexo da mente e que qualquer resposta que procuramos, no fim, sempre vai estar dentro de nós mesmos.

Lipito fala sobre a construção que consolidou o Peixefante como um grupo que representa as necessidades musicais de seus integrantes: “Nesse novo disco, como a banda teve esses dois anos tocando junto, acabou que as músicas ficaram mais com a cara da gente. Cada um com seus arranjos, ficou uma conexão maior como grupo. No primeiro trabalho as músicas existiam antes da própria banda, meio que o grupo se adaptou pra tocar aquelas músicas. Esse trabalho novo é diferente, a gente se reuniu e foi construindo esse novo disco. Ritmos, muitas coisas assim que parecem completamente diferentes do primeiro trabalho, foram características novas que os integrantes foram colocando.”

 

Data: 26 de maio (sexta-feira)

Horário: 20 às 22 hrs

Local: Teatro Sesc Centro (rua 15)

Ingressos: R$ 10 (meia) / R$ 20 (inteira)

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