Opinião

É do garimpeiro cristalinense nossa garra por vencer!

Redação DM

Publicado em 16 de maio de 2017 às 02:42 | Atualizado há 8 anos

Que Cristalina, cidade cravada no coração do Brasil, é uma cidade formada por um povo lutador e que sabe abraçar com carinho aqueles que nela procuram o colo de terra-mãe, todos nós sabemos. Mas talvez, por alguns momentos, desconhecemos de onde vem toda esta hospitalidade, toda esta garra de vencer. Pois bem, antes de tudo, faz-se necessário desbravar as origens da bela e promissora Serra dos Cristais.

Nascida nos tempos do ouro, em que os desbravadores franceses Etiene Lepesqueur e Leon Laboissiere por aqui se aportaram, tudo começou em busca de “recursos.” O que nos torna possível, imaginar a cena que se integrava ao desembarcarem em terras cristalinas, justamente no local que hoje conhecemos pelo bairro que se denominou –  Recurso.

E é deste movimento de Entradas, ou seria Bandeiras ?!  Que nasceu o  vilarejo denominado São Sebastião dos Cristais. Terra acolhedora, e que de seus tempos remotos, concebia aos seus moradores a neblina, o frio às vezes beirando zero grau e as casinhas e palhoças dos garimpeiros que por aqui buscavam a sorte. Desbravada em busca do ouro, São Sebastião foi modesta, fornecendo a beleza dos cristais.

Bem certo que, no auge de sua ascensão, a já intitulada Serra dos Cristais viu a riqueza se comparar mais tarde à  de Serra pelada. Dos mais experientes garimpeiros e gués, as histórias dos prostíbulos de luxo, onde o dinheiro jorrava sobre as camas pomposas das damas de vestido longo.

Das narrativas de influência da Serra dos Cristais, a exportação de pedras para a produção de material bélico, durante  a 2ª Guerra Mundial.  Histórias estas, contadas por Zé Preto, Michel Cosac, Manelzinho  Faisqueiro, Joaquim e Zé Abrão, Seu Manin, Rui Côrtes e muitos outros que contribuíram para a construção desta cidade.

Você já parou para pensar que a saída da cidade era justamente onde hoje se encontra o cemitério de Cristalina ?  E que todos os moradores da época se abrigavam na bela e tradicional Cristalina Velha. E que ao soar do sino na igreja São Sebastião, já bastava para avisar do falecimento de um ente querido !?

Pois é, do lado de cá ou de lá, concentravam-se os garimpos. Vamos a alguns deles – Canjica, Imbira, Jatobá, Serra Velha, Urubu, Três Ranchos, Areião. Sem contar que para se instalar o então 43º Batalhão de Infantaria, atual 3ª Brigada, foi preciso terraplanar. Pois ali era só garimpo. E não é que a busca pelo cristal  chegava até o cemitério velho – (Henrique Côrtes) !!?

Assim, de histórias em histórias, de causos e contos, nossa gente cresceu. Iluminando com lamparinas, descascando miçangas, cobrindo-se do sol nas sombras das quaresmeiras e pequizeiros. Comendo bacupari ou araçá, levando matula de jacuba,  buscando sempre na garra deste ser humano forte e guerreiro a construção de uma Cristalina melhor. Garimpeiro, real construtor desta terra.  16 de maio, Parabéns pelo seu dia !

 

(Geovane José Leandro, professor, jornalista e garimpeiro)


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