Opinião

A Polícia Federal, a telepatia e o carimbo nas carnes fracas

Diário da Manhã

Publicado em 14 de maio de 2017 às 02:17 | Atualizado há 8 anos

Eu fiz o possível, durante dias, empenho a minha palavra de honra, para sintetizar. O misericordioso leitor haverá, espero, anseio, almejo, perdoar os meus circunlóquios.

Os políticos corruptos, aqueles que, “ainda”, não foram presos, não conseguem dormir direito, muitos deles, coitadinhos, são “acometidos” por crises de pânico e, mesmo entupidos com drogas para dormir, quando vai chegando 6 horas da manhã, os seus relógios biológicos acionam as suas consciências que, imediatamente, passam a “produzirem” sonhos, ou, melhor, pesadelos, coisas do “Id”, arquétipos, recalques, fantasias, fantasmas, vestidos com roupas e bonés pretos, estampando um “P” e um “F” dourados, armas, fleches, sirenes e  silhuetas de linchadores, guerreiros medievais, gritos, entremeados por silêncios sepulcrais, rangidos de dentes e pesadíssimas portas, credo, alguns, temendo e tremendo, feito varas verdes em ventania de verão, abraçam, ou melhor, quase quebram as costelas das suas excelentíssimas e perfumadíssimas esposas – ou amantes – mas, segundos depois, acabam por acordar, ofegantes e suados, alguns até “molhados”, outros, mais medrosos, daquele jeito que dispensa descrições, todos, lógico, isso não se posterga, correm para o banheiro – banheiro não!  Que falta de lisura, afinal, isto aqui não é só escrita é, também, leitura, não é mesmo misericordioso leitor? Corrija-se escrevinhador! Minhas desculpas, senhores corruptos, por referir-me aos vossos toaletes com o popular termo banheiro, mas, por favor, peço-lhes, encarecidamente: ao acionarem as descargas, por favor, vejam, assistam os vossos dejetos, sem receio de serem sugados por forças malignas, esqueçam os pesadelos, concentrem-se nos dejetos, outrora abrigados em vossas excelentíssimas vísceras, abrigados em vossos interiores, centrifugando numa água potável que, provavelmente, salvaria a vida de duas, ou, até mais pessoas e, depois, ao se limparem, higienizarem, reflitam, também, sobre o que realmente “são” e, se, estão “sãos”, biológica, física, espiritual e mentalmente e, mais, o quanto são responsáveis, sobretudo, pelo que está ocorrendo com a água potável, então, voltando, os taizinhos, temerosos, enlouquecidos pelo medo da cana braba – e, lá não, lá é pouco, é “dó” – tadinhos – “ré” – sem comentários – “mi”, “fá” e “sol” – a estrela, o Sol, que “dó”, só duas horas por dia e, é “lá” que o sujeito cai em “si” e, então, lá”, ao contrário do que muita gente pensa, os presos, não têm telefones celulares, tv, rádio, Internet, o caboco fica isolado do mundo, pode até ler e manuscrever, entretanto, nenhum contato com o mundo exterior, mas, por mais absurdo, paradoxal, antagônico que possa parecer, os seus coleguinhas, os soltos, aqueles que, “ainda”, não foram presos, com as suas caras de pau, lustradas com óleos de peroba refinadíssimos, refeitos dos pesadelos, depois dos sinais da cruz e aleluias – como se Deus estivesse protegendo-os, apoiando as suas vadiagens, apoiando os seus anjos da guarda encapetados, seus encostos, sei lá, e nem quero saber, aliás, por falar no profano e no sagrado, por tudo que me é sagrado, eu não consigo odiar esses caras, odeio as suas ideologias arcaicas, medievais, enfim, acho que os caras de pau são doentes mentais ou, como afirmam alguns teólogos e religiosos estejam, mesmo, sendo guiados por espíritos malignos, sei lá, agem como se nada fosse lhes acontecer, nem aqui e nem no quinto, ou melhor, no décimo quinto dos infernos, quer dizer, prosseguem  acreditando que o “papai-noel” será eleito rei do brasil para salvá-los e, voltando, para a “nossa realidade”, para o nosso “presente” – que já virou  “passado”, pois, conforme andei especulando, em alguns artigos, por aqui, neste matutino vanguardista, o “presente” não existe, quer dizer, ele existe, é um “presente” de Deus  – então, voltando, os nossos irmãos safados, corruptos, após uma reconfortante ducha e um dejejum, com queijos, iogurtes, geleias, pães, cereais, tudo importado e, lógico, servidos em bandejas de prata por escravos – desculpem-me – funcionários, impecavelmente vestidos, com indumentárias que distinguem suas categorias, lógico e, bem, vamos avançar, dali, das suas mansões, em condomínios cercados por enormes muros, vigiados dia e noite por batalhões de seguranças, cães, drones, satélites, enfim, dalí, vão para o trabalho, afinal, eles têm que aparentar honestidade e, voltando, vão para o trabalho – se é, que podemos chamar aquilo, que fazem, de trabalho – aliás, as suas excelentíssimas esposas, e até as descaradas das excelentíssimas amantes, gostavam de ficar propagando que os seus maridos, ou amantes, são nobres heróis, homens públicos abençoados, hoje, nos institutos de beleza, academias, shoppings, aconselhadas pelos advogados, não abrem o bico nem para fofocar – mas, para elas e os seus maridos, isso é o de menos, tudo vale a pena quando não se precisa, entre outras milhares de “coisas dos pobres”, esperar em pontos de ônibus, nem em terminais fétidos, lotados de trombadinhas, os ônibus, também, lotados e fétidos, pois, seus carros blindados, lógico, com ar condicionado  estarão sempre, eternamente ali, até no paraiso, à porta, com motorista e tudo, sem falar, no caso dos bambambãs, com os jatinhos e helicópteros e, enfim, quando chegam no local de trabalho, no serviço, quer dizer, nos palácios, uma conversinha no pé da orelha aqui, outra reuniãozinha repleta de salamaleques e conchavos, acolá, alianças, cafezinhos e, já chegou, quase, a hora do almoço, aí rola uns uísques, para esquecer os pesadelos matinais e aquecer o apetite para o almoço, ou melhor, banquete, afinal, ninguém é de ferro, não é mesmo, misericordioso leitor?, então, assim caminha a humanidade por aqui, por estas bandas, é muita ousadia, cara de pau, pouca vergonha, precisam, mesmo, de cana brabona e, achando que somos tão imbecis como eles, querem que acreditemos que o Marcelinho, o sócio “propriotário” da multinacional “Ondiéabrecha”, um caboco espertíssimo, membro da seletíssima casta empresarial  mundial, cujo cérebro,  ocupava-se – ou ocupa-se, sei lá, do jeito que esses caras são espertos, garanto, não ficaria surpreso, se constatassem que eles estão  comunicando-se  telepaticamente – então, o tal cérebro, ocupava-se processando,  solucionando,  provavelmente, diuturna e cotidianamente, complexas equações envolvendo bilhões, trilhões e, segundo ele mesmo jurou,  para tanto,  comandava um exército, ou melhor, uma legião de “humanos” comprados,   escravizados, entre eles: empresários, secretários, assessores, vereadores, prefeitos, deputados, estaduais e federais, senadores, ministros e, até presidentes e presidenta, vichi-Maria, credo-em-cruz, o tal de Marcelinho era o rei do brasil? e, os seus asseclas caras de pau, aqueles que, “ainda”, não foram presos, querem que acreditemos que o tal de Marcelinho  seria um iniciante no mundo do crime e, que, pior, estaria mentindo para a Polícia Federal?

Agora, se a “Lava-Jato” colocou os bambambãs, superpoderosos, intocáveis, em cana, como “será que será” essa, que será a maior de todas as operações da Polícia Federal, afinal, a  “Operação Carne Fraca”, no mesmo instante que foi deflagrada, como previram os seus articuladores, desde 2013, quando a operação foi “arquitetada”, abalou o mercado mundial, as bolsas de valores e mercadorias, enfim, a operação é ousada, audaciosa e, tornar-se-á, indubitavelmente, a maior de todas, até agora e, os números e os “inúmeros”, envolvidos, são astronômicos, entre eles, eis alguns: vinte por cento do nosso território é ocupado por pasto, daí as devastações, inclusive na selva amazônica, dos índios – os “verdadeiros” donos das terras – da fauna e flora. Os especialistas pregam que precisamos exterminar com as deformações, as  imperfeições da agropecuária, urgentemente, especialmente a fiscalização, como comentei outrora, não consigo me conformar, pois, aonde já se viu carimbar carne, carimbo não é coisa do século retrasado?

A nossa população é de mais de 210.000.000 de homens, mulheres e crianças. A população dos pastos é de 450.000.000 de bois, vacas e bezerros, mais de dois quadrupedes para cada bípede, ou melhor, cada brasileiro. Somos os maiores exportadores de carne do planeta, então, é fácil conceber uma população de mais de 2.000.000.000 – dois bilhões – de cabeças de gado, caprinos, suínos, equinos, galináceos, sendo engordados, agora, para o abate – muitos leitores e amigos, inclusive a Sophia Penellopy, a minha caçulinha de 9 anos, preferem: “engordados para serem assassinados”, mas, enfim, a matança rola à solta, o sangue está sendo, abundantemente, derramado, assim como o sangue dos inocentes, das crianças, dos trabalhadores, dos idosos, todos  assassinados, aos milhares, então, não adianta nada esse progresso, esse negócio de transubstanciar o produto mais caro do mundo, a água – afinal, um litro de água custa, em inúmeros países, mais caro do que um litro de petróleo ou, derivados, como a gasolina –  então, repetindo, não adianta nada transubstanciar a água em carne, grãos, frutas, hortaliças, seja lá o que for, se milhões de brasileiros estão desempregados e, muitos outros milhões, estão passando fome. Temos que resolver essa distorção ignóbil, absurda, inconcebível, estamos exportando água em forma de carne e grãos, esta é a verdade, crua e nua, quer dizer, não levamos a água à sério nas questões fundamentais e não comentamos, nem na imprensa falada, nem na escrita, aliás, tem muita gente que nem imagina que a água é o principal insumo para a produção da tal da proteína animal, além disso, cochicham, nas esquinas e alcovas, que  uma tese de doutorado comprovou, o que todo mundo já sabia, a saber: que mais de cinquenta por cento dos 513 deputados são proprietários de terras e, inúmeros, criam gado e, que fique bem registrado, eu não estou, em hipótese alguma, insinuando que aquela Casa seja uma casa ruralista, eu estou, na verdade,  afirmando, afinal, eu sei, e como sei – porque comecei a trabalhar em jornal aos 14 aninhos, desde a época do chumbo derretido nas gigantescas linotipos – que não tenho nada com isso, cada um faz e investe o seu dinheiro como quiser, mas, não tenho jeito, fico reparando nas coisas do mundo e, se tem mais de dois bois, ou vacas, pra cada brasileiro, sem falar nos frangos, cavalos, cabritos, “porcos” que são exportados aos bilhões, então algo está errado, aliás, muitíssimo errado, a concentração de renda “tá prá lá” de descarada e é exatamente isso que me deixa horrorizado, ou melhor, enojado e envergonhado, “afinal” – e o “afinal” faz-me lembrar que, afinal, há um final para tudo –   “então”, estou de cabelos e barbas brancas.

O trabalho escravo, a má utilização, o desperdício da terra e, sobretudo, da água, são problemas de fácil solução. Nós deveríamos ditar o preço da proteína animal no mercado internacional, afinal, somente meia dúzia de países são autossuficientes em água e, o Brasil, é o único que tem a água e o clima adequados, ou melhor, adequadíssimos, para criação, entretanto outros países, entre eles a China e o Canadá, são autossuficientes em água, só que, possuem o líquido na forma congelada.

Impressionei-me, quando soube, que são 70.000 – setenta mil! –  fornecedores de carne no Brasil. “Legalizados”. Eu não “falei”que os números eram astronômicos? Nesse universo, envolvendo bilhões e bilhões de toneladas de carnes, anualmente, em todos os continentes, dos menores aos maiores portos e aeroportos, existem, certamente, centenas, talvez, milhares de animais racionais, os tais de humanos corruptos, mamando nas tetas da gorda vaca da fazenda do governo, promovendo, fazendo acontecer agora, neste exato momento, a morte de brasileiros e brasileiras, em decorrência de terem perdido acesso ao mínimo, ou seja, educação, saúde, esgoto, luz, água e muitos eteceteras. Essa gente não tem vergonha na cara, será que não pensam que mais de 55.000 pessoas morrem assassinadas, anualmente, no país? Que milhares de crianças são escravizadas, de todas as idades e maneiras, inclusive sexualmente, no Brasil ? Que milhares de pessoas, que tinham suas casas, seus empregos, estão morando, com os seus filhos, nas ruas, debaixo de viadutos, em invasões, acampamentos, com vontade de tudo, de comer, de dormir, de tomar banho, de trocar de roupas, de trabalhar? Até quando teremos que suportar tudo isso, misericordioso leitor, até quando? Até.

 

(Henrique Dias é jornalista)


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