Opinião

Sociedade: não corra porque a polícia está aqui

Redação DM

Publicado em 13 de maio de 2017 às 02:37 | Atualizado há 8 anos

Respeito, consta como seu significado em diversos dicionários um substantivo masculino que induz ao ato ou efeito de respeitar, tão logo demonstra aos que o usa, consideração, obediência, acatamento, observância ou da forma que aprendeu na escola da vida o que é saber conviver com o seu próximo, sem a necessidade de livros para dar significado a algo tão simples, porém tão complexo atualmente.

Houve um tempo ainda em que o respeito era tido ao pé da letra, tempo também em que as escolhas e responsabilidades eram levadas a sério, sabendo até mesmo das consequências e resultados de algum ato e arcando com os mesmos. Não havia quem corria ou se escondia sem que tivesse “culpa no cartório”.

Infelizmente com o passar dos anos muitos princípios se perderam, o respeito, amor, gratidão, o reconhecimento e, principalmente a humanidade entraram em um buraco muito fundo, onde ali dentro tudo se tornou denso, penumbroso e arriscado. Houve um tempo também em que pessoas viam as outras como seres humanos e não como “espectros”.

O tal espectro, citado pelo senhor Dr. Manoel L. Bezerra Rocha em seu artigo na página 03, na editoria de OpiniãoPública, na data de 03 de maio de 2017 (quarta-feira), Jornal Diário da Manhã, o comparando com um policial nada mais é, em seu significado chulo, um monstro de aparência humana, altamente cruel, remetendo a uma presença que pode causar sofrimento e dano.

Ora, então lutar para preservar a ordem é agir como um espectro? Até mesmo Dom Pedro I, diante das margens calmas do rio Ipiranga, precisou de coragem para declarar a Independência do Brasil soltando diante dos que ali estavam ouvindo brado de um herói. Faço esta analogia de um trecho do nosso Hino Nacional, a qual que tanto nos orgulhamos em cantar, para ressaltar que ali também existiu um “espectro” que lutou pelo povo brasileiro, transformando uma nação colonial em um país autônomo e livre.

É lamentável que esta voz aos poucos venha se calar, não por querer, mas por tantos julgamentos, ausência de consideração e pré-conceitos. Por detrás desta capa de “espectro”, como diz o senhor Dr. Manoel existem famílias apreensivas pela chegada de um pai ou uma mãe, existem sonhos e vidas. Por detrás de uma farda não há apenas um servidor da segurança pública, existe um ser humano que também carrega medo, dor, sente frio, calor, pânico, tristeza, insegurança e muitas vezes deixaram de ter um convívio com a família ou um momento de lazer para proteger você.

No momento em que este homem ou mulher veste a sua “armadura” para sair de seu lar em defesa da sociedade, deixa tudo para trás sem ao menos perguntar sua raça, cor, religião ou qualquer outro obstáculo, o respeito ao juramento dado no momento em que os nossos pés adentram a Academia de Polícia Militar é único: “Ao ingressar na Polícia Militar do Estado de Goiás, prometo regular a minha conduta pelos preceitos da moral, cumprir rigorosamente as ordens das autoridades a que estiver subordinado e dedicar-me inteiramente ao serviço policial militar, à manutenção da ordem pública e à segurança da comunidade, mesmo com o risco da própria vida”.

É arriscando a própria vida que estas pessoas são julgadas, assim como fez o Cabo Vanilson de Itumbiara que sacrificou sua vida para salvar os cidadãos que ali estavam, dentre eles o Vice-governador de Goiás José Eliton, advogado inclusive. Uma pena um conhecedor do Direito julgar um ato isolado, fazendo com que uma Corporação inteira leve o peso da cruz, uma pena também que esta Instituição, que tanto preza pela defesa de famílias e autoridades, luta pela defesa da Mulher com a Patrulha Maria da Penha e está constantemente no combate às Drogas através do Proerd seja tida como inimiga da população. Muito triste ainda lembrar que fomos tachados de “espectros” diante de uma tropa que carrega trabalhos realizados como o Projeto Kalunga atuando no programa Ação Cidadã.

Morremos pela pátria e por você sociedade e sabemos bem a razão, enquanto os portões e grades das casas se fecham é quando a Polícia vigia e protege seu patrimônio, seu descanso e manter a ordem pública. Aqui não existem apenas “soldados armados, amados ou não”, existe por debaixo desta farda, desta arma, deste colete a prova de balas, dentro destes coturnos, um pai, uma mãe, um irmão ou um filho constituído de carne e osso que, acima de tudo, também é um cidadão e merece respeito.

Não obstante, há àqueles que se dizem estudiosos e letrados, mas que possuem armas muito mais letais que uma bala ou cassetete, chamada de pré-conceito, pré-julgamento e além disso possui falta de sabedoria nas palavras e forma de expressão. A deturpação de função, como o Sr. Dr. Manoel citou, também acontece quando somos manipulados a dar opiniões ou achamos que, por possuir diplomas, certificados e honras somos conhecedores de tudo e todos e detentores de todas as razões e saberes.

Sou policial militar há mais de 22 anos e sirvo a sociedade goiana com muito amor, zelo e se preciso for darei minha vida para salvar um cidadão. Diferente do que afirmou o Doutor Manoel em seu artigo intitulado de “Corra que a polícia vem aí”, vos digo sem sombra de dúvidas cidadão goiano, “sociedade: não corra porque a polícia está aqui”.

Antevemos relevância mencionar que ao longo da minha carreira castrense, procurei me qualificar para melhor servi a sociedade, para tanto que além de ser possuidor de dois cursos superiores (história e direito), três pós-graduações (direito militar, planejamento estratégico e previdência pública), possuímos em nosso currículo mais de 5.000 horas aulas de cursos de formação, aperfeiçoamento e demais qualificações, inclusive direitos humanos.

É mister esclarecer também que para ingresso nas fileiras da corporação, o requisito mínimo é a graduação. Portanto, não merece relevância a afirmação do douto advogado criminalista Manoel L. Bezerra Rocha, que a gloriosa Polícia Militar “transforma jovens vocacionados, aqueles imbuídos de boa vontade… em pessoas alienadas, ‘adestradas’ … cavalos, leões de circos, burros.

Muito me admira também, palavras tão pesadas e sem tato nenhum para tal formador de opinião, já que diversas outras profissões e cargos também podem ser tão destrutivos quanto o que ocorreu, exemplo disso está a situação econômica atual do Brasil devido a ação humana.

Sugiro que, antes de proferir palavras soltas ao vento em demasia, faça um estudo e conviva com a rotina policial. Assim como foi citado na publicação veiculada no dia 03 de maio de 2017 (quarta-feira), na página 03, na Editoria Opinião Pública do Jornal Diário da Manhã, dizendo que “é quase ilusório que as polícias sejam capazes de traçarem um plano de segurança públicas sem que não estejam limitadas ou propensas ao uso da força física, preferencialmente com a utilização de ações letais”, saiba que estas mesmas cabeças que o senhor citou como incapazes, são as mesmas que ministram aulas em diversas Universidades renomadas no país, em cursos de pós-graduações, mestrados e doutorados e que são estudiosos dedicados, principalmente no que se tange ao Direito.

Por fim ressaltamos que ao contrário da vossa afirmação que   “a Polícia Militar transforma jovens vocacionados em pessoas alienadas”, o que constatamos é que centenas de advogados abnegados anualmente ingressam para as fileiras da corporação através dos concorridos concursos públicos com média de mais de 30 mil candidatos. Além disso, com a implantação e o sucesso dos Colégios Militares em Goiás administrados pela honrosa Polícia Militar demonstra cabalmente o quanto estamos no caminho certo. Formando cidadãos e contribuindo para uma sociedade melhor para todos.

“A justiça é como uma serpente, só morde os pés descalços”

Eduardo Galeano

 

(Luís Cláudio Coelho de Jesus, subtenente PM, especialista em Direito Militar, presidente da Associação dos Subtenentes e Sargentos PM & BM do Estado de Goiás)


Leia também

Siga o Diário da Manhã no Google Notícias e fique sempre por dentro

edição
do dia

Impresso do dia

últimas
notícias