Aula de Teatro
Diário da Manhã
Publicado em 4 de maio de 2017 às 22:17 | Atualizado há 8 anos
Formado há mais de 10 anos, o Grupo Carroça é uma companhia de teatro que se apresenta em várias escolas públicas da capital. Além do trabalho cênico realizado pelos atores, a pesquisa em estilos e autores consagrados do teatro mundial é um ponto norteador do trabalho coletivo desenvolvido pelo grupo. A série de apresentações da turnê atual teve início no dia 02 de maio, e encerra-se em 7 de junho. O grupo apresenta a peça ‘Tartufo, era uma vez’ na próxima semana em três escolas. Na quinta feira, no período vespertino, às 14h, no Colégio Estadual José Honorato, e na sexta em duas sessões: 10 da manhã no Colégio Estadual Dom Abel e 14h no Instituto Federal de Goiás.
O DmRevista conversou com o ator e produtor Christian Mariano, que contou um pouco do que aconteceu nos dez anos de trajetória do Carroça destacando o importante trabalho de difusão da arte teatral para crianças e adolescentes de Goiânia. A sátira aos costumes políticos no Brasil é o mote das comédias do grupo, atualmente em turnê por dez escolas da Capital, com três peças de seu repertório. Além de criar espetáculos há quase doze anos, os membros do grupo também já participaram de cinco produções audiovisuais, visitando escolas de Goiânia e do interior do Estado, agregando cada vez mais admiradores e despertando jovens para o teatro.
Segundo Christian, os atores são formados em escolas de renome da capital, como o Centro de Educação Profissional Basileu França e a Escola de Música e Artes Cênicas da UFG. Várias vertentes da comédia são trabalhadas pelo Carroça. “Todo o trabalho do Grupo Carroça está ligado ao propósito inicial de manter-se sempre em uma constante construção de nossa identidade enquanto grupo a partir de uma linha diversificada de pesquisa em comédia”, explica o produtor. Em 2011, o Carroça fez sua estréia para o grande público através da peça ‘O sumiço da carroça’. Desde então, já desenvolveu mais três espetáculos: ‘Tartufo, mais uma vez’, ‘O Inquilino’ e ‘Crônicas do Paço Municipal’.
Preparação
De acordo com os membros do Grupo, a busca de visibilidade para as artes cênicas, a formação de um novo público e o despertar de novos artistas para o teatro são fatores que motivaram-nos a encontrar nas escolas os palcos ideais para consumar o resultado de anos de pesquisa e dedicação. “Descobrimos esse ‘filão’ há tempos e só graças às leis de incentivo à cultura conseguimos proporcionar ao estudante de escola pública o acesso à esse tipo de arte. Víamos pessoas que ‘desgostavam’ do teatro sem conhecê-lo. Hoje é comum recebermos elogios dos alunos, depois de nossas apresentações, pela oportunidade que tiveram naqueles instantes efêmeros que viveram ali no próprio pátio da escola”.
O grupo vive uma preparação constante para as turnês, o que envolve a busca pela maneira adequada de envolver e despertar o interesse dos espectadores. “Sempre buscamos em nossas pesquisas algo que privilegiasse o espectador, mas que nunca que o subestimasse. O fato de fazermos comédia e principalmente, fazermos um teatro popular, permite ao público, geralmente desacostumado de ir ao teatro, que este, com o tempo sinta a necessidade de apreciação dessa forma de arte”. A noção do Carroça é de que um trabalho a longo prazo sempre traz reconhecimento “É um trabalho árduo que só veremos o resultado daqui há alguns anos. Mas já são quase doze anos e os frutos já começam a brotar”.
O olhar do Carroça também mira o futuro, bebendo de várias fontes de influência artística e sempre elaborando novas apresentações. “Temos sempre muitas ideias guardadas. É só termos tempo, que abrimos as gavetas da imaginação e vamos à obra. Já passamos pela Commedia dell’arte, depois a comédia de Molière e de Hugo Zortetti. O que teremos em breve será uma livre leitura da obra de Miguel de Cervantes que está sendo adaptada pelo dramaturgo goiano Hugo Zorzetti, um grande parceiro do Grupo Carroça e de certa forma, um mentor intelectual de todos nós”. Em junho, a peça ‘Crônicas do Paço Municipal’ será apresentada nos dias 5 (no Instituto Maria Auxiliadora), 6 (na Escola Municipal Orlando Morais) e 7 (Escola Municipal Getulino Artiaga), todas as sessões às 20h.
Tartufo, era uma vez
Sinopse: Os atores de Molière, temendo um levante de suas vítimas, resolvem questionar o autor que finaliza Tartufo com a acidez que lhe é característica. Sem compreender tal apreensão Molière propõe que lhe mostrem a peça para que assim entenda onde tem pesado a tinta. A trupe, absorta, mostra a Molière e a seu público mais um clássico, cheio de ironias mordazes e críticas ferinas contra a sociedade e suas engrenagens pútridas. Uma comédia pungente e perspicaz para os dias atuais.