Opinião

O Criador levou a minha querida irmã Lucília

Diário da Manhã

Publicado em 9 de junho de 2017 às 03:02 | Atualizado há 8 anos

Chegamos a Goiânia no final do ano de 1938, quando foi instalada na Campininha das Flores de Nossa Senhora da Conceição, a Serraria Bariani, primeira indústria urbana da Nova Capital. A minha mãe Josephina (Dona Pina) com as filhas Francisca (Chica) e Lucília montaram o Salão de Corte e Costura Santa Terezinha, à Avenida 24 de Outubro, frequentado pela alta sociedade feminina goianiense, onde elas costuravam e a minha mãe ensinava e diplomava turmas de novas costureiras.

Francisca, tida como “a tesoura mágica”, cortava pelos figurinos franceses que eu trazia da Agência Scafuto, de São Paulo, e também os criados e recriados pela Lucília, desenhista que se revelou quando as clientes não se satisfaziam com os modelos dos figurinos, uma manga raglã, um decote mais ousado… Nas grandes festas sociais de então, no Automóvel Clube, no Grande Hotel e no Palácio das Esmeraldas, elas emendavam os dias com as noites costurando para as entregas sempre pontuais. Tenho um convite-ingresso das diplomadas de 1940, da Escola de Corte e Costura Santa Terezinha, que os campineiros-pioneiros devem se lembrar dos nomes: Eunina (Sanina) Hermano, Olga de Souza (Olguinha do Jason Santana, “beque” do Atlético), Geni Miguel, Judith F. Pacheco, Maria F. Cascão, Eunice Costa, Eulina F. Cascão, Vicentina Mateus, Romualda Santos, Enoi Morais, Ana Morais e Suria José.

Dona Josephina se foi há mais de 30 anos, a Chica, há 15 e agora chegou a vez da minha querida irmã, Lucília, que tanto me ajudou no Bazar Paulistinha. No começo, para não gastar o dinheiro da loja, ela ficava tomando conta e eu indo de bicicleta de casa em casa dando aulas de Matemática para quem ficava de segunda-época e também para candidatos ao Curso de Aeronáutica e outros. À noite lecionava no Curso de Madureza (artigo 91), que fundei  com o professor Felisberto Pereira Braga.

Depois que Lucília se casou com o Toceu Meiva eles foram gerenciar as lojas do Bazar Paulistinha em Brasília. Mais adiante adquiriram o Palace Hotel em Campinas. Assim que se enviuvou passou a morar com a filha única Gilda em Goiânia e atualmente em São Simão, que a tratou carinhosamente até o seu último dia.

Escrevi no “Santinho” que será distribuído hoje, sexta-feira, às 19 horas, na Catedral Metropolitana de Goiânia, durante a Missa de Sétimo Dia, e que convidamos a todos que lerem esta crônica:

Lucília Hortêncio Neiva

*25.12.1921  + 02.06.2017

“Há pessoas que adquirem, daqui da Terra, uma cadeira no Céu junto a Deus e a Nossa Senhora. A transação é feita por atos e obras que Os agradam, como o amor a Eles e ao próximo, assim como a fraternidade e a honestidade no trabalho. Assim também viveu Lucília, uma vida guerreira onde pelejou e venceu todas as batalhas. Sempre tida como filha obediente, boa irmã, excelente esposa e mãe carinhosa. Segundo o Eclesiastes “Tudo tem o seu tempo”. E o tempo da nossa querida e já saudosa irmã chegou deixando uma saudade profunda nos nossos corações e uma lembrança que será eterna.”

 

(Bariani Ortencio[email protected])


Leia também

Siga o Diário da Manhã no Google Notícias e fique sempre por dentro

edição
do dia

Impresso do dia

últimas
notícias