Opinião

Uma análise psicológica e espiritualista do ser consciente

Diário da Manhã

Publicado em 9 de junho de 2017 às 02:46 | Atualizado há 8 anos

As revoluções do pensamento têm sido muito velozes e se acentuam nesta última década, prenunciadora de uma Nova Era da Consciência, quando os horizontes se farão mais amplos e a compreensão da criatura se tornará mais profunda, particularmente em torno do Si, do Espírito imortal. Percebe-se nas correntes da atual filosofia, com raras exceções e experimentos das Doutrinas Psíquicas e Parapsíquicas, como ocorre em algumas outras áreas, convergem para o ser permanente e real – o Ser Consciente – aquele que atravessa o portal da morte e volve ao proscênio terrestre em nova experiência iluminativa – reencarnação. Como consequência, a busca da realidade vem sendo orientada para o mundo interior, no qual o ser mergulha com entusiasmo e sabedoria, superando os imperativos das paixões perturbadoras, das sensações mais primitivas a que se vincula. Essa proposta é muito antiga, porque as necessidades humanas também o são. Pode-se, porém, arrolar no Evangelho do Mestre Jesus, considerado um verdadeiro tratado de Psicoterapia e deve ser relido com visão nova e profunda por todos que buscam encontrar: o ser consciente, anelando ao que vem ocorrendo com a Psicologia e as demais áreas do psiquismo.

No Evangelho Segundo o Espiritismo, encontramos: “São chegados os tempos em que os ensinamentos do Cristo têm de ser completados, em que o véu, intencionalmente lançado sobre algumas partes desse ensino, tem de ser levantado, em que a Ciências, deixando de ser exclusivamente materialista, em que a Religião, deixando de ignorar as leis orgânicas e imutáveis da matéria, como duas forças que são. Apoiando-se uma na outra e marchando combinadas, se prestarão mútuo concurso. Então, não mais desmentida pela Ciência, a Religião adquirirá inabalável poder, porque estará de acordo com a razão, já se lhe não podendo mais opor à irresistível lógica dos fatos”. Somente através do Ser Consciente se é capaz de desenovelar o conflito interno sobre o verdadeiro sentido da vida e as leis que regem o universo pela fora do Criador.

O Ser Essencial é a Essência Divina amorosa que todo ser humano é, imagem e semelhança do Criador, conforme narra poeticamente a gênese bíblica e o Ego é fruto da imperfeição e ignorância que ainda existem em nós, formado por duas faces: uma evidente, caracterizada pelo desamor, e uma mascarada, criada pelo pseudo-amor. O Ser Consciente é amor, no entanto, no processo de despertamento da sua potencialidade divina, adquire expressões não legítimas, que passam a atormentá-lo, já que fazem parte do processo de maturação através de negatividades, que são o desamor e as máscaras do Ego, expressando-se como pseudo-amor.

Quando se percebe a busca do Ser Consciente, percebe-se também coerência entre a linha de demarcação entre mim e o outro, evitando-se o que às vezes é reforçado por alguns “terapeutas”, a prática de colocar para fora, todos os sentimentos de revolta, raiva, cólera, em cima das pessoas e que são racionalizados como algo terapêutico, necessário para se libertar do stress. Na realidade, ninguém consciente tem o direito de “vomitar” os seus desequilíbrios em cima dos outros. Deve, antes de tudo, examinar as causas pelas quais está sentindo tudo aquilo, para poder transmutar os sentimentos, sem fazer mal a si mesmo.

O Ser Consciente interroga sempre a sua consciência, para analisar seus atos e atitudes. É firme, sem ser austero. É amoroso, sem ser bajulador. É confiante, sem ser leviano. Busca atingir sua libertação do mundo da escuridão através do “amar a si mesmo” como nos sugere Nosso Irmão Maior – Jesus. Amor que foi ignorado por longo tempo e não incentivado pelas religiões por achar que amar a si mesmo sugere orgulho, egoísmo e egocentrismo. Mas não deve ser confundido com egoísmo ou egocentrismo, mas como respeito e direito à vida, à felicidade que o indivíduo tem e merece. Trata-se de um amor preservador da paz, do culto aos hábitos sadios e dos cuidados morais, espirituais, intelectuais para consigo mesmo, sem o que, a manifestação do amor ao próximo, é transferência da sua sombra, da sua imagem (fracassada) que logo se transforma em decepção e amargura, ou ao Criador, a Quem não vê, tudo dele esperando, ainda como mecanismo de fuga da própria responsabilidade. Evitação da própria consciente para ignorar as responsabilidades sobre sua evolução espiritual. O Ser Consciente exige criatividade, movimentação, integração vibrante e satisfatória na busca do prazer essencial e necessário à evolução; não se prende em rodeios e movimentos anelados a autosabotagem no descumprimento das Leis Universais.

Todos que vivem sob os comandos do ego, ignoram o Ser Consciente e se refugiam no estar ignorando o ser que compõe a essência da Unidade representada pelo amor ensinado pelo Mestre. O que queremos colocar é a questão da ausência, do não-ser; mas estar. O estado não é permanente, é transitório. O orgulho é a ausência do valor de ser humilde. O egoísmo é a ausência da virtude do altruísmo. A ansiedade é ausência de serenidade. A depressão é ausência de auto-amor. A raiva/ira é a ausência de paz. O medo é a ausência da fé. Quando estamos tímidos no exercício do ser, vivemos o irreal do não-ser. O Ego é apenas o não movimento do Ser Consciente rumo ao Ser Essencial.

Finalmente, podemos dizer que os pensamentos que surgem do Ser Consciente, os sentimentos que são estimulados, são os essenciais, originários da energia do amor, produzindo comportamentos equilibrados. Quando idealizamos situações que podemos realizar e nos esforçamos para consegui-las, estamos agindo em conformidade com o Ser Consciente em nós mesmos. Ao contrário, quando idealizamos de forma ilusória, questões que ainda não conseguimos realizar e passamos a fingir que as realizamos num jogo de faz-de-conta, estamos simplesmente cultivando a idealização egoística, falsa em si mesma.

Quando Jesus nos sugere “reconciliar com vossos adversários, enquanto está no caminho com ele…”, se refere ao interior de nós mesmos, a paixão dissolvente que aturdem o ser e que, em desalinho, encarceram a consciência nos conflitos, gerando os tormentos a que se entregam todos aqueles que se deixam vencer pela culpa, transformada em fobia, em ansiedade, em angústia, em depressão, em insegurança, ou em transtorno neurótico de outro porte qualquer. Lembrando que Jung nos diz que toda neurose é o desvio de uma dor real que evitamos enfrentá-la pela falta de Consciência de nós mesmos e pela covardia moral. E acrescenta Jesus: “Busquei a verdade e a verdade vós libertará”. A verdade está no encontro com o Ser Consciente que habita em cada um de nós. Cada um que se enfrenta; se liberta e se compreende e se percebe na Luz da própria Unidade: Deus.

 

(Dr. José Geraldo Rabelo, psicólogo holístico, psicoterapeuta espiritualista, parapsicólogo. Filósofo clínico. Artista Plástico. Prof. Educação Física. Especialista em família, depressão, dependência química e alcoolismo. Escritor e palestrante. Watsapp – 984719412 – Cons. 30937133, Email[email protected] e/ou [email protected])


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