Eliton: pré-candidato ao governo que não aparece na Lava Jato
Redação DM
Publicado em 8 de junho de 2017 às 02:21 | Atualizado há 8 anos
- Ficha limpa é “poderoso trunfo” para o vice-governador na corrida pelo Palácio das Esmeraldas
- Peemedebistas como Iris Rezende, Daniel Vilela e Maguito Vilela são alvos de investigação
De olho no Palácio das Esmeraldas, partidos já aceleram o passo para a campanha eleitoral de 2018, com foco no cargo majoritário do comando do estado. Mas o ambiente em Goiás se abala a cada novo fato que envolve a Operação Lava Jato, desde o instituto das delações premiadas até acordos de leniência ou listas de pagamento de propina de empresas como Odebrecht e JBS. Entre os pré-candidatos confirmados até agora, apenas o vice-governador José Eliton (PSDB) não figura entre os citados.
Peemedebistas como Iris Rezende (PMDB) – atual prefeito de Goiânia –, deputado federal Daniel Vilela e o ex-prefeito de Aparecida de Goiânia Maguito Vilela, ambos do mesmo partido, são alvos de investigação. Ainda do PMDB, o ex-deputado, que recentemente deixou o cargo de auxiliar do presidente Michel Temer, Sandro Mabel, fecha a lista da sigla de supostos envolvidos. Além desses, o senador da república Ronaldo Caiado (DEM), que faz pré-campanha para as próximas eleições, também é apontado como o “Vaqueiro”, segundo lista da Odebrecht.
Nomes como do ex-senador Demóstenes Torres e o governador Marconi Perillo também aparecem. Após divulgação de lista da Odebrecht, Perillo concedeu entrevista coletiva e destacou que as delações dos executivos da empresa apresentam inconsistência. Ele afirma que todas as doações de campanhas foram registradas e podem ser comprovadas.
Advogado e especialista em Direito Eleitoral, o vice-governador José Eliton é o único entre pré-candidatos ao governo que passa ileso na avalanche da Lava Jato. Ele não aparece em nenhuma lista e, entre as centenas de investigações, jamais foi citado. Os partidos que integram a base aliada consideram esse “poderoso trunfo” fundamental para as pretensões do tucano, na medida em que o debate sobre a ética será um dos motrizes da futura campanha eleitoral.
Em recente entrevista ao DM que obteve grande repercussão, José Eliton disse que o atual modelo político-partidário do país se desintegrou e chega ao seu final “de maneira muito triste e lamentável”. Ao analisar as novas revelações da operação Lava Jato, pregou que é necessário encerrar essa etapa da vida nacional e “reconstruir a república sobre todos os seus pilares”. Ele defende “com muita clareza” que seja definida pelo parlamento brasileiro a convocação de uma Assembleia Constituinte para as eleições a serem realizadas em 2018.
Ao fazer a defesa veemente do Estado de Direito, o vice-governador também alertou que o Brasil é um país continental e não pode ser “uma republiqueta qualquer, movida ao sabor dos ventos e das circunstâncias”. A obediência irrestrita à Constituição “é o elemento fundamental para a superação das crises”, disse na ocasião. “Eliton desponta como político limpo, ético e comprometido com a gestão pública”, disse o presidente do Diretório Estadual do PSDB em Goiás, deputado Giuseppe Vecci.
Caso a caso
O relator da Operação Lava Jato no Superior Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, incluiu na primeira lista divulgada o deputado federal Daniel Vilela e seu pai, o ex-prefeito de Aparecida, Maguito Vilela. Mesmo que os nomes tenham sido retirados agora, eles foram acusados de recebimento de caixa dois em campanha. De acordo com as denúncias de delatores, Maguito e Daniel teriam recebido dinheiro ilícito nas campanhas de 2012 e 2014, respectivamente.
Após a divulgação dos nomes, pai e filho publicaram nota conjunta, onde afirmaram que as campanhas foram feitas inteiramente com valores registrados e aprovados pelo Tribunal Superior eleitoral (TSE). Ainda de acordo com a nota, todos os dados estão disponíveis para consulta no site do órgão. Os Vilela terminam o comunicado afirmando que jamais mantiveram contato e sequer conhecem os delatores.
O atual prefeito de Goiânia, Iris Rezende, figura na lista de delatados sob a acusação de ter recebido cerca de R$ 300 mil de forma ilícita. Os recursos, fruto de caixa dois, teriam sido pagos ao peemedebista na campanha de 2010, quando concorreu ao cargo de governador de Goiás.
Em sua defesa, Iris refuta as acusações e se diz surpreso com as denúncias e por aparecer na lista do relator da Lava Jato no STF, Edson Fachin. Afirma, ainda, que todo o dinheiro gasto na campanha foi devidamente informado ao TSE, com a respectiva prestação de conta aprovada pelo órgão.
Em abril desse ano, o executivo Benedicto Júnior, diretor do “departamento da propina” da Odebrecht, falou sobre como funcionava o esquema de nomeação da lista da Odebrecht. De acordo com ele, os codinomes eram utilizados para que outros funcionários da empresa não tivessem conhecimento das reais identidades dos políticos recebedores de valores escusos.
Nesta lista, o senador Ronaldo Caiado aparece com o apelido de “Vaqueiro”, em referência às suas atividades como agropecuarista e grande defensor do agronegócio no Congresso Nacional, integrante da bancada ruralista. também conhecida como “bancada do boi”. Em sua página, na internet, o senador se defende e afirma que a divulgação de seu nome na lista foi feita de forma equivocada.
“Eliton desponta como político limpo, ético e comprometido com a gestão pública”
Giuseppe Vecci, deputado federal
José Eliton de Figuerêdo Júnior
- Formou-se em Direito pela Universidade Católica de Goiás (hoje PUC-GO), em 1996.
- Advogado especializado em Direito Eleitoral, com larga atuação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e no Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO).
- Compôs a comissão de juristas do Senado Federal para elaboração do anteprojeto de reformulação do Código Eleitoral Brasileiro.
- Foi tesoureiro do Instituto Goiano de Direito Eleitoral (IGDEL). Integrou a Comissão de Direito Político e Eleitoral da OAB-GO.
- Fez parte da Comissão de Advogados Publicistas da OAB-GO.
- Em 2010, foi eleito vice-governador do Estado de Goiás na chapa majoritária com o governador Marconi Perillo e reeleito em 2014.
- Em 2011, foi presidente da Companhia Energética de Goiás (Celg-Par).
- Em 2015, foi secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Científico e Tecnológico e de Agricultura, Pecuária e Irrigação (SED).
- Ocupou a Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária.
- Assumiu o governo do Estado em 19 oportunidades.
- Chefiou missões internacionais do governo de Goiás e comanda negociações que resultam em importantes investimentos que fortalecem a economia do Estado.
- Foi secretário de Segurança Pública e Administração Penitenciária (SSPAP) e presidente do Pacto Interestadual de Segurança Integrada que engloba oito estados do Brasil Central e o Distrito Federal.
- Presidente do Conselho de Desenvolvimento do Estado (CDE), que tem a função, entre outras, de analisar e aprovar cartas-consultas de solicitação de financiamentos dos empresários goianos junto ao Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO).
- Integra o Conselho Deliberativo (Condel) da Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco).
- Conselheiro titular no Conselho Deliberativo do Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequenas Empresas em Goiás (Sebrae GO).
- Presidente do Fórum Estadual das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte de Goiás (Femep-GO).
- Presidente do Conselho de Administração da GoiásFomento.
- José Eliton de Figuerêdo Júnior assumiu, em janeiro de 2015, o segundo mandato como vice-governador de Goiás.