Opinião

War Machine

Diário da Manhã

Publicado em 7 de junho de 2017 às 02:16 | Atualizado há 8 anos

O presidente do Conselho Nacional de Comandantes Gerais, Coronel Marco Antônio Nunes, veio a publico recentemente repudiar cenas de um programa televisivo que teria, segundo o Coronel, maculado a imagem da Corporação, particularmente da PM de São Paulo. Na cena, um tanto canhestra, um tanto canastrona, um policial agride verbalmente um casal por ser, ele negro, ela oriental. Simples, perfeitamente possivel de ocorrer e sintomático. No entanto o Coronel, como a maioria de seus pares, vêem na ação desta rede de tv, um movimento orquestrado para desestabilizar a Corporação, generalizando o que é excessão e que não é exclusividade sua. A vontade de impingir na instituição conceitos acaba por gerar na população o preconceito de que declara combater. Para ficar mais claro, a pretexto de combater o preconceito, o referido canal cria mais preconceito.

Há mazelas nas instituições e precisam ser combatidas. Não é assim só nas Polícias, mas é assim nas igrejas, nos hospitais, nas academias e, porque não, na imprensa. O fato de que há vícios por todo lado não implica em dizer que tenhamos que concordar com eles. Significa apenas que não podemos estigmatizar uma instituição pelos maus elementos que nela transitam.

Assisti esta semana a um filme interessante, belo e, a meu ver, muito bem construido. Trata-se de War Machine, em que, também a meu ver, Brad Pitt se supera como ator. O filme conta a dinâmica da operação americana no Afeganistão e se baseia no livro jornalistico The Operator. Apesar de interessante, belo e bem construido, trata-se de uma comédia que satiriza grotescamente a ação Americana em terras alheias. O que se vê na tela é um agrupamento de patetas que conta muito mais com a sorte do que com a competência para obter os resultados desejados. Destaque-se que os resultados nem sempre são aqueles que o povo imagina, mas sim o que o alto comando aspira como meta de suas entediadas carreiras. Depois deste filme, ou do livro, o retrato que se tem do exército Americano é de uma força de republiqueta subdesenvolvida. O filme é bom para fazer rir, mas é terrível para as tropas do tio Sam. O que interessa tudo isto? Nada, não fosse o que ocorreu  por trás das telas.

Ao publicar a matéria que depois virou livro e filme, o repórter foi sumariamente demitido. Não se aceita, num país civilizado, que se ataque instituições. Você pode até falar de pessoas, mas não de instituições. A instituição não tem dono, mas pertence a todos e se sobrepõe a todos, pois é guardiã de interesses coletivos. Uma instituição enfraquecida enfraquece a todos que dela dependem. E no caso das instituições armadas, toda a Nação dela depende. Imagine se o mundo todo começa a acreditar que os EUA realmente tenha um exército de patetas! Os Americanos estariam todos fragilizados em suas defesas.

O Coronel Nunes não age como um Dom Quixote ao atacar um canal de televisão. Ele faz cultura: Não se pode dar uma concessão de TV, que é um bem público, para alguém que desmoraliza os órgãos públicos. A TV, como de resto todo sistema de comunidação, tem o dever, a obrigação e o direito de informar. Mas nunca de desinformar. E generalizar uma ação que é pontual não edifica, mas sacrifica. A segurança Publica já anda bastante fragilizada com os fatos reais que vem acontecendo, inclusive no nível dos governos onde não se investe no que interessa, mas no que os beneficia. Atacar as instituições com inverdades transmutadas em realidade é um desserviço que o governo deveria impedir, e as pessoas não poderiam admitir.

 

(Avelar Lopes de Viveiros, cel RR PMGO)

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