Podre não é a carne, mas o capitalismo!
Redação DM
Publicado em 23 de março de 2017 às 02:33 | Atualizado há 8 anosAs últimas notícias sobre a forma nada convencional (ou será?) como são tratados os trabalhadores pelos donos de grandes frigoríficos não é nenhuma novidade. Nossos avós já denunciavam o fato de papel e “jornal” (sic) nas salsinhas, dos restos de porco, agora, sabemos, cabeça, nas linguiças e embutidos, assim como, alguém lembrou, das “minhocas” no hambúrguer do palhaço!
Não obstante estas denúncias, se procurarmos as ações do agronegócio e de seus detentores de capital, veremos produtos cancerígenos aos montes nas frutas, verduras e legumes. Ou seja, ninguém está livre da “ganhar” um câncer de nossos magníficos “empresários” do setor do agronegócio, isto sem falar, nos produtos que nos impõe a burguesia que fabrica produtos alimentícios para as gôndolas dos supermercados. Minha médica sempre teve razão em afirmar que deveríamos procurar os alimentos orgânicos e fabricados pelo pequeno produtor rural.
É evidente, por trás de tudo é a tentativa ensandecida da burguesia em tentar não perder, ainda mais, suas taxas de lucros e o seu produto do “desenvolvimento desigual e combinado” que tratou Leon Trotsky e, depois, dissecado por George Novack.
Não há mais saída para os capitalistas. Seu sistema entra em colapso e cada vez mais, causa sofrimento, dor, mortes e guerras, muitas guerras!
Se analisarmos os mercados, veremos que estão saturados e não existem mais por onde escoar a produção industrial. Por outro lado, a exploração diminui em volume (menos trabalhadores e mais máquinas) porém, que não resolve o problema, pois, ao perceberem a diminuição da taxa de lucro pela absoluta falta de expropriação de mão de obra, partem para a especulação. O grande problema para a burguesia é que dinheiro não lastreado em produtos não tem valor e isso transforma-se em crise, na medida em que não se sustenta e não produz riqueza! E as crises cada vez mais irão se acumulando e cada vez mais, a conta recai sobre as costas dos trabalhadores! Inclusive com carne podre nas gôndolas de supermercados!
O velho Marx já elaborava sobre a taxa de lucro e seus problemas com a especulação. Previu, sem precisar de nenhuma “bola de cristal” que produzir riqueza é produzir bens e que se não houver lastro, teremos o problema da taxa de lucro variável. É uma conta complicada, mas, que a grosso modo significa não ter mão de obra para explorar não existe mais valia. Se não existir mais valia não existe ganho real! Máquinas não produzem mais valia. Ela é fruto do tempo em que o trabalhador dispensa para a produção de determinada mercadoria e, isto, máquina não é capaz de oferecer. Como temos, cada vez mais, uma indústria robotizada, imaginem o problema dessa burguesia!
Consumir produtos orgânicos, como da loja do MST aqui na cidade de São Paulo e em outras cidades, talvez seja uma saída para melhorarmos a nossa condição de vida, darmos um pouco mais de qualidade e com um pouco mais saudável. Porém, é preciso refletir, não resolverá o problema da humanidade, pois, continuaremos com a especulação financeira em detrimento da produção, com taxas inflacionárias incontroláveis, com fluxo de caixa insuficiente e, pior, com a exploração capitalista cada vez mais voraz e atacando nossos fundamentais direitos trabalhistas, nossa aposentadoria e criando, como no caso da reforma do Ensino Médio e da “Escola Sem Partido”, um fosso social cada vez mais intransponível.
Rosa de Luxemburgo e Leon Trotsky tinham total razão ou implantamos o Socialismo ou iremos, rapidamente, a barbárie!
(Heitor Cláudio Leite e Silva, historiador e pedagogo. Dirigente do agrupamento Combate Pelo Socialismo e conselheiro estadual da Apeoesp)