Silêncio total
Redação DM
Publicado em 16 de março de 2017 às 02:13 | Atualizado há 8 anos
A lista encaminhada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para o Supremo Tribunal Federal com desdobramentos para o Superior Tribunal de Justiça caiu como uma bomba no meio político. A certeza de que nomes importantes da política nacional figuram nessa lista impressiona pelo número e pelo alcance, além do poder destrutivo da relação de indivíduos citados nas delações premiadas de ex-diretores e funcionários da Construtora Odebrecht.
Cerca de 320 nomes delatados e listados por Janot constam da relação enviada para o ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, mas já se sabe que parte dessa listagem será remetida para o Superior Tribunal de Justiça (STJ) por conta de governadores de Estado que constam da relação. Acontece que o STJ é a instância competente para julgar governadores e já circulou a notícia que 10 governadores em pleno exercício da função teriam sido relacionados como recebedores de recursos oriundos de corrupção ou que tenham sido agraciados com dinheiro de Caixa 2, sem comprovação de origem e sem declarar esse dinheiro para a Justiça Eleitoral em suas prestações de contas.
A reportagem procurou políticos, cientistas e marqueteiros para saber suas opiniões sobre o impacto da lista dos delatados. Em off, alguns ainda arriscam tímidos palpites e conjecturam sobre o que possa acontecer após a revelação dos nomes e a extensão dos envolvimentos de cada um. Uma coisa é unânime: tudo o que sair terá ampla repercussão sobre as eleições previstas para 2018 e poderá ser preponderante para mudanças profundas na correlação de forças.
Um dos poucos a se pronunciar de forma aberta e buscar uma avaliação mais ampla sobre os impactos da lista de Janot foi o deputado federal Delegado Waldir (PR), que adiantou ser francamente contrário à tentativa de anistia do Caixa 2 que congressistas tentam de forma recorrente emplacar projeto que institui essa forma de isentar de responsabilidade penal quem tenha se valido de dinheiro não declarado para suas campanhas.
“Penso que a divulgação da lista e seu conteúdo completo tenha impacto profundo nas eleições de 2018. As candidaturas majoritárias serão profundamente afetadas com as revelações e algumas poderão até mesmo não se concretizar. No tocante às candidaturas para o Parlamento, creio que poderá provocar uma renovação considerável, porque muitos nomes sofrerão sensível desgaste e vão cair em descrédito junto ao eleitorado”, comentou.
Entretanto, o Delegado Waldir fala com cautela sobre os nomes com foro no STJ. Ele se refere diretamente aos governadores de Estados e que somam já 10 nomes citados nas delações premiadas. “Já sabemos que existem nomes conhecidos e que a imprensa nacional trouxe à baila, mas vamos aguardar com cautela para não incorrer em injustiça. O certo é que o Brasil precisa ser passado a limpo e a impunidade tem de acabar. Sou contra o foro privilegiado e contra a anistia para Caixa 2. Vou votar contra e denunciar se tentarem emplacar isso aqui no Congresso”, finalizou.