Brasil

O carnaval, suas origens e ideias

Redação DM

Publicado em 15 de março de 2017 às 02:47 | Atualizado há 9 anos

O Brasil volta ao trabalho diário após o evento do carnaval. A festa tem origem pagã que remonta aos anos 600 e 520 a.C., e acontecia no Egito nas festas de Ísis e do boi Ápis, eventos esses que para os Hebreus significavam a sorte, já na Grécia e Mesopotânia estavam a cargo daqueles que realizavam seus cultos aos deuses. Então, o carnaval passou a ser uma comemoração adotada pela Igreja Católica no ano de 590 d.C., antes da época dedicada à Quaresma

A festa do carnaval surgiu a partir da implantação, no século XI, da Semana Santa, pela Igreja Católica, antecedida por quarenta dias de jejum, conforme explicado acima, a Quaresma. Esse longo período de privações acabaria por incentivar a reunião de diversas festividades nos dias que antecediam a  Quarta-Feira de Cinzas, primeiro dia da Quaresma.

A palavra “carnaval” está, desse modo, relacionada com a ideia de “festa do adeus à carne” marcada pela expressão “carnis levale”, a qual acabou por formar o conceito “carnaval”, sendo que “carnis” – em latim -significa carne, e, “levale” denomina o ato de retirar. Era o último dia, então que se podia comer carne, seguindo-se, posteriormente, o rigoroso jejum, com abstinência dos alimentos de origem animal.

A história do carnaval no Ocidente deu-se em Portugal e foi espalhando por outras regiões da Europa chegando posteriormente ao Brasil por influência da cultura portuguesa. A confusão entre cristianismo e paganismo não é de hoje, mas, atualmente, existem diversas alternativas para celebrar o carnaval, uma das maiores festividades nacionais midiatizadas e fonte de renda para diversas indústrias, dentre elas, a ligada ao turismo internacional, aliás, motivo de grandes paradigmas.

Na “Bíblia” no “Novo Testamento” temos textos que se referem ao carnaval como uma festa da carne que não é recomendada ao cristão, pois “não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Ele, também falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as carnais. Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parece loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele por ninguém é julgado.  Porque, quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo” (I Coríntios 2.12-16).

Não se pode afirmar que carnaval seja uma festa imprópria ao cristão porque cada um poderá usufruir desse festival de modo coerente e sem abusos contrários aos seus princípios religiosos. “Digo, porém: Andai em Espírito, e não satisfareis a concupiscência da carne. Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes se opõem, um ao outro, para que não façais o que quereis.  Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei. Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, prostituição, impureza, lascívia (sensualidade, pornografia, devassidão) idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias (teimosia, tenacidade), ciúmes, iras, discórdias, dissensões(desarmonia, divisão, desacordo), heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus” (Gálatas 5.16-21).

As palavras do papa Francisco, dirigidas aos jovens argentinos, durante a JMJ na Catedral do Rio de Janeiro: “Espero que saiam às ruas e façam barulho”, encontrarão eco, também, no carnaval de “Gualeguaychú”, considerado o “carnaval do país”, até “porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração. A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz; Se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas! Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro” (Mateus 6.21-24).

Devido às influências pagãs implantadas nas festas carnavalescas as igrejas Católica e Evangélica passaram a repudiar o carnaval como sinônimo de festas diabólicas. Até hoje, nessas agremiações religiosas são programados cultos especiais para a remissão dos pecados além dos retiros espirituais para separar os crentes daqueles que se envolvem na folia.

Que vençam então os princípios humanos ligados à sabedoria, à alegria e também para a promoção da paz.

 

(Gil Barreto Ribeiro, professor emérito da PUC-Goiás; diretor editorial da Editora Espaço Acadêmico).


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