Opinião

Celg – Enel: uma mudança de paradigma no setor energético

Diário da Manhã

Publicado em 11 de março de 2017 às 02:41 | Atualizado há 8 anos

O Estado de Goiás inicia um novo ciclo em relação à questão energética, após a venda de 49% das ações da Celg-D, pertencentes ao Governo Estadual, e 51% das ações pertencentes à Eletrobrás. A compradora, a Enel, uma multinacional italiana que tem negócios em 30 países ao redor do mundo e já está presente em 18 estados brasileiros, desembolou R$ 2,187 bilhões na aquisição, feita junto à Bovespa, em São Paulo, em novembro do ano passado.

A chegada da Enel, mais do que um grande negócio, enseja uma mudança de paradigma no setor energético. Há tempos que a Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), alertava sobre a dificuldade que a Celg tinha para alavancar novos investimentos, com o objetivo de suprir as suas demandas, em especial, junto ao setor produtivo. A energia, como costumo dizer, é o oxigênio das indústrias. E, no estágio em que nos encontrávamos, havia muitas empresas tendo de recorrer ao uso de geradores, mesmo fora do horário de pico. Pior ainda, empresas aguardando para iniciarem atividades à espera do atendimento no suprimento de energia, em alguns casos, nem sempre chegando com a qualidade desejada.

Com a iniciativa privada, a história promete ser diferente, já que torna o compasso de atendimento às demandas mais imediato, porque a empresa precisa ter faturamento. A burocracia é menor, a gestão é mais enxuta. No caso da Enel, contratualmente, já estão previstos para os próximos três anos, investimentos da ordem de R$ 2,8 bilhões. O que, sem dúvida, representará um salto de qualidade muito grande para os usuários e um impacto positivo em toda cadeia produtiva.

Tudo isso é motivo de contentamento. Mas, o que mais me chamou a atenção é que a empresa, logo de início, já demonstrou a que veio, buscando parceiros para realizar a contento a sua missão. Vamos ao exemplo, que vale muito mais do que as palavras: no dia 14 de fevereiro, no Palácio das Esmeraldas, acompanhamos a assinatura do contrato de venda e compra da Companhia Energética de Goiás, estando presentes à oportunidade, o Governo de Goiás, diretores da Enel, da Celg, da Eletrobrás, representações classistas, políticas e de vários outros segmentos. Logo após, como presidente do Conselho de Consumidores da Celg, o Concelg, representando 2,8 milhões de usuários de cinco classes (residencial, comercial, industrial, rural e governo), marquei uma reunião para o dia 22 de fevereiro e lá conosco,  estiveram o diretor da Enel Goiás, José Nunes, com técnicos da empresa, para já discutirmos algumas demandas, dentre elas, por exemplo, o problema existente na linha de transmissão do Parque Anhanguera, que prejudica Goiânia e pode impactar Anápolis. Tivemos, nesta reunião, sinalização positiva para que a questão seja resolvida o mais breve possível. Também colocamos a importância de investimentos em energia para atender o segmento agropecuário do Estado.

Ainda no dia 22, os representantes da Enel participaram de reunião na Fieg, especificamente, para ouvir as demandas da indústria. Neste encontro, ficou claro que a Enel vai fazer um trabalho diferenciado. É uma empresa que adota o compliance, ou seja, uma política de atuar em conformidade com as leis, longe da corrupção e das práticas arcaicas de gestão. Em razão deste perfil, a Enel buscou apoio do Instituto Euvaldo Lodi (IEL/GO) para promover a qualificação de seus fornecedores, tendo sido firmado um convênio para este suporte. A reunião se estendia pela noite, quando os representantes da Enel, acompanhados pelo diretor regional do Senai, Paulo Vargas, foram conhecer a Escola Senai Vila Canaã e ali permaneceram por cerca de duas horas conhecendo a estrutura e os cursos que poderão ser desenvolvidos em parceria para formação e qualificação de mão-de-obra.

Toda esta interação nos impressionou, como presidente do Concelg e vice-presidente da Fieg. Tivemos, num curto espaço de tempo, várias ações aontecendo e o “cartão de visitas” que a Enel nos deixou gerou uma boa imagem. Com certeza, este é o caminho: empresa, Concelg, sociedade organizada trabalhando em prol do desenvolvimento de Goiás. Temos clareza que a união é sempre a melhor maneira de superar os desafios e, no caso, o desafio é equacionar os problemas de energia. Queremos virar a página da demanda reprimida, da falta de investimentos e da lentidão burocrática que muito penalizou a indústria goiana. Vamos ter, sem dúvida, uma mudança de paradigma, com a inovação chegando a passos largos num setor estratégico para o desenvolvimento. Goiás estará mais preparado e competitivo, de agora em diante, para continuar crescendo e sendo exemplo para o Brasil. É o que esperamos; é a nossa luta!

 

(Wilson de Oliveira é vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg); presidente do Conselho de Consumidores da Celg (Concelg);  presidente da Fieg Regional Anápolis e do Sindicato das Indústrias de Alimentação de Anápolis (SindAlimentos))

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