Jogos mortais: Jigsaw
Redação DM
Publicado em 11 de dezembro de 2017 às 21:41 | Atualizado há 5 meses
O primeiro Jogos Mortais lançado em 2004 – proveniente da ótima repercussão de um curta-metragem homônimo lançado no ano anterior – ganhou ao longo tempo status de clássico. Dirigido por James Wan – também diretor do curta –, o filme foi um sucesso na época ao trazer um conceito original de serial killer. Mas também não era sadismo barato e, até hoje, continua eficiente a sua abordagem da psique humana e instinto de sobrevivência. Mesclado, claro, com a competente e dinâmica direção.
Com todo o sucesso, o estúdio não perdeu tempo e encomendou uma continuação para o ano seguinte. A franquia continuou rendendo boas cifras na bilheteria e chegou até O Capítulo Final lançado em 2010 – foram sete filmes até aqui. Sete anos se passaram e decidiram reavivar a franquia com este Jigsaw.
Perguntas à parte sobre como continuar a trama com o personagem chave morto no longa anterior, Hollywood respira lucros e não há nada impossível para a magia do cinema. O novo filme segue uma fórmula segura e repete os mesmos elementos já saturados dos sete filmes anteriores. Para os fãs, talvez funcione como nostalgia devido às mortes macabras e milimetricamente orquestradas por Jigsaw. Afinal, chegar ao oitavo longa só mesmo usando a criatividade para pensar em mortes diferentes e mais complexas.
Os problemas das continuações anteriores também estão presentes aqui. O jogo com sua construção narrativa grandiosa onde o vilão elabora vídeos pressentindo o comportamento de cada personagem, como se ele já soubesse que determinada pessoa chegaria em tal fase do jogo, é frequente ao longo do roteiro. Como também a rapidez com que ele realiza seu complexo jogo de detetive com a polícia. Mas, ok, são situações que relevamos com o intuito de embarcar na fantasia e sentir pelo destino de cada participante.
Particularmente, considero o primeiro filme o mais equilibrado, e competente, ao apresentar uma trama cuja tensão de estar em um ambiente fechado, com sua vida em jogo e os limites psicológicos e físicos testados ao extremo, eram mais importantes do que a violência em si. O fator surpresa, obviamente, também teve seu percentual de importância. Não que os longas-metragens seguintes sejam ruins. Há bons momentos. Mas, no geral, é uma repetição cansativa da trajetória de Jigsaw e seus jogos sádicos que, em determinado momento, já não causam tanto impacto. E este Jogos Mortais: Jigsaw já prepara o caminho para novos filmes. Haja paciência!
(Matthew Vilela, jornalista e comentarista de cinema e série aqui no Diário da Manhã e no blog “Blog do Matthew Vilela”)