Opinião

Corrupto jeitinho brasileiro

Redação DM

Publicado em 23 de fevereiro de 2017 às 02:15 | Atualizado há 8 anos

Semana passada comentei alguns aspectos terríveis ocorridos no Estado de Santa (Bruxa) Catarina, chamando a atenção internacional pelas ações do povo: saques, furtos, roubos, assassinatos, estupros…

Vários países possuem fama pelo legado de seu povo, de sua cultura transmitida de geração a geração. Aqui no Brasil, os jovens aprendem a ignorar as leis de trânsito logo cedo, quando seus pais param em filas duplas para deixar e buscar seus filhos nas escolas. Ignoram todo o tráfego em benefício individualista.

Aliás, o individualismo é um dos principais meios de o brasileiro agir. Levar sempre vantagem, custe o que custar. Os golpes diários, os contos do achadinho, a política de locupletamento ilícito à custa do dinheiro público ou alheio. Muitos bradam de heróis da nova seara, mas com os votos e o mandato eleitoral, acabam enriquecendo sua família e de amigos.

Enquanto a Europa esbanja pequenos salários, baixas despesas, por aqui há altíssimas regalias, pensões, fundos, verbas indenizatórias e de gabinete que, apesar de legais, são nitidamente imorais.

Por aqui, uma das mais tristes práticas de demonstração afetiva ao próximo, como exemplo também de aniquilar a fraternidade, é observar o comportamento popular diante de um acidente. As polícias militares e rodoviárias revelam ser muito comum observar a torpeza humana diante dessas calamidades.

Quando há um grave acidente, em vez de prestar socorro às vítimas, muita gente se aproveita para furtar objetos pessoais como carteiras, malas, celulares, óculos, e até mesmo as roupas do corpo. Até um simples acidente ou tombamento de caminhões, as pessoas ameaçam ou machucam os motoristas e levam as cargas. Nesta semana mesmo, dezenas de pessoas pararam os seus carros e os enchia com óleos de cozinha que estavam dentro do caminhão tombado, que seriam distribuídos nos supermercados.

É o mesmo ser humano que se acha no direito de queimar um índio, um menor abandonado, um mendigo, ou qualquer outra pessoa que esteja numa pior, na sarjeta do mundo, ou sofrendo os preconceitos de uma minoria.

Assim é a criatura humana, benevolente quando quer, mas diabólica ao extremo, frequentemente encontrado numa situação extremista ou terrorista.

Citei aqui um dos países que seguem no oposto desta onda brasileira. Na Holanda, presídios são fechados e se transformam em hotéis e outros estabelecimentos, por falta de infratores (talvez pela maior tolerância e consciência das pessoas). Há quem diga que temos os políticos que merecemos.

Outro fator muito comum é ver carros parados nas rodovias para que seus tripulantes exercitem seus furtos constantes nas lavouras alheias. Muita gente faz a feira com os alimentos produzidos nas terras de terceiros. Muito comum ver o peixe de lago particular realmente parar na mesa de pescadores clandestinos.

Em outros países mais evoluídos, um objeto perdido tende a permanecer por ali ou encontrar seu dono por meio de um ajudante interessado. Por aqui, “achado não é roubado” e “ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão”. Por isso, afirmam ainda que “o mundo é dos espertos”. Entre espertalhões e corruptos a diferença é apenas no nome.

O importante é realmente saber quem é você, quando ninguém está vendo. Não há como rotular alguém de santo ou demônio, puro ou profano, prudente ou pecador. Seremos todos nós sempre humanos, mas podemos diminuir as incidências errantes, sintonizando as vontades mais para o certo do que para o errado. Para isso, uma pergunta bem simples deveria resolver o problema: gostaria que fizessem comigo o que estou a fazer com o outro? Até a próxima página!

 

(Leonardo Teixeira, escritor)


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