E tem mais em Inhumas
Redação DM
Publicado em 13 de abril de 2017 às 03:01 | Atualizado há 8 anosUm lugarejo no meio do caminho, uma currutela onde descansavam os tropeiros na estrada para a cidade de Goiás, essa era Goiabeira. Lugar propício para uma parada das longas viagens beirando um grande goiabal, sombra e fruta fresca. Hoje o antigo distrito da cidade de Curralinho, agora com a alcunha de Inhumas, tem status de cidade e integra o circuito cultural goiano. Porém uma vez Goiabeira, sempre Goiabeira.
Referências históricas, gostamos, e por isso de 13 a 16 de abril acontece em Inhumas a 12° edição do Goiaba Rock Festival, um dos maiores festivais de rock do interior do Brasil. O evento é uma iniciativa cultural gratuita, no intuito de fomentar a diversidade de expressões culturais na cidade de Inhumas.
O integrante da banda Velhos Caninos, Vinícius Belinelli, que integra o arsenal local que participa do evento, fala sobre a importância deste tipo de evento na construção de uma cena musical regional: “Essa edição, décima segunda, vem com um formato diferente. É um evento gratuito, vem sendo desde 2015, com as atrações principais na praça do centro. Para além dos diferentes lugares onde ocorrerão as apresentações essa edição tem uma conotação eclética inédita. Além de rock e MPB vai rolar também música erudita e caipira”.
A respeito do alcance do Goiaba Rock e seu caráter acessível o músico continua: “Sobre a sociologia da coisa não tem muito segredo, esse evento é um arrego pro povo, que não têm acesso a esse rolê, Principalmente para os jovens.”
Velhos Caninos
A banda foi formada em 2016 para concorrer ao processo seletivo do Canta Cerrado. “Infelizmente não passamos”, informa Vinícius. “Na época eu era professor voluntário de violão do projeto de extensão Meninas da Vila da Universidade Estadual de Goiás”, ele completa sobre o início da formação do bonde canino.
O grupo se apresentavam antigamente como Porão 39. “Esse era o galpão onde o grupo ensaiava na cidade de Goiás”, relata Vinícius, o atual baixista da banda. “O resto da banda se formou com outros alunos da UEG. Houve um consenso sobre a necessidade da alteração do nome do grupo, de modo que fosse mais descontraído. Eu queria cachorro gordo, eles acharam muito parecido com cachorro grande, então propuseram Velhos Caninos”, ele continua.
A maior parte das letras é responsabilidade do integrante Filipe Alvares, vocalista do Velhos Caninos. “As letras do Filipe têm uma pegada contestadora das relações sociais num nível quase romântico. Identidade e postura social também estão muito presentes nas composições”, relata Vinícius.
Terra Cabula
A banda goianiense Terra Cabula sobe ao palco no dia 13 com o show Clarão que tem como marca registrada uma composição híbrida que vai de batuques de terreiro ao rock progressivo, funk e afrobeat, evocando a sonoridade, ancestralidade e gingado marcantes na construção da identidade brasileira.
Terra Cabula é uma banda independente, formada por Vinícius Bolivar (vocal), Emanuel Mastrella (contrabaixo, samplers e backing vocal), Ingrid Lobo (guitarra, violão e backing vocal), Gabriel Gueiros (guitarra e backing vocal), Weiler Jahmaika (bateria) e Kemuel Kesley (percussão).
Ao som de guitarras e atabaques, Terra Cabula convida o público a transcender os sentidos e entregar-se de corpo aberto ao banquete sonoro que faz uma releitura poética e contemporânea das origens sincréticas da brasilidade em sua essência provocante e contestadora.
Terra Cabula foi criada a partir das resultantes de uma pesquisa de longa data acerca das manifestações culturais afro-brasileiras. A banda surge com o intuito de resgatar a extensa gama de ritmos e sonoridades presentes na relação Brasil-África, bem como os desdobramentos da mesma, referente à formação cultural do povo brasileiro.
A escolha do nome representa a própria fusão de elementos sincréticos que marca historicamente grande parte do processo de formação da identidade cultural/religiosa brasileira. Cabula é o termo resultante dos volteios em que os negros escravizados encontravam para exercer sua cultura e crença no Brasil diante das barreiras da colonização cristã. Ao misturar ritos africanos com elementos do cristianismo surge uma nova prática cultural/religiosa permeada pela fusão de crenças e culturas.
Ao assumir, musicalmente, essa profusão de elementos e identidades, Terra Cabula adota em seu repertório referências do universo folclórico e popular afro-brasileiro como congada, maracatu, afoxé e toques de terreiro a partir de uma proposta contemporânea que apresenta uma releitura estética desses elementos, compondo sonoridades híbridas que partem de diálogos e confrontos experimentais da tradição estrutural com o rock, o funk e o afrobeat.