Opinião

Show da Comigo, parabéns Chavaglia

Redação DM

Publicado em 10 de abril de 2017 às 22:49 | Atualizado há 8 anos

migo, cooperativa pioneira na região Centro-Oeste sediada em Rio Verde, desde os idos de 70. Paulo Roberto Cunha e outros companheiros chamaram a minha atenção para a nascente entidade associativista. Não cito demais nomes para não incorrer em possíveis erros da omissão. Pretendo levantar o nome de cada criador pioneiro da Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais (Comigo) e divulgá-los em reportagem, posteriormente. Entre eles, Antônio Chavaglia. São homens de visão, empreendedores de mão-cheia.
A história da Comigo dá filme. Paulo Roberto, por exemplo, foi um líder nato. O cooperativismo bem-sucedido o levou à Prefeitura de Rio Verde, à Câmara Federal e poderia ter sido governador. Seria merecido e Goiás só tinha a ganhar. Antônio Chavaglia e seus companheiros são visionários e eles souberam dar vida nova às feiras agropecuárias e ao próprio cooperativismo. Com a reengenharia arquitetada seguiram novos moldes, a exemplo da Agrishow, em Ribeirão Preto (SP).
Os produtores querem ter como exemplo novos padrões em sua atividade econômica. A tecnologia, não importa se sofisticada ou simplória, a adotar. Novos conceitos tecnológicos, gestão, mercados, sustentabilidade, máquinas e implementos agropecuários, questão do solo, da água, entre tantos outros que estão na ordem do dia. O papo direto do produtor com os técnicos, extensionistas, revendedoras e assim num café e outro tomar conhecimento das novidades. A mudança de governo trouxe novas perspectivas de confiança e de investimentos. Tanto assim, que os negócios evoluíram na Tecnoshow Comigo 2017, saindo da cada do R$1,3 bilhão do ano passado para R$1,7 bi na atualidade.
É inegável os avanços. Conheci a Semana Verde Internacional de Berlim, anos atrás, a convite do governo alemão. Posso percebi que feiras como as de Ribeirão Preto e de Rio Verde seguem mais ou menos o mesmo padrão. Tecnologia em foco, produto de qualidade para o consumidor, compõem o quadro que interessa aos visitantes. Claro, há um estande com a presença de especialistas para responder aos produtores caso sejam procurados, nas áreas de engenharia agronômica, veterinária, zootecnia, entre outras.
O assessoramento de Comunicação contribuiu para o sucesso da feira, fornecendo os subsídios solicitados pela mídia, liderado pelo experiente Weuller Freitas. Ele teve na retaguarda, Bruno Kamogawa, Samir Machado, Fernando Dantas, Renan Rigo e Michelle Rabelo. Se estive na solenidade de abertura, não pude acompanhar de perto o desenrolar da feira. Mas, pude contar com o apoio direto desses companheiros. Foram e continuam sendo vitais. Em função, disso aproveito parte da cobertura patrocinada por eles.
Mesmo com os últimos acontecimentos envolvendo o agronegócio brasileiro, que acenderam sinal de alerta no campo, o segmento continua apresentando resultados positivos, incentivando a confiança no produtor e a melhoria da economia do País. Este cenário pode ser conferido na Tecnoshow Comigo, que movimentou mais de R$ 1,7 bilhão em volume de negócios nos cinco dias da feira, número recorde se comparado a anos anteriores – em 2016, o valor registrado foi de R$ 1,3 bilhão e em 2015, R$ 1,1 bilhão.
Considerada a maior feira de tecnologia e difusão rural do Centro-Oeste, a mostra recebeu público superior a 102 mil pessoas neste ano, tendo ainda a participação de 550 expositores de diferentes setores. Com o sucesso do evento, a Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano já definiu a data da feira em 2018: será de 9 a 13 de abril, em Rio Verde, e terá como tema ‘Infinitas oportunidades no agronegócio’.
Segundo o presidente da Comigo, Antonio Chavaglia, a agropecuária tem mostrado que é o setor que sustenta a economia brasileira e os números registrados na feira refletem isso. “Não esperávamos por esse resultado, por causa do momento de apreensão na política e economia. Mas o produtor veio para a feira porque busca melhorar a eficiência e produtividade em campo. Eles adquiriram e investiram em equipamentos, insumos, produtos para suas propriedades. Os expositores ficaram animados com os resultados e o evento se consolida como importante espaço de difusão de tecnologia e conhecimento rural”, afirmou.
Ele acrescenta que a feira tem se tornado mais importante a cada ano e isso se deve a um conjunto de fatores, que envolvem a dedicação das equipes envolvidas na organização, dos expositores e empresários que vem de todos os lugares do país, sejam pequenos, médios ou grandes, e dos produtores que são responsáveis pela realização dos negócios. “O produtor hoje é desbravador e lutador. Sai de uma safra e já vai para outra. Sabe a importância de investir em técnicas e tecnologias para melhorar sua produtividade. E a feira tem proporcionado tudo isso, por isso alcança importantes resultados como a deste ano”, enfatizou.
Apesar de ser uma feira voltada para apresentar inovações tecnológicas e pesquisas, ampliar conhecimento e servir de vitrine de novidades para o produtor rural, a feira também traz para debate os principais temas que impactam o agronegócio. Durante a abertura do evento, no dia 3, os discursos das autoridades presentes focaram em duas situações que têm chamado a atenção do segmento nos últimos dias: os desdobramentos da Operação Carne Fraca e a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de considerar constitucional a cobrança do Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural).
Presente à solenidade, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Blairo Maggi (PP), ressaltou que a Tecnoshow Comigo foi realizada em um período de sinal amarelo para o agro brasileiro. “Se por um lado o produtor é corajoso e arrisca ao confiar no clima todo o investimento que fez em sementes e insumo, por outro, tem ficado refém de situações como a da falha em comunicação da Operação Carne Fraca que colocou em risco todo um mercado sustentado na produção agropecuária”, ressaltou.
Além disso, em outro ponto de destaque, o ministro foi enfático ao tratar da questão do Funrural. “Há alguns anos, produtores deixaram de recolher sob liminar e agora aqueles que não tinham a obrigação de fazer o depósito se viram na obrigação de depositar. Mas a conta desse imposto multiplicada por cinco anos, mais a multa deve chegar a um valor de 20% a 25% do faturamento do produtor no último ano. Isso é grave e pode comprometer o produtor que poderia levar muitos anos para se recuperar”, enfatizou.
Blairo Maggi reforçou que apesar do futuro não ser animador, o Brasil e o setor agropecuário já passou por situações piores. “A Tecnoshow Comigo é um evento importante para a inovação tecnológica e mostra que chegamos até aqui pela ciência, pelo conhecimento, pela pesquisa. Isso mostra que se não dermos condições de investimento vamos ficar para trás. A posição do Ministério é a posição dos produtores. É preciso investir, dar fôlego e ‘soltar o garrote’ para que o produtor tenha condições pelo Plano Safra, por um taxa de juros mais adequada. Se não der fôlego, todo o Brasil pagará”, finalizou.
O presidente da Comigo, Antonio Chavaglia, também lembrou da necessidade da redução dos juros para que o produtor que quer investir no agro não fique prejudicado. “Precisamos que os nossos parlamentares olhem pelo agro. Não há como investir e garantir o preço se o juro não acompanhar a queda da taxa Selic”, ressaltou.
Os três senadores que representam Goiás no Senado Nacional – Lúcia Vânia (PSB), Ronaldo Caiado (DEM) e Wilder Morais (PP) manifestaram-se durante a feira em apoio à reestruturação da confiança que o Brasil e os investidores precisam dar ao agro. Já o vice-governador José Eliton, que na ocasião representou o governador Marconi Perillo, discursou pela questão do equilíbrio no tratamento das dificuldades que o setor enfrenta.
Também defenderam o setor e falaram da necessidade de investir cada vez mais em infraestrutura e na melhoria da cadeia produtiva da agropecuária os deputados federais Heuler Cruvinel (PSD) e Lissauer Vieira (PSB), assim como o presidente da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), Márcio Lopes de Freitas.
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) e vice-presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), José Mário Schreiner, destacou que a questão dos armazéns também é crucial para combater os antagonismos que o agronegócio vive, enquanto o prefeito de Rio Verde, Paulo do Vale, reforçou a necessidade do agro recobrar o respeito de todos os setores e poderes, e enfatizou que o município será a capital do futuro para a produção de alimentos, tornando-se a ‘Vale do Silício da agricultura’.
Com a presença do governador de Goiás, Marconi Perillo, no dia 4, foi realizado o lançamento de um novo programa voltado à geração de energia fotovoltaica nas propriedades rurais – o Programa Agroenergia do Banco do Brasil. O protocolo de intenções, assinado durante o evento, estabeleceu a viabilização da aquisição e instalação de usinas geradoras de energia elétrica de fontes renováveis pelos produtores rurais e empresas goianas, dentro das ações do Programa Goiás Solar do Governo do Estado.
Entre os objetivos da iniciativa estão a redução do custo de produção, a auto-suficiência na geração de energia, produção e utilização de energia limpa e transferência de tecnologia ao campo. Também são esperadas a manutenção da renda, geração de novos empregos e a ampliação dos negócios com os setores agropecuário e empresarial.
Marconi Perillo ressaltou que, além de impactar positivamente no meio ambiente, o uso da energia solar também deve trazer benefícios para o produtor que hoje ainda paga muito alto pela conta de energia elétrica. “Essa implantação da energia fotovoltaica no estado, além de auxiliar no cumprimento dos objetivos definidos na COP-21, de Paris, para redução da emissão de poluentes, também vai melhorar a economia. Temos exemplos aqui trazidos pelo Banco do Brasil que mostram uma redução significativa para o produtor na conta, o que possibilitará que ele invista em outras áreas”, destacou.
Para o diretor de Agronegócios do Banco do Brasil, Marco Túlio Moraes da Costa, o Programa Agroenergia Banco do Brasil, lançado em Rio Verde – que segundo ele é inspirado na iniciativa do Goiás Solar – pretende servir de modelo para ser replicado em todo o País. Marco Túlio reforçou que a intenção é aproveitar a Caravana do FCO que esteve no evento e que seguirá para outros doze municípios nos próximos dias para apresentar os recursos ao produtor para que possa aplicar na questão da energia.
“Para 2017 temos condições de aplicar e investir no campo. São R$ 10 bilhões do FCO para a região Centro-Oeste, dos quais R$ 2,8 bilhões só para o estado de Goiás. E temos certeza de que, assim como os outros anos, vamos utilizar todo o recurso e ainda solicitar outra parte que outros estados não conseguirão utilizar”, sinalizou.
A abertura da feira também foi palco para a assinatura do protocolo de intenções com o Fórum do Futuro, projeto que visa transformar a cidade de Rio Verde (GO) numa referência global do alimento saudável, sustentável, resiliente ao aquecimento climático e socialmente inclusivo. A proposta é uma parceria entre Instituto Fórum do Futuro, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG) e o IF Goiano.
“Esse nosso projeto desenvolve-se na cabeça daqueles que são competentes e têm liderança para manter a chama da inovação. Tenho certeza que Rio Verde se transformará numa das capitais da produção mundial de alimentos saudáveis”, explicou Alysson Paolinelli, Presidente do Fórum do Futuro. Ele detalhou que o projeto está agora em nova fase. “Estamos buscando as áreas que têm competência de subir o segundo degrau, trabalhando com o que há de mais inovador em tecnologia agropecuária. O Centro-Oeste, com o Cerrado, é uma delas. Hoje ela não é somente uma região produtora de grãos. Aqui também se produz tubérculos, hortaliças e verduras, com um valor agregado maior”, disse.
Os principais assuntos que direcionam o dia a dia no campo e que orientam o produtor de como melhorar produtividade e ganho em rentabilidade estiveram em evidência na Tecnoshow 2017. É o caso do mercado de grãos, que foi tema de palestra na feira. De acordo com o consultor Flávio França Júnior, o mercado está instável e é preciso que o produtor esteja atento e acompanhe todas as oscilações que podem ocorrer, quer seja por oferta em outros países, crescimento de área plantada e influências da política externa. Ele explicou que no caso do milho, por exemplo, se comparado aos últimos dois anos, houve diminuição do preço, mas que ainda está dentro da normalidade em um ano de safra cheia. “O preço do milho consegue ficar acima do preço mínimo, especialmente porque devemos colher bem esta safra de inverno que está terminando, então o preço está razoável para o produtor. Uma vez que ele tem uma boa colheita, com mais produtividade, ele pode ter um preço mais baixo”, destacou.
De acordo com o engenheiro agrônomo e doutor em Ciência e Tecnologia de Semente, Paulo Djalma Zimmer, resultados positivos vem ocorrendo e são reflexo de uma revolução que acontece no campo, com agricultores mais atentos a detalhes diretamente ligados ao aumento da produtividade. “Essa mudança não decorre somente do ambiente, mas de outras práticas que estão sendo mais observadas e cuidadas, o que reflete em mais produção. Nós acordamos para desejar o máximo desempenho da atividade agrícola, tirando mais proveito da genética, do ambiente e do manejo”, ressaltou. Zimmer disse que agricultores precisam observar mais a lavoura, que segundo ele, tem uma capacidade produtiva muito maior do que se imagina. “O ambiente é um fator muito complicado, mas tem várias coisas que podemos fazer para uma lavoura dar certo além de olhar a previsão do tempo”, reforçou o professor.
As variações do mercado pecuário também foram debatidas pela consultora de mercado, Lygia Pimentel. Ela abordou oito itens que o produtor precisa saber sobre planejamento estratégico, quantificação, tendências, diagnósticos e soluções para o mercado. Lygia explicou que a crise econômica registrada nos últimos anos ocasionou um efeito em cadeia no consumo da carne bovina entre os brasileiros, chegando a mínimas históricas em 2015 e 2016, quando os números registraram valores de quinze anos atrás.
A crise da economia por dois anos consecutivos, conforme relatou, influenciou na queda do PIB brasileiro superior a 3%, que derrubou a renda per capita do brasileiro em quase 10% e que, somada à inflação e ao alto nível de desemprego, fizeram o poder de compra voltar a níveis de 2003. “A demanda de carne é elástica e varia conforme a renda. O brasileiro prefere comer carne todo dia, mas se ele não puder, ele ainda vai sobreviver, então acaba cortando o consumo e trocando por carnes mais baratas como frangos e suínos”, analisou.
Lygia, no entanto, acredita em oportunidades a longo prazo. “Se a gente analisar estrategicamente, tudo isso traz uma oportunidade para o produtor. Com o advento tecnológico e aumento da produtividade, não interessa quantas cabeças o produtor tem, mas quantas arrobas ele produz. O aumento do consumo virá do aumento da disponibilidade”, informou. No entanto, ela ainda alerta para a necessidade de acompanhar os desdobramentos do mercado, com as conseqüências da Operação Carne Fraca e o Funrural, que podem alterar o panorama do mercado pecuário nos próximos meses.
A iniciativas assim, que mudam a face de Goiás e quiçá do Brasil, aplausos de pé a personagens que fazem a história da economia brasileira. Como Chavaglia e seus demais companheiros!

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