Opinião

Deficiência intelectual não é obstáculo

Diário da Manhã

Publicado em 5 de abril de 2017 às 03:02 | Atualizado há 8 anos

Há certos momentos de superação que nos enchem de orgulho.  Foi o que aconteceu há pouco, na sede da  Cedae/Rio, quando se formou a primeira turma de aprendizes com deficiência intelectual.  Onze jovens completaram o curso depois de 17 meses de intenso trabalho, no qual contaram com a colaboração da Cedae, do Rio Solidário, do Ciee/Rio, da Faetec e da Fundação Roberto  Marinho.  Quando  o jovem Argicilan pegou o microfone e saudou seus colegas e a numerosa plateia, não houve quem deixasse de se comover intensamente.

Aliás, foi uma festa de muita emoção, a partir do começo, quando se exibiu o Coral Sidney Marzulo, criado pelo Ciee em parceria com a Fundação Cesgranrio.  É constituído de deficientes da visão.  Cantam excepcionalmente bem, sob a regência do Maestro Eder Paolozzi e a colaboração de Luíza Lima.  Apresentaram, sob aplausos, as músicas “Trenzinho do caipira” e “Alfabeto do sertão”.  Uma prova de que a deficiência não lhes tirou a capacidade de cantar admiravelmente bem.

Depois, foi a cerimônia propriamente dita, com os discursos  de Maria Lúcia Cautiero Horta Jardim (presidente do Rio Solidário), Jorge Briard (presidente da Cedae) e do presidente do Ciee/Rio, comprovando que é possível, graças a saudáveis parcerias, transformar vidas,  No caso, eram 11 formandos com deficiência intelectual abrigadas pela Cedae no Programa de Aprendizagem, graças ao Decreto nº 8.740, onde são estabelecidas cotas  sociais.

Uniram-se órgãos públicos, entidades sem fins lucrativos e integrantes do sistema S com o objetivo de divulgar e sensibilizar o empresariado brasileiro para o cumprimento da cota de aprendizes e a contratação de adolescentes e jovens em risco de vulnerabilidade social.  O Decreto nº 8.740 é de 4 de maio de 2016 e nele se estabelece o público preferencial a ser contratado,  onde figuram adolescentes egressos do  sistema socioeducativo ou em cumprimento de medidas socieducativas, jovens em cumprimento de pena  prisional e ainda jovens adolescentes com deficiência.  O seu objetivo é amplo e está em curso, com o pleno atendimento de instituições assistenciais como  o  Centro de Integração Empresa  Escola, que atua no Rio de Janeiro há mais de 50 anos.

Ficou claro, na  mencionada solenidade, que a Cedae busca o social, como prioridade, e que a Rio Solidário, como foi dito pela sua presidente, Maria Lúcia Horta Jardim, esposa do governador Luiz Fernando Pezão, valoriza a educação para o trabalho, promovendo a devida seleção de alunos.

O que há de muito relevo, em tudo isso, é a ampla discussão sobre os objetivos do Decreto nº 8.740, que tem grande importância no que hoje se entende por assistência social.  Já fizemos uma enorme confusão entre assistência social e educação, mas hoje os campos estão bem definidos, como compreendemos no Ciee em suas múltiplas atividades.

 

(Arnaldo Niskier, da Academia Brasileira de Letras, Presidente do Ciee/Rio e Doutor em Educação)


Leia também

Siga o Diário da Manhã no Google Notícias e fique sempre por dentro

edição
do dia

Impresso do dia

últimas
notícias