Campanha da Fraternidade e a necessidade de se envolver
Diário da Manhã
Publicado em 30 de março de 2017 às 02:29 | Atualizado há 8 anos
A fraternidade é a vivência que mais incentiva a prática dos valores cristãos conforme o Evangelho de Jesus Cristo, dos apóstolos e de todos aqueles comprometidos com a evangelização.
Para despertar o espírito comunitário e cristão no povo de Deus, comprometendo em especial, os cristãos que visam o bem comum a partir da justiça e do amor, surgiu nas Igrejas particulares do Brasil a saber, igreja Católica, a Campanha da Fraternidade (CF), que se inicia todos os anos na quarta-feira de cinzas, junto com a quaresma e estende-se durante o ano e visa também renovar a consciência da responsabilidade de todos pela ação da Igreja na evangelização, na promoção humana e na libertação dos irmãos, principalmente os mais pobres e empobrecidos.
A Campanha da Fraternidade nasceu por iniciativa de Dom Eugênio de Araújo Sales, em Nísia Floresta, Arquidiocese de Natal, como expressão da compaixão e da solidariedade em favor da dignidade da pessoa humana, das filhas e filhos de Deus.
A Campanha da Fraternidade tornou-se expressão de conversão, comunhão e partilha entre os irmãos, sejam eles de qualquer credo ou religião. A conversão para transformar e reconciliar. A comunhão para partilhar, no sentido de contribuir tanto na comida, moradia, saúde, emprego, acesso à educação, quanto à justiça e o amor fraterno, para construir aqui na Terra o Reino de Deus.
Cada ano, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) reúne-se e elabora um tema, um lema e o material necessário, como cartazes, texto base orações e hinos para a divulgação do assunto central, além de uma arrecadação de bens materiais, coletas e outras contribuições que são destinadas para obras de ação social e comunitária.
São promovidos encontros com grupos e famílias até a Páscoa, onde se detectam os problemas mais urgentes e, que necessitam de assistência da comunidade local, pois o nosso próximo é o próximo mais próximo.
A Campanha da Fraternidade acontece desde 1964 e, desde então, já foram vários os temas e lemas, sendo estes selecionados de acordo com a realidade como: Reconstruir a casa – Onde está o seu irmão?; Saúde e Fraternidade – Saúde para todos; Educação e Fraternidade – A verdade vos libertará; Co-responsabilidade – Somos todos iguais, somos todos irmãos; Fraternidade e Política – Justiça e paz se abraçarão; Fraternidade: Igreja e Sociedade – Eu vim para servir, dentre outros.
E neste ano de 2017, o tema e o lema da CF é: “Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida” e o lema é: “Cultivar e guardar a Criação”. É necessário cuidar, cultivar a vida presente na Criação. Unir o Brasil nas mais diferentes regiões. De norte a sul será feita uma conscientização dos problemas que acontecem em cada “Bioma” e encontrar soluções possíveis para os seis conjuntos dos biomas.
Passados mais de 50 anos da CF no Brasil, os seus objetivos ainda não foram alcançados devido à pouca participação do povo mais favorecido em prol dos mais necessitados e, é bem provável que muitos ainda nem sabem o porquê, os objetivos e a finalidade desta Campanha, mas a conscientização está melhorando a cada ano e por acréscimo, a conversão e colaboração também.
Nota-se que, a CF deste ano, não se afastou do que vem propondo-se ao longo dos anos, que é despertar na sociedade o cuidado com a criação divina. E como o meio ambiente faz parte da criação divina, é há anos vem sofrendo grandes impactos, que põem em risco as riquezas dos biomas brasileiros, veio bem a calhar este tema, uma vez que, a CF vai promover relações fraternas com a vida e a cultura dos povos à luz do Evangelho, tendo como peça chave as crianças, que geralmente levam para casa os argumentos estudados nos encontros catequéticos e, assim, ajudam os adultos a pensar no assunto.
A CF vem mostrando com o passar dos anos, que seu olhar deixou de ser só com os pecados pessoais e sociais. Pois seus temas e lemas nos leva a um olhar mais holístico e sistemático da situação, ou seja, a preocupação é tanta com o ser humano, como com seu meio ambiente. Pois ambos são motivos de grandes preocupações e os desafios são enormes, uma vez que, o ser humano é quem vem destruindo o meio ambiente, sem se preocupar com a sua destruição.
É preciso despertar a preocupação com os povos e o meio ambiente, no maior número de pessoas possível. Pois como disse o Papa Francisco em um de seus discursos: “o meio ambiente é como nossa casa comum”, por isso precisamos olhar com cuidado. Se destruímos o meio ambiente, estamos nos destruindo. Ainda que não pareça, o meio ambiente merece total atenção e todas as iniciativas que venham a contribuir com sua preservação e prevenção são bem-vindas. O que não podemos fazer é, fechar olhos, ouvidos, cruzar os braços e dizer: não é problema meu.
(Waldir Soares, deputado e delegado)