Opinião

Patrulha rural georreferenciada é novidade em Goiás

Redação DM

Publicado em 31 de janeiro de 2017 às 00:56 | Atualizado há 8 anos

Conter o crime no campo com o que há de mais moderno em termos de inteligência, comunicação e tecnologia é o que se espera da parceria pioneira no Brasil entre a iniciativa privada e o governo do Estado. O             novo modelo de patrulha rural foi lançado ontem em Goiânia entre a Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária e a Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), na sede desta entidade. Na oportunidade, foi criada, também, a Delegacia Estadual de Crimes Rurais. O segmento espera que ambas as iniciativas dêem maior segurança e paz ao meio rural.

Pela sua importância, o evento contou com a presença do vice-governador José Eliton, do presidente da Assembleia Legislativa, Hélio de Souza, dos presidentes da Faeg e da Faeg, José Mário Schreiner e Pedro Alves de Oliveira, da vice-presidente da SGPA, Ana Maria Miranda, de deputados federais e estaduais, prefeitos, vereadores, policiais militares e civis, entre outras autoridades.

O presidente da Faeg, José Mário Schreiner, fez considerações sobre a criação da Patrulha Rural Georreferenciada. O modelo foi adotado inicialmente no município de Catalão, na região sul – goiana. A idéia é ampliar o programa de segurança pública no campo para o resto do Estado. Cerca de 60 municípios já serão abrangidos e outros deverão ser acrescidos de forma gradual.

Na sua explanação, José Mário observou que os produtores tinham apenas como preocupação as condições do clima no plantio e na colheita. “Agora sua preocupação é com a segurança da família, sobretudo quando chega a noite”, chamando a atenção para os furtos e roubos de máquinas, implementos agrícolas, adubos, gado e até crimes de morte. O presidente da Faeg disse que os produtores sempre contaram com o respaldo da PM “nos crimes de invasões de terras e a respectiva reintegração de posse por ordem judicial”.

O coronel Costa Araújo, da Segurança Pública, manifestou-se contrário ao ato de “desarmar pura e simplesmente o cidadão do campo”. Segundo o militar, “nesse caso, a pessoa precisa de sua arma para se defender”. Frisou, contudo, não ser favorável ao uso indiscriminado de uma arma de fogo.

O deputado Hélio de Souza, presidente da Assembléia Legislativa, demonstrou por sua vez preocupação com o quadro atual de violência que chega também ao rural. Considera que o setor agropecuário responde com crescente produção de alimentos e energia, gera e mantém empregos e responde de forma positiva na economia graças ao seu PIB.

O vice-governador José Eliton, responsável também pela pasta da Segurança Pública, garantiu que há avanços no setor. Ressaltou o papel da Faeg na parceria entre governo e iniciativa privada. Enumerou a construção de novos presídios em várias cidades, entre elas Orizona, Anápolis, Trindade, Quirinópolis, Rio Verde, Britânia, Jataí, Itauçu, Itarumã, São Francisco, Paraúna, Edéia.

Na sua visão, a paz social tem um preço, que reside nas questões estruturantes e na complexidade de sua natureza. Lembrou a propósito de encontro de nível nacional para discutir o tema segurança pública, em Goiânia. Os três poderes estiveram representados por suas mais altas expressões. Num arroubo de inconformismo, disse: “A Polícia prende e seis meses depois o criminoso está solto pela justiça”. E arrematou sob aplausos gerais: “Assim, criamos uma farsa, a da cultura da impunidade”. E atribuiu essa conduta ao pensamento ideológico do PT. “Uma completa inversão de valores na sociedade”. Hoje, “precisamos ter coragem para agir”.

Para o vice-governador “a segurança é feita com inteligência e tecnologia, sobretudo para se combater o crime organizado”. Ao governo Marconi Perillo fez um elogio, observando que as reformas postas em andamento resultaram fatores positivos. Se no meio do funcionalismo, houve redução da folha de pagamento, este fator permite que a Segurança Pública aumente o seu efetivo em 12%.

Para o primeiro tenente Vinícius de Melo Roldão, a experiência da Patrulha Rural Georreferenciada em Catalão trouxe resultado “inovador”, que será posto em prática num universo imediato de 60 municípios. O sistema teve apoio do Sindicato Rural e graças ele em 2015 os furtos e roubos no meio rural do Município decaíram. O sistema de georrefenciamento facilita a localização das propriedades.

Desenvolvido pela Polícia Militar de Goiás o programa Patrulha Rural Georreferenciada estreita o vínculo de confiança entre produtores e a PM. Nesse sistema inédito de parceria, o sindicato rural fornece à Polícia Militar os equipamentos imprescindíveis a um bom trabalho. Entre eles, os aparelhos celulares, aplicativos de WhatsApp, drones, banco de dados eletrônicos, identificação dos produtores e familiares da região, georreferenciamento, entre outros de tecnologia contemporânea.

Após o cadastramento das propriedades, gera-se um número seqüencial de identificação e em seguida é confeccionada uma placa que será fixada em local visível e estratégico na propriedade rural. O uso de drones, por exemplo, é algo inédito e tem sido utilizado inclusive na segurança de Estado nos Estados Unidos. Graças a esse sistema, acoplado ao satélite, a CIA pode pegar Osama Bin Lader.

 

(Wandell Seixas é jornalista voltado para o agro, bacharel em Direito e Economia pela PUC Goiás, ex-bolsista em cooperativismo agropecuário pela Histradut, em Tel Aviv, Israel, e autor do livro O Agronegócio passa pelo Centro-Oeste)

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