Opinião

Olavo de Castro – um grande gentleman…

Redação DM

Publicado em 29 de janeiro de 2017 às 00:39 | Atualizado há 8 anos

Semana que finda triste – com o passamento da figura ilustre de Olavo de Castro – um homem sensível – de grande categoria – um gigantesco empreendedor…

Mineiro de Uberaba – casado com sua prima Norma Rodrigues da Cunha Castro – herdeira de grandes extensões de terra – cujo o sobrenome de importante família remete isso – assim como os Caiado aqui – descendentes de Torquato Ramos Caiado – de seu filho Totó Caiado e agora de Caiadinho – Antônio Ramos Caiado Filho…

Olavo primo modesto desse ramo fez triplicar a fortuna de Norma – quando mudou-se para Goiás – no início dos anos 50…

Agropecuarista de grande sucesso – minerador – enfim embrenhou-se por segmentos que lhe prometia – e saiu-se vitorioso – como todo homem de bem – correto – sensato – trabalhador – que ama o seu próximo…

Além de garboso – alto – elegante – de voz grave – que convence – sua carismática figura rompeu os horizontes de Goiás e do Brasil…

Talvez o maior legado visível que Olavo de Castro nos deixa – é seu elegantérrimo Castro Park Hotel – prestes a completar 31 anos – o primeiro e único “cinco estrelas” de Goiás…

Acompanhei de longe a construção desse hotel…

Até quando o vi completamente construído todo revestido de granito rosa – altaneiro na confluência da sempre nobre República do Líbano – com Rua 3 – Setor Oeste…

E depois de ouvir comentários a boca pequena sobre a têmpera de arrojo e categoria de Olavo de Castro – resolvi procura-lo em seu muito elegante escritório da Rua 7 – Setor Oeste – justamente no fundo do seu belo e importante futuro hotel…

Pessoas arrojadas – são estrategistas – vocês sabem – e não deitam nos louros da fama. Estão sempre buscando – eis a chama que move gente dessa categoria. Eles querem é realizar cada vez mais…

Só que dentro do princípio da ética – da transparência – da correção – e sobretudo – do amor ao próximo – pois ninguém faz nada absolutamente sozinho…

Somos uma equipe – de solidariedade e retribuição…

Assim era Olavo de Castro – bem resolvido – galante ciente de si e de seu poder…

Um homem que conquistava qualquer pessoa – pois era sempre alegre, festivo e amigo dos amigos – enfim um homem lindo – valorizava sobremaneira – o ser humano – como deve ser…

Sabendo que o hotel estava em fase conclusão o procurei em seu escritório quando fui muito bem recebido pelo seu genro também “gentleman” de grande categoria – Airson Machado de Araújo – que Deus o tenha no mais alto do Céus…

Pois “Pitico” – como era chamado – se portava como um devotado filho sob encomenda – já que Norma e Olavo de Castro – só tiveram duas adoráveis filhas – Ângela e Silvana – quando ele se desdobrava em atenções e gentilezas – numa perfeita extensão do seu sogro-pai – Olavo de Castro…

Coisa muito rara de ver em 1985 – imagina hoje – onde praticamente vivemos numa deplorável Lei da Selva…

Pois bem! Empolgado com o crescente sucesso que Olavo de Castro – naturalmente transmitia – na construção de seu hotel – sua atitude de otimismo me contagiou…

Naquela época – além de escrever para a tradicional e lamentavelmente extinta revista “Oásis” – escrevia e representava para todo o Centro Oeste brasileiro – a revista “Interview” – grande sucesso editorial nacional que surgiu em São Paulo – de meados dos anos 70 até quase final dos 90…

Publicação originalmente fundada em Nova Iorque – pelo empreendedor publicitário e depois fundador da “pop-art” – o super criativo e por isso aclamadíssimo – Andy Warhol…

Quando fiz merecida citação do hotel na revista…

Não satisfeito ao visitar a bela grega – a tradicional colunista Alik Kostakis , que escrevia na “Folha da Tarde” – filhote da imbatível “Folha de S. Paulo” – do arrojado, adorável e sempre amado guru Otávio Frias Filho – em seu poderosa casa escritório – em pleno burburinho civilizado da muito elegante Oscar Freire – em São Paulo – que se firmava como comércio de luxo da bela e indomável megalópole da América do Sul…

Alik Kostakis juntamente com o inigualável Tavares de Miranda – dono de uma página inteira na “Ilustrada” – da “Folha” – quem davam as cartas do verdadeiro “high” de São Paulo – onde as poderosas e muito inesquecíveis anfitriãs como – Renata Mellão – que hospedou a Rainha Elizabeth II, em sua fazenda, quando da única visita de Sua Majestade – ao Brasil, em 1968 – para a inauguração oficial do Masp – do super empreendedor jornalista – Assis Chateaubriand…

Alicia Scarpa, sua concunhada Patsy Scarpa – mãe do Chiquinho idem – Vera Salem, Miriam Moreira da Costa, Eliana Selmi Dei Roxo, Eleonora Mendes Caldeira – hoje Rosset – a elegantíssima e muito discreta Neidinha Ugolini de Morais – cunhada do avesso Antônio Ermírio de Morais – a sempre discreta Sada Jafet – que recebia com o grande gentleman – Rafael Jafet – no seu até hoje elegantíssimo e tradicional “San Raphael Hotel”, no Largo do Arouche – no centro chique de São Paulo…

Figuras emblemáticas que brilhavam com todo fulgor e grande categoria nessas importantésimas colunas…

Pois batendo ponto como fazia costumeiramente quando ia a SP – no poderoso bunker da adorável e muito simples Alik Kostakis – ela me perguntou como de costume – as novidades…

Quando prontamente me propus sentar sobre sua máquina de escrever e passar a merecida nota que – “o poderoso agropecuarista de Goiás – Olavo de Castro estava concluindo seu hotel “cinco estrelas” – sem financiar um cinzeiro se quer – tudo a peso de boi – do seu extenso e famoso plantel”…

Foi o mote para também a ultra bem informada e queridíssima musa de Brasília – Consuelo Badra – repetir a deixa em sua também poderosa coluna no “Jornal de Brasília” – que pertencia ao respeitado – Grupo Jaime Câmara, de Goiânia…

Olavo de Castro – sempre distinto e muito grato – me telefonou autorizando três meias páginas coloridas – bem entendido, uma raridade na época – em meses sucessivos na tradicional revista “Oásis” – no espaço onde eu assinava…

A minha lua de mel com a queridíssima família não parou ai…

Fui convidado para todos os esplendorosos eventos da inauguração do “Castro’s” – assim igualmente para os do primeiro aniversário do hotel – com direito a hospedagem no final de semana e jantar de gala em seus elegantes salões – e de quebra – show da cantora Joana – grande sucesso da época, em 1987…

Quando fiz 40 anos, em 1998 – fiz questão de festejar a data com um almoço de mulheres – uma inovação aqui – em nosso palácio “number one” – quando Silvana de Castro Mendonça – diretora de Alimentos e Bebidas do hotel – que ficou empolgadíssima com a ideia – fez tudo para o sucesso daquele significativo evento – inclusive um “preço de irmão”…

Foi a sempre linda e muito adorável Silvana da Cunha Castro Mendonça – que no início de 1999 me atinou para marcar o segundo almoço com antecedência…

De pronto ela abriu o computador e já agendou a data…

Fiquei maravilhado com a tecnologia – quando ela ficou indignada quando disse que – não possuía um monitor em casa…

Diante da minha penúria financeira como sacerdote do bom jornalismo – ela não titubeou – sacou seu talão de cheques e me ofertou de bom grado R$ 1.000,00 – hum mil reais – para comprar o meu primeiro computador – que conscientemente não fiz – pois necessitava desse providencial montante para outras prioridades mais prementes…

Estou super emocionado escrevendo isso…

E vejo na correção e obstinação de Olavo de Castro a construção de um mundo melhor – num pequeno perfil – desse grande e exemplar homem – que nos deixa..

 

(Jota Mape, jornalista e relações públicas graduado pela UFG, presta seus serviços na Comunicação Setorial da Semarh e atua informalmente mercado de antiguidades e raridades decorativas. e-mail: [email protected])

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