Cotidiano

Uma tragédia, três vítimas

Redação DM

Publicado em 27 de janeiro de 2017 às 00:46 | Atualizado há 5 meses

A tragédia aconteceu na cidade de Jataí. Idis Paulo Queiroz, 70 anos, era advogado militante, e o crime chocou a cidade.

Ele foi baleado na cabeça enquanto dormia. Chegou a ser socorrido e transferido para o Hospital dos Rins, em Goiânia, não tendo resistido e vindo a óbito.

Adis Paulo Queiroz é pioneiro da advocacia em Jataí, tendo fundado naquela cidade a sucursal da OAB. Também foi o primeiro presidente daquela subseção.

Segundo a Polícia Militar, o filho de 21 anos, Idis Junior Souza de Queiroz, confessou haver cometido o crime.

Relatou que na noite do dia 24 passado viu a arma no guarda roupa do pai e decidiu cometer o crime, o que o fez na madrugada do dia 25/01.

Ele morava na mesma casa em que os pais, com sua esposa e filha de 8 meses.

Apurou-se que logo após o disparo que vitimou o pai, Adis Junior desceu as escadas da casa e confessou o crime para sua esposa. A mãe do autor, esposa da vítima, Cláudia souza Barbosa ligou para o Samu, que procedeu ao socorro.

Ele confessou o crime aos policiais e não resistiu à prisão.

A arma encontrava-se no quarto.

O jovem foi detido e preso pela Polícia Militar.

A Polícia Civil divulgou que o jovem já havia sido detido duas vezes em 2016: no mês de janeiro por roubo qualificado e em setembro por tentativa de roubo. Idis Junior havia deixado a cadeia há pouco tempo por interferência direta do pai, que, advogado, que havia convertido a pena por medida de internação. Também já havia sido internado em clínicas de reabilitação para dependentes químicos.

Ele alegou que estava sob ameaça do pai de nova internação.

O delegado Elexandre Cézar Rossignolo, delegado titular do Grupo de Investigação de Homicídios (GIH) de Jataí, Goiás, divulgou, na tarde de ontem, 26, uma carta escrita pelo suposto autor, onde ele aponta as razões que o levaram a cometer o crime.

As alegações de Idis Junior contra o pai

Idis Junior Souza Queiroz entregou uma carta para a polícia, onde ele relata os motivos que teriam o levado a cometer o homicídio contra o pai.

Ele conta que foi muito reprimido durante toda sua vida.

Relata que aos 10 anos de idade, por apresentar peso acima do normal, era obrigado pelo pai a escrever mil linhas com os seguintes dizeres: “não devo engordar.”

Aos 16 anos, foi contratado pelo pai um segurança para andar com ele. O intuito era que fosse vigiado pelo pai, o que o levou a um término de namoro.

Também relata que era mantido preso na fazenda do pai em uma cela que havia sido construída para mantê-lo em cárcere privado.

Então, Idis Junior argumenta que encontrou na maconha um modo de se acalmar diante da opressão do pai, tendo por isso tornado-se usuário.

Ao final, Idis relata:

“Ele me traumatizou a vida inteira e se não fizer isso, vou ser internado.

não vou ver minha filha tão cedo e ela será traumatizada assim como eu fui.

Eu me encontro livre da maconha há dois anos”.

 

Carta

Confira a carta de Idis Junior Souza de Queiroz na íntegra:

“A minha vida toda fui saindo do espeto e caindo na brasa na mão de meu pai, Dr. Idis Paula de Queiroz. Ele é um homem desequilibrado que acha que controla a tudo e a todos com o seu dinheiro.

Tudo começou quando eu tinha apenas 10 anos de idade. quase todo dia era dia de pesar. Se engordasse, apanhava e era obrigado a escrever no caderno cerca de 1000 linhas ‘não devo engordar’.

O tempo foi passando e esse tipo de coisa se sujeitando.

Quando eu tinha cerca de 16 anos arrumei minha primeira namorada e meu pai arrumou um segurança, Tivemos alguns atritos verbais e esse segurança se dirigiu até a casa da avó de minha namorada disse para a avó de minha namorada: ‘esse menino não gosta da sua neta não. ele só está com ela porque não pode andar sozinho e quando ele completar a maioridade ele vai largá-la. Fim de relacionamento. Foi naquele dia mesmo.

Passou um tempo meu pai construiu uma cal na fazenda e me trancou lá e ficou me dando água pela grade. Quando me perguntaram porque seu pai fazia isto com você?

Porque eu tentava me aliviar de tanto sofrimento fazendo o uso de maconha.

que se piorasse muito a minha situação fui internado diversas vezes em clínicas de recuperação, onde fui obrigado a tomar diversos tipos de remédios e foi me dados laudos médicos que não batiam nem um pouco com o meu perfil de pessoa.

Na realidade, fui taxado com vários problemas mentais que não tenho e fui informado pelo meu pai que teria que tomar remédios controlados para o resto da vida.

Quando saí de minha última internação, em MG – ITOP, eu decidi que não iria mais fazer uso de maconha para tentar uma vida normal. Porém meu pai já estava muito acostumado a controlar a minha vida e não tive muita liberdade, sempre tentando esquivar de sua possessão sufocante mas sempre saindo do espeto e caindo na brasa.

Frequentando a casa de oração conheci uma mulher que hoje é a mãe de minha filha.

Após dois meses do nascimento da minha filha,  minha esposa teve que fazer uma cirurgia para retirar a vesícula. Após a cirurgia ela teve que manter o repouso e para a neném não desmamar o médico permitiu e disse que iria fornecer um berço e hospital para a neném continuasse com a amamentação materna.

Meu pai não permitiu. Argumentou que a neném pegaria vírus no hospital e a trouxe para casa e após o término do repouso da minha esposa a neném não quis mais o leite materno. Desacostumou a mamar na mãe e teve que começar a tomar leite em lata, devido a todos problemas que eu já tinha enfrentado na mão de meu pai.

Entendo que ele fez isso para tentar controlar a situação com seu dinheiro, pois leite de lata é caro. Há um tempo atrás eu tinha cometido um assalto e a polícia chegou através de um rastreamento de celular e o delegado pediu um mandado de prisão.

A juíza Dr.ª Stella. Meu pai conseguiu na justiça com laudos médicos que eu respondesse em liberdade, mas foi me imposto que eu só poderia ficar na rua até 8 horas da noite. Eu acatei e durante cerca de 8 meses minha vida estava da seguinte forma: na parte da manhã no escritório de advocacia com ele  trabalhando, a tarde também, depois no tênis na AABB, depois  na casa de oração e voltando para casa para cumprir o horário que me foi imposto.

No dia 10 de outubro de 2016 fui preso por um crime que não cometi. Fui surpreendido por policiais na porta de minha casa por volta das 3 e meia da tarde quando estava para o clube realizar atividade física.

Passei 41 dias no presídio injustamente e meu pai conseguiu em Goiânia com os desembargadores através de laudos psiquiátricos que eu respondesse dentro de uma clínica porque não era apto para responder pelos meus atos, mas na verdade sou.

Passados uns 40 dias de internação, passei a questionar se ele não iria provar minha inocência. ele me disse que era para eu ficar cerca de 6 a 8 meses na clínica mostrando bom comportamento, que ele tentaria com o juiz que esse tempo eu ia para a fazenda terminar de cumpri a pena lá.

Que aos finais de semana iria me trazer para ver minha filha e no domingo retornasse a clinica em um dos finais de semana que ele me trouxe eu fui para tentar achar algum advogado que pudesse provar minha inocência.

Porém não consegui e voltei para casa e disse que era para ele provar minha inocência que não era justo responder pelo que não fiz. Ele me enrolou até hoje dizendo que iria provar. Mas descobri que ele estava tramando me internar em Minas Gerais novamente. Então eu o matei com seu revólver que achei guardado em seu guarda-roupa.

O que me levou a fazer isso foi o seguinte pensamento: ele me traumatizou a vida inteira e se não fizer isso vou ser internado, não vou ver minha filha tão cedo e ela será traumatizada assim como eu fui.

Eu me encontro limpo de maconha há dois anos.”

 

Nota de pesar da oab

A Ordem dos Advogados do Brasil através de seu presidente, Lúcio Flávio Siqueira de Paiva, lamentou a morte do advogado e divulgou:

“Foi com imenso pesar que recebi, na noite desta quarta-feira (25), a lamentável notícia da morte do advogado Idis Paulo de Queiroz, fundador e ex-presidente da Subseção de Jataí. Compartilho da imensa tristeza que acomete a advocacia goiana neste momento, em especial a advocacia da cidade de Jataí. A morte de Idis deixará uma lacuna imensa, difícil de ser preenchida. Os méritos do nobre colega o tornaram uma figura ímpar dentro do Direito em Goiás e não haverá homenagens o suficiente para expressar todo nosso carinho e gratidão. Que Deus dê muita força a todos os familiares e amigos, e que sua memória permaneça entre nós, como exemplo de profissionalismo e dignidade a ser perseguido por toda a advocacia”. Lúcio Flávio Siqueira de Paiva Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Goiás

Ele foi o fundador e primeiro presidente da subseção de Jataí.

 

Nota de pesar de maguito vilela

Também o ex-prefeito de Aparecida de Goiânia Maguito Vilela, com consternação, se pronunciou:

Estou profundamente enlutado diante da trágica morte do meu amigo e advogado Idis Paulo de Queiroz nesta quinta-feira, 26. manifesto os meus sinceros sentimentos aos familiares e amigos e desejo que Deus conforte os corações de todos.

Dr. Idis Paulo de Queiroz foi fundador e primeiro presidente da subseção da OAB em Jataí. Advogado muito competente, que colaborou com o desenvolvimento de Jataí e com quem eu tive a honra de trabalhar na advocacia. A advocacia e a sociedade jataiense se encontram de luto.


Pais que matam filhos e filhos que matam pais

Caso Itaberli Lozano

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O adolescente Itaberli Lozano foi assassinado pela própria mãe Tatiana Lozano Pereira, 32 anos, numa emboscada, porque era homossexual assumido. Itaberli foi morto em dezembro de 2016 ao voltar para casa. Em primeiro depoimento, a mãe confessou à polícia que teria matado o próprio filho a facadas.

Posteriormente a mãe mudou a versão, negando a autoria.

Ela e o padrasto, Alex Pereira, foram indiciados por homicídio doloso.

Dario Rosa, tio do adolescente, disse à reportagem que a mãe não aceitava a orientação sexual do filho, que, ainda segundo o tio, era gay, e que essa pode ter sido a causa do crime.

“Uma mãe tem que amar o filho, não matar. A família está dilacerada, vai ser difícil nos recuperarmos”, disse o tio.

O advogado do casal informou que a mãe nega qualquer relação entre a orientação sexual do filho e o crime. “O problema que ela teve com ele foi as ameaças que ele fez e o comportamento por causa da droga. Ela tem fotos com ele e amigos gays, mas ele mudou por causa da droga e passou a ameaçar a todos”, disse.

 

Caso Suzane von Richthofen

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Em 31 de outubro de 2002, os pais de Suzane von Richthofen foram mortos a pauladas enquanto dormiam. Os assassinatos foram planejados por Suzane e executados pelo então namorado da jovem, Daniel Cravinhos de Paula e Silva, e pelo irmão dele, Cristian Cravinhos de Paula e Silva. Os três foram condenados pelo crime.

 

 

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