Opinião

A arte de se perder e se achar

Redação DM

Publicado em 15 de janeiro de 2017 às 00:14 | Atualizado há 8 anos

Na minha última viagem de férias, andando pelas ruas de Buenos Aires, me vi em vários momentos com a sensação de estar completamente perdido, mesmo sendo a minha octogésima vez naquele destino. Na verdade, o foco era encontrar algo que pudesse valer o passeio do dia: ainda que fosse uma paisagem exuberante, uma loja transada, um café simpático ou uma sombra convidativa num daqueles incríveis parques portenhos.

Por dentro, me sentia feliz, livre, aberto às descobertas, ainda que, por vezes, o estômago apertasse, de tempos em tempos, numa sensação típica de quando nos deparamos com coisas novas na vida.

Foi no movimento de me perder e, lá na frente, me achar, que muitas coisas da minha vida prática passaram a fazer sentido. Se não arriscamos, perdemos a oportunidade de nos surpreender. Se planejamos muito, engessamos possibilidades e jogamos fora um precioso tempo que lá na frente pode nos fazer falta. E ainda se nos lançamos ao desconhecido, corremos riscos, sim, de não encontrar o caminho de volta ou ainda de nos deparar com uma situação embaraçada – risco equivalente ao de desvendar novidades e surpreender-se.

Tudo na vida é risco. E as pessoas que se arriscam mais, em tese, têm mais chances de aprofundar a jornada. Quem dera se fosse tão fácil, não é mesmo? Porque, considerando isso, entra em jogo o repertório de vida de cada um, as crenças limitantes, os medos, a capacidade de correr riscos, a abertura (ou falta de), entre outros fatores.

O perder-se e o achar-se são simbólicos e, em muitos casos, transitórios. Algo que fez muito sentido durante bastante tempo pode simplesmente deixar de fazer. Num estalar de dedos. O mundo atual tem nos desafiado a encarar esta realidade. Tudo muda o tempo todo. E exige de nós esta habilidade de adaptação. Se sairá melhor quem entender esta dinâmica antes!

Temos, portanto, o direito de escolher resistir ou nos entregar ao novo, haja vista que começo de ano é tempo propício para pensar nestas coisas, para ponderar o que se conecta ou não com nossos propósitos e também para “viajar” na arte de se perder e se achar. Assim mesmo: tudo junto e misturado.

 

(Flávio Resende, jornalista, empresário e coach ontológico)

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