O Natal segundo Francisco
Redação DM
Publicado em 28 de dezembro de 2016 às 01:37 | Atualizado há 8 anos“Estamos próximo ao Natal: teremos luzes, festas, árvores luminosas e presépio. Tudo falso: o mundo continua fazendo guerras. O mundo não entendeu o caminho da paz”. (Papa Francisco)
Na verdade, o Natal que a humanidade comemora tem pouco a ver com o nascimento de Jesus. Biblicamente, “Ele nasceu um dia em Belém da Judeia. Seu nascimento foi singular, simples e humilde”(Jo 1: 1-3).
Um dos textos mais conhecidos sobre o Natal encontra-se na Bíblia, em Lucas 2:1-14: “Naqueles dias, César Augusto publicou um decreto ordenando o recenseamento de todo o Império Romano. E todos iam para a sua cidade natal, a fim de alistar-se.”
Assim, José também foi da cidade de Nazaré, na Galileia, para a Judeia e Belém. Enquanto estavam lá, chegou o tempo de nascer o bebê, e Maria deu à luz o seu primogênito. Envolveu-o em panos e o colocou numa manjedoura porque não havia lugar para eles na hospedaria.
Havia pastores que estavam nos campos próximos, durante a noite, tomavam conta dos seus rebanhos. O anjo lhes disse: “Não tenham medo. Estou trazendo boas-novas de grande alegria para vocês, que são para todo o povo: Hoje, na cidade de Davi, nasceu o Salvador, que é Cristo, o Senhor. Isto servirá de sinal para vocês: encontrarão o bebê envolto em panos e deitado numa manjedoura.”
O Natal verdadeiro descrito no Evangelho de Lucas foi encarnado por Francisco de Assis que, como o menino de Belém, despojou-se dos bens, assumiu a pobreza, passou a viver entre os humildes e desfavorecidos, elegeu a natureza como sua casa e protegeu os animais com quem convivia.
A mensagem de Natal proclamada na vida de Francisco de Assis foi se desfigurando através dos tempos em um mundo capitalista, consumista e voltado aos bens materiais. Natal passou a representar festas, a troca de presentes, as compras (a melhor data para o comércio), ceias luxuosas, viagens e encontros familiares. Longe de tudo isso está o verdadeiro sentido cristão do Natal que deveria ser a celebração do amor, simplicidade, solidariedade e paz.
Mais do que Jesus, o Natal passa a ser a festa de Papai Noel. Esta tradição começou inspirada na figura de São Nicolau, um bispo do século III, o Papai Noel responsável por trazer os presentes das crianças no Natal, segundo a tradição. Desta forma crianças não falam mais da vinda de Jesus e sim na fantasia do Papai Noel.
O Natal de Francisco resume-se em frases por ele ditas:
“Natal é você quando se dispõe, todos os dias, a renascer e deixar que Deus penetre em sua alma; Você é a decoração de Natal, quando suas virtudes são cores que enfeitam sua vida; A luz de Natal é você quando com uma vida de bondade, paciência, alegria e generosidade consegue ser luz a iluminar o caminho dos outros; Você é o anjo do Natal quando consegue entoar e cantar sua mensagem de paz, justiça e de amor.”
Façamos de nosso Natal o desejo a favor das crianças que, como Jesus, nasceram e vivem na pobreza rezando com o papa: “Jesus Menino. Penso em todas as crianças assassinadas e maltratadas, hoje, seja naquelas que o são antes de ver a luz, privadas do amor generoso dos seus pais e sepultadas no egoísmo de uma cultura que não ama a vida; seja nas crianças desalojadas devido às guerras e perseguições, abusadas e exploradas sob os nossos olhos e o nosso silêncio cúmplice; seja ainda nas crianças massacradas nos bombardeamentos, inclusive onde o Filho de Deus nasceu. Ainda hoje, o seu silêncio impotente grita sob a espada de tantos Herodes. Sobre o seu sangue, estende-se hoje a sombra dos Herodes do nosso tempo. Verdadeiramente há tantas lágrimas neste Natal que se juntam às lágrimas de Jesus Menino.”
(Gil Barreto Ribeiro, professor emérito/PUC-Goiás e diretor editorial da Editora Espaço Acadêmico)