Entenda porque o Nubank pode chegar ao fim
Redação DM
Publicado em 19 de dezembro de 2016 às 18:31 | Atualizado há 9 anosMedidas propostas pelo Banco Central e que possivelmente serão confirmadas nesta terça-feira (20), podem fazer um dos emissores de cartão de crédito que mais crescem no Brasil fechar as portas. O Nubank pode chegar ao fim com uma mudança que prevê antecipação no prazo de pagamento das vendas aos lojistas.
O que acontece hoje é que quando um consumidor paga qualquer mercadoria com um cartão, o lojista demora 30 dias para receber. É isso que pode mudar, conforme o que foi oficializado na última quinta-feira (15) pelo presidente Michel Temer e pelo Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, durante lançamento de pacote para impulsionar a economia.De acordo com a proposta esse prazo seria reduzido para apenas dois dias, como acontece nos EUA, o que contribuiria para a melhorar da economia, já que favorecerá o varejista.
Porém, para o Nubank essa diminuição no prazo para o pagamento trará um um custo adicional com o qual a empresa não pode arcar. De acordo com a cofundadora da empresa, Cristina Junqueira, se essa mudança for efetivada, o Nubank terá pagar antes de receber o pagamento da fatura pelo cliente e para isso, terá que pegar recursos no mercado.
“Atualmente, um cliente que usa o cartão pagará a fatura, em média, 26 dias depois. Assim, o Nubank, como emissor, receberá o dinheiro apenas após este prazo”, explica Cristina. “Com o dinheiro, pagamos o adquirente (operador do cartão), que leva mais dois ou três dias para pagar o varejista. Isso dá o prazo de 30 dias”, descreve em notícia veiculada pela Revista Exame.
Para ela, mesmo que a mudança fosse de 15 dias não haveria saída para o Nubank: “Nós já fizemos algumas simulações. Com dois dias é apagar a luz e fechar a porta. Com 15 dias, a gente precisaria de quase R$ 1 bilhão de capital adicional do dia para a noite.”
A mudança vai representar o fim do negócio porque, diferentemente de bancos maiores e que dominam o mercado, o Nubank e os emissores menores não têm a mesma capacidade de financiamento.
Cristina afirma que no mercado brasileiro não há como conseguir uma capitalização deste valor no curto prazo. “E, mesmo que os outros bancos emprestassem o dinheiro, eu não tenho margem para pagar o custo mensal da dívida”, diz.
Especialistas no mercado financeiro acreditam ainda que a mudança vá impactar negativamente não apenas emissores, mas também adquirentes menores e alguns varejistas que não possuem parceria com grandes bancos.
Em informações veiculadas pela mídia especializada, o governo afirma que estuda a questão e, ainda, que pode optar por mudanças nos juros do rotativo do cartão de crédito e não no prazo para pagar o varejista.