Para lembrar a literatura goiana
Redação DM
Publicado em 29 de novembro de 2016 às 00:51 | Atualizado há 9 anosA jornalista Ana Cláudia Rocha relança o livro Memórias de Rocha – Vida e Obra de Benedito Odilon Rocha, que traz a produção literária do autor, seu pai, Benedito Odilon Rocha, incluindo poemas, contos e crônicas inéditos que ele escreveu por mais de 50 anos, além de fatos marcantes da vida do autor. O evento acontecerá nesta terça-feira (29), no decorado Lumina Marista, realizado pela Opus Inteligência Construtiva e Sousa Andrade Construtora. Na ocasião, será apresentado ainda um curta-metragem baseado na vida do escritor, intitulado Floração de Caraíba, dirigido pela jornalista Cássia Fernandes. O livro havia sido lançado em abril deste ano em ocasião da comemoração ao centenário de nascimento de Benedito Odilon Rocha.
O livro, organizado pela filha, celebra o centenário do nascimento do jornalista, poeta, músico e membro da Academia Goiana de Letras. Nascido em Corumbá de Goiás, Benedito Odilon Rocha surpreendeu grandes nomes da literatura mundial, como Pablo Neruda e Graciliano Ramos, com a qualidade de seus textos, alguns premiados em concursos. Benedito Rocha morreu em 1990, deixando textos inéditos. Os cerca de 70 convidados poderão apreciar menu assinado pela chef Cinara Matteucci e brindar junto à anfitriã da noite a obra e os legados da vida do escritor goiano.
Benedito Odilon Rocha foi membro, ocupando a cadeira 32, da Academia Goianiense de Letras, hoje tendo como Titular, seu filho Helio Rocha. Ele escreveu, entre outros, 50 Anos de Poesia (1988). Benedito é pai de Hélio Rocha, Reinaldo Rocha, Ana Cláudia Rocha e Eduardo Rocha, que tornaram-se também respeitáveis jornalistas. Maria das Graças, Laila e Beatriz Rocha formaram-se professoras. Edgar Rocha tornou-se médico e Paulo Rocha formou-se engenheiro.
Benedito foi jornalista, escritor e poeta, ensaísta, pesquisador, memorialista. Intelectual, pensador, ativista. Produtor cultural, literato, cronista. Contista, administrador, educador. Ficcionista, conferencista, orador. Benedito Odilon faleceu em 2 de setembro de 1990, com 74 anos de idade, sua esposa, Ana Vale Rocha, morreu oito anos depois, em 1998, com 75 anos de idade.
Entrevista com a autora Ana Claúdia Rocha:
DMRevista: Qual era a temática dos textos de seu pai? Tratavam-se de temáticas de cunho regional ou universal?
Tanto como escritor como músico ele sempre exaltou as coisas da terra, especialmente de sua cidade natal, Corumbá de Goiás. Falava de natureza, de personagens da cidade. Nas poesias, nas crônicas e contos e nas composições musicais . Mas, ao mesmo tempo, sempre foi um homem antenado com o mundo. E levava o que via no mundo para a sua produção cultural. Era uma pessoa multicultural que expressava essa diversidade em seus textos.
DMRevista: Os textos de Benedito Odilon Rocha alcançaram o reconhecimento de autores e públicos além do Estado de Goiás, ou mesmo fora do País? Ele manteve contato com outros autores?
Ele conviveu na infância e na adolescência com os escritores Bernardo Élis e José J. Veiga, que nasceram um ano antes dele na mesma cidade. Estudaram e brincaram juntos. Começaram suas produções culturais juntos. Mas Benedito não saiu de Corumbá na primeira fase da vida. Depois viveu em Goiânia. Escreveu durante toa a vida mas só foi lançar o primeiro livro (50 Anos de Poesia) no final dos anos 80. Talvez por humildade, pois nunca gostou muito de se exibir. Teve muitos textos publicado em jornais. Sua poesia A Caraíba ganhou um concurso internacional realizado em Goiânia nos anos 50. No júri estavam escritores como Pablo Neruda. Seu conto A Filha foi selecionado por Graciliano Ramos para uma antologia que ele lançou. Por isso sua obra tem o reconhecimento.
DMRevista: Qual foi o estímulo que despontou sua necessidade de republicar os textos de seu pai? São trabalhos já publicados ou material inédito também entra na coletânea?
Antes de morrer ele tinha publicado apenas um livro. Mas havia demonstrado o interesse de publicar outros. Após sua morte sempre pensamos nisso sem nunca termos realizado esse sonho que era dele e se tornou nosso. O tempo foi passando. Agora, no ano do centenário de nascimento dele, decidi desenvolver um projeto multicultural, como foi a produção dele. O livro é uma dessas etapas. Foi lançado inicialmente em abril, na data do seu nascimento. Depois foi lançado em Corumbá de Goiás. Agora fazemos esse novo lançamento para fechar esse ano de comemorações. O livro traz poemas que foram lançados no primeiro livro, mas tem também textos inéditos em poesia. E reúne contos, crônicas e artigos inéditos, além de letras e partituras musicais e fotos históricas. Também traz textos de familiares e amigos sobre a carreira e a vida do autor. É uma obra completa.
DMRevista: Você é jornalista, portanto vive uma proximidade com a escrita, mas seguiu os passos de seu pai no caminho da literatura?
Acho que o jornalismo foi uma herança dele, que também atuou como jornalista e ajudou a fundar importantes jornais em Goiás. Dos nove filhos de Benedito, quatro são jornalistas (Hélio, Reynaldo e Eduardo, além de mim). Um neto e uma bisneta seguiram o mesmo caminho. Mas a literatura para mim ainda é um desejo. Quem sabe um dia…