Respeito à mulher: o exemplo é fundamental
Diário da Manhã
Publicado em 17 de agosto de 2018 às 23:28 | Atualizado há 7 anos
Amigas e amigos, a discriminação, a desvalorização e a violência contra a mulher, que encontram seu ponto máximo de crueldade no feminicídio, não podem mais ser toleradas e acontecerem numa sociedade que se pretenda civilizada e moderna. A propósito, estamos em pleno “Agosto Lilás”, uma campanha que visa sensibilizar a sociedade sobre a violência doméstica e familiar contra a mulher e divulgar a Lei Maria da Penha.
Um dos motes da campanha é “Em briga de marido e mulher se mete a colher, sim!”, para demonstrar que é importante denunciar e interferir ao presenciar uma mulher sendo agredida. Os movimentos em defesa das mulheres têm aumentado e se organizado no Brasil, mas ainda há muito a ser feito e essa onda de conscientização e união social contra o machismo e suas consequências não pode parar. Não há mais espaço para retrocessos.
Contudo, focando na questão da educação e da conscientização das pessoas, destaco aqui as violências moral e psicológica. Humilhar, xingar e diminuir a autoestima, desvalorizar moralmente ou debochar publicamente de uma mulher constituem uma violência tão nociva quanto tantas outras.
Recentemente, foi com muito pesar que tomei conhecimento de que o meu colega vereador Jorge Kajuru fez citações ofensivas, nas redes sociais dele, à primeira-dama de Goiânia, a ex-deputado federal Dona Íris, e à secretária municipal de Saúde Fátima Mrué, chamando-as, respectivamente, de “canalha” e “vagaba”. As duas são, como todas as mulheres, dignas de respeito. E Dona Íris é uma pessoa que se dedicou a vida inteira a trabalhar por Goiás e pelos goianos. É uma mulher corajosa, pioneira na política, dedicada às causas sociais e respeitada e conhecida em todos os 246 municípios do nosso Estado.
Além da ofensa em si, da intenção de ferir, as palavras usadas contra elas ofendem a condição feminina delas e são carregadas de preconceitos machistas e de misoginia. Discordo enfaticamente dessa postura. Sou contrário a esse comportamento tanto como político, como presidente da Câmara Municipal, como cidadão, homem, e, sobretudo, como ser humano.
Foi justamente para combater o assédio e a desvalorização das mulheres, ancorados em discursos machistas e em todas as suas manifestações, que idealizei e instituí, em 1º de março de 2017, a Campanha “Não Vai Ter Psiu!” na Câmara Municipal de Goiânia. A campanha não tem cor partidária, é aberta para a comunidade e seus eventos são voltados para a Região Metropolitana.
Não se trata de uma bandeira apenas dos movimentos feministas, a igualdade de direitos entre os gêneros tem que ser defendida por todos. Eu sempre tenho dito e repito: Não haverá Justiça Social de fato enquanto mulheres e homens não tiverem os mesmos direitos e o mesmo valor social. Eu luto e trabalho muito em defesa da igualdade de direitos ente os gêneros, especialmente na política e na família.
Nos eventos da “Não Vai Ter Psiu!”, formadores de opinião e especialistas de vários setores debatem amplamente com a sociedade o combate à cultura machista e também sobre como cobrar do Poder Público a criação e o fortalecimento de estruturas para amparar as mulheres, orientá-las, protegê-las e combater esses tipos de crimes no País.
Defendo o papel fundamental da família no combate à violência contra a mulher. A desconstrução da cultura machista começa na educação com direitos iguais para meninas e meninos e nos exemplos dados pelos pais ou responsáveis. Aí destaco o papel do exemplo: ele deve partir de todos, especialmente das figuras públicas e com expressivo alcance social. Em se tratando de um político, um legislador, essa responsabilidade é ainda maior.
(Andrey Azeredo, advogado, vereador pelo MDB e presidente da Câmara Municipal de Goiânia)