O motor e o emocional
Redação DM
Publicado em 7 de agosto de 2018 às 22:00 | Atualizado há 7 anos
O Desenvolvimento Motor/Coordenação Motora é um conjunto de habilidades que envolvem não somente o ato motor em si, mas a percepção visual, sensorial, o equilíbrio, a lateralidade e o controle emocional. Os desenvolvimentos destas áreas podem ser despertados nas crianças também através de atividades como brincar, pular, montar quebra-cabeças, desenhar e recortar.
Especialistas apontam que as crianças iniciam esses processos ainda nos primeiros meses de vida. E sabe como? Com ações simples como, por exemplo, se segurar e levantardoberçooudacama, quando iniciam os primeiros passos, através das mordidas, em atos como levar a mãoatébocaeemoutrosmovimentos que elas irão fazer ainda nos primeiros meses de vida. Tudo isso é muito significativo para a aprendizagem e já podem ser considerados habilidadesdecoordenaçãomotora.
Jáestácomprovadoqueascrianças que são incentivadas e trabalhadas com propriedade na área motora são mais seguras emocionalmente. Isto irá interferir na aquisição da linguagem e da escrita. Elas se tornam pessoas mais centradas e conseguem fazer a divisão de tarefas com mais habilidade como, por exemplo, na hora de estudar (atividade que requer concentração), e na hora de brincar (que permite a distração). Assim, elasconseguemir deumextremoaooutrosemperder o foco do que foi proposto.
Para Sueli Bravi Conte – doutoranda em Neurociências, Psicóloga e Educadora –, os profissionais de educação infantil precisam estar sempre atentos e trabalhar com o olhar mais habilidoso possível, pois é nesta fase que as crianças, através das brincadeiras e histórias infantis, entram em contato com o “mundo” da aprendizagem formal. Para que essa questão seja percebida, a educadora explica como orienta seus professores. “Sempre oriento os professores a explorar atividades commassinhasdemodelar, brincadeiras com cordas, pinturas livres e direcionadas, brincadeiras no parque, brincadeiras com areia colorida, papel para amassar, deixar as crianças livres para explorar os espaços, incentivar recortes de revistas e papéis, apresentação de figuras, brincadeiras de roda, sentar e levantar”, declara Sueli Conte.
A leitura dos símbolos e seus significados também está ligada à área motora. Alguns especialistas já tentaram separar o desenvolvimento motor do cognitivo, porém, sabemos que é impossível. “Quando a criança domina a fase de andar ou correr, ela está se apropriando do seu espaço físico, assim, o cérebro emite a ela uma mensagem de segurança e reconhecimento dos espaços que ela pode ocupar”, explica a educadora.
A Neurociência já explicou estes movimentos associando-os ao funcionamento cerebral. A criança brinca de colorir e seu cérebro emite a ela o movimento de segurar objetos. A motricidade para Montessori é a expressão da ação voluntária relacionada a funções rítmicas, persistência e controle inibitório para realizar uma tarefa.
O desenvolvimento motor dá à criança a segurança necessária que ela carregará em toda a sua vida. Sensações e emoções, como o medo ou a insegurança, podem ser frutos de uma fase motora mal trabalhada e/ou desenvolvida com insegurança, como o simples fato de demorar a andar ou a falar. É necessário, nesta fase dos primeiros movimentos, dar o estímulo, mas deixar a criança experimentar, proporcionando-lhe a confiança, porém, sem evitar que ela possa, por exemplo, ao se deslocar, esbarrar em objetos ou mesmo se desequilibrar e voltar a se levantar sozinha. São sinais de conforto para que ela possa adaptar-se ao mundo em que convive e sentir-se segura. A própria memória irá se conectar através do aspecto motor.
A criança que adquire a habilidade firme com as mãos será capaz de escrever com propriedade, de direcionar seu olhar para a interpretação de textos, porque aprendeu a enxergar em linhas retas, conseguirá decifrar os códigos e terá habilidade para interpretar os objetos.