Cotidiano

Brasil sob guerra psicológica

Redação DM

Publicado em 20 de julho de 2018 às 02:35 | Atualizado há 7 meses

2018 tem sido palco de uma grande disputa pelo eleito­rado. Partidos e candidatos criaram um cenário aterrador onde ideias diferentes têm tomado cor­po e se apresentam para a popula­ção, que tem que lidar com valores de várias tendências. Tanto àquelas vestidas de direita e àquelas traja­das de esquerda buscam fisgar os votos da população que, segundo as pesquisas dos últimos anos, não vê representatividade da nação nos políticos e candidatos que aí estão.

Os candidatos estão definidos, e a população tem que lidar com a difícil tarefa de entender as muitas propostas apresentadas. A novi­dade está no fato de que os candi­datos travam na cabeça do eleitor uma guerra mental que se coloca quanto aos valores que irão tabu­lar a direção da sociedade após outubro deste ano.

A família, o movimento LGBT, a etnia negra e os movimentos fe­ministas reivindicam seus espaços sociais e de poder. Desta manei­ra, o imaginário coletivo busca al­ternativas de mudanças, já que a sociedade como está posta parece não agradar, face ao pedido de mu­danças desde 2013, da posse deste novo presidente que governa à re­velia da aceitação popular.

MANTERRUPTING CONTRA MANUELA D’ÁVILA

Fato recente foi a entrevista de Manuela D’ávila no Programa Roda Viva, 25/06, que levantou sus­peitas de boicote e perseguição. Cogita-se que a candidata do PC do B à presidência da República tenha sido interrompida 62 vezes duran­te a entrevista, o que demonstrou um festival de manterrupting. Em inglês essa palavra é uma junção de man (homem) com interrup­ting (interrupção) e é usada para explicitar situações em que um ou mais homens fica(m) interrom­pendo a fala de uma ou mais mu­lheres, impedindo que ela(s) con­clua(m) o que estava sendo dito.

O momento em que isso ficou mais evidente foi quando o entre­vistador Frederico D’Ávila – que é assessor de Jair Bolsonaro – per­guntou a Manuela se ela é a favor da castração química. Em respos­ta, a deputada começou a falar so­bre cultura do estupro, dizendo que a solução para o problema está na educação. Frederico não deixou ela concluir o que dizia, introduzindo à conversa uma indagação sobre na­zismo e Exército Vermelho – o que nada tinha a ver com a questão do estupro. Além disso, o homem tam­bém chegou a dizer que a cultura do estupro não existe, o que tirou dela a possibilidade de expressar suas ideias, dando ao entrevista­dor espaço para se posicionar so­bre o tema, o que foi uma inversão de propósito, já que a entrevistada era a pré-candidata à presidência.

ARMA PARA TODOS

Jair Bolsonaro defende ‘armas para todos’. “Arma, mais do que a defesa da vida , é a garantia da nos­sa liberdade”, defendeu Bolsonaro em encontro em Curitiba. Diante de 2 mil apoiadores, muitos deles fardados e armados, o deputado do PSL/RJ também pré-candidato à presidência, fez apologia ao uso de armamento de fogo, inclusive por civis. “Na próxima vez, quero ver 200 pessoas armadas aqui den­tro,” disse ele, sob aplausos. Du­rante o evento, o presidenciável recebeu de presente um boneco com sua imagem, faixa presiden­cial e fuzil nas mãos. Seus proje­tos apresentados na Câmara Fede­ral tratam de assuntos polêmicos, como o que quer permitir que pa­cientes em fases terminais possam acessar tratamentos experimen­tais (PL-4510/2016). Outro proje­to de sua autoria visa não caracte­rizar como crime atos de defesa do patrimônio, a fim de resguardar a defesa ao cidadão (PL-2832/2015). Também de sua autoria, um proje­to de lei agrava a pena sobre os cri­mes de pichação (PL-7421/2014). Também faz parte de seu discurso o moralismo. E com foco nos evan­gélicos, Bolsonaro participou da ‘Marcha para Jesus’ em São Paulo no mês de maio deste ano, ao lado do pastor Silas Malafaia.


Leia também

Siga o Diário da Manhã no Google Notícias e fique sempre por dentro

edição
do dia

Impresso do dia