Cotidiano

Caiados desbravadores

Diário da Manhã

Publicado em 17 de julho de 2018 às 02:00 | Atualizado há 4 meses

  •  Os Caiados têm uma história dedicada ao desenvolvimento do Estado de Goiás, desde a busca da estrada de ferro até a abertura de estradas que ainda hoje se constituem em via de escoamento das riquezas de Goiás

 

A família Caiado, quando se radicou em Goiás, com Manoel Caiado de Sousa, o fez na intenção de fincar raízes por aqui, produzindo riquezas, e não atrás das riquezas como, por exemplo, a atividade de garimpo.

Segundo o historiador da fa­mília, Alexandre Ramos Caiado, nos idos de 1890, Antônio Ramos Caiado, mais conhecido como Totó Caiado, estudou na Faculdade de Direito do Largo do São Francis­co. A região acolhe alguns marcos importantes da história paulista­na e é considerada um dos princi­pais conjuntos de arquitetura bar­roca da cidade de São Paulo. Nesta época, as condições eram desfa­voráveis, pois não havia estradas. Desta maneira, Totó Caiado saiu de Goiás e viajou até Jundiaí a cavalo, para depois pegar o trem de ferro e, enfim, chegar na capital paulista.

Formou-se em dois cursos: Ciências Sociais e Direito. O pri­meiro em Ouro Preto, Minas Ge­rais e o segundo em São Paulo. Tanto o curso de Ciências So­ciais como o de Direito davam ao bacharel a possibilidade de exercer a advocacia. Antônio Ra­mos Caiado era doutor em Direi­to, curso que concluiu com nota máxima e duas menções honro­sas: distinção e louvor.

Totó Caiado foi um dos com­batentes da Revolta da Armada (1893). À época, era estudante e lutou no Rio de Janeiro para de­fender a República. Ao voltar para Goiás, já formado, sofreu persegui­ções políticas e por isso teve difi­culdades para exercer a advocacia.

A mãe de Pedro Ludovico, que era sua amiga, vendo sua dificul­dade, emprestou-lhe um dinhei­ro. Totó Caiado investiu tudo na compra de gado, tendo adqui­rido uma tropa no vão do Pa­ranã, Goiás, região do nordeste goiano. Atravessou o Brasil to­cando esse gado e depois ven­deu-o no Chaco Boliviano, re­gião a sudeste da Bolívia, o que demonstra sua vontade de em­preender. Para chegar ao Chaco, é bom que se frise, era necessá­rio passar pelo Pantanal Mato­-grossense, região até hoje de di­fícil manejo de gado.

Foi um dos responsáveis pela chegada da estrada de ferro, cujas obras estavam paralisadas em Araguari, até Goiás, uma de suas realizações como deputa­do federal nos idos de 1909, jun­tamente com o então senador Eugênio Jardim. Com a estrada de ferro, veio o desenvolvimento.

Totó Caiado lutava pela inte­riorização do País e sua história registra isso. A Marcha para o Oes­te foi feita pelo governo de Getúlio Vargas para incentivar o progres­so e a ocupação do Centro-Oeste, onde havia muitas terras desocu­padas, e data de 1930.

Posteriormente, o legado pas­sou para seu filhos, Emival Caiado e Elcival Caiado, que foram parla­mentares pelo Estado.

Brasil Ramos Caiado foi presi­dente do Estado de Goiás de 1925 a 1929. No ano anterior, 1928, Brasil Ramos Caiado abriu uma estrada que ligava a cidade de Goiás ao Sí­tio da Abadia, no nordeste goiano, também conhecido como a trípli­ce fronteira: Goiás, Minas e Bahia. Ela passava por Formosa e foi im­portante porque dava mobilidade para Estados importantes.

O Governo de Leonino di Ramos Caiado (1971-1973 e de 1973-1975) consagrou-se, também, porque abriu estradas que traziam desen­volvimento para o Estado, como a que sai da cidade de Goiás até Ara­guapaz e vai até São Miguel do Ara­guaia. É a atual estrada que vai até Aruanã, passando por Faina, Mo­zarlândia, Nova Crixás, São Miguel do Araguaia, Bandeirantes e Luiz Alves. O Estádio Serra Dourada é legado de Leonino. Na educação, Leonino investiu na infraestrutu­ra das escolas públicas espalhadas por todo Estado. As famosas esco­linhas de tijolinho vermelho.

LEGADO DOS CAIADOS PARA GOIÁS

Quando assumiu uma vaga na Câmara Federal em 1954, Emival Ramos Caiado tinha como propó­sito trazer a Capital Federal para Goiás dentro do projeto iniciado por Getúlio Vargas denominado de Marcha para Oeste. Emival ouvia isso dentro de casa, e não desistiu até realizar os intento do seu pai, de quem herdou essa missão.

Em 1955, foi autor de um projeto (Resolução n.º 19/1955) que previa a constituição de uma Comissão de Mudança da Capital da República.

Em 1956 Juscelino Kubitschek torna-se presidente da Repúbli­ca, mas quando assumiu já esta­va em andamento no Congresso Nacional movimentos que luta­vam para que a futura Capital fosse trazida para o Centro-Oeste brasi­leiro. Nesta época Pedro Ludovi­co era governador do Estado de Goiás. Este defendia que a Capi­tal Federal fosse para o triângu­lo mineiro, o que foi voto vencido.

 



É criada a Universidade Federal de Goiás, com sede em Goiânia, capital do Estado de Goiás, integrada ao Ministério da Educação e Cultura–Diretoria do Ensino Superior e incluída na categoria constante do item, artigo 3º da Lei n.º 1.254 de 4 de dezembro de 1950), e justificou: “A UFG é fundamental para a reunião e fortalecimento do patrimônio cultural da região”

 

PROJETOS DE EMIVAL CAIADO

Transferência da Capital Federal do Rio de Janeiro para o Centro-Oeste Escola de Engenharia do Brasil Central

Projeto n.º 1.229/1956 dispõe sobre a subvenção à Escola de Engenharia do Brasil Central, prevendo sua função formadora de profissionais do interior, onde predominava o bacharelato.

Emival Caiado foi autor da lei que transferiu a Capital Federal do Rio de Janeiro para o Centro-Oeste (Lei n.º 1234/1956, que dispunha sobre a mudança da Capital Federal para a região do Planalto Central) e demarcava os pontos cardeais da área que constituía o Distrito Federal.

Reforma do Judiciário

Emival Caiado enfrentou este tema através da Emenda Constitucional n.º 9/1957, embora não tenha chegado a bom termo, atesta o documento a vontade do parlamentar em ajustar à realidade o desempenho do Judiciário.

Universidade Federal de Goiás Projeto de Elcival Caiado–De Uniana a UEG

Elcival Ramos Caiado foi deputado estadual e federal. É de sua autoria o projeto de lei que criou a Universidade Estadual de Anápolis–Uniana, precursora da Universidade Estadual de Goiás–UEG.

Legado Jurídico Instituto Agronômico do Centro-Oeste

Albatênio Caiado de Godói foi diretor da Faculdade de Direito da UFG de 1934–1937. Detém o registro da OAB/ GO n.º 001. Também foi o primeiro advogado a presidir a ordem. Antes dele, presidiam a ordem juízes de Direito, o que demonstra pioneirismo e luta pela classe.

A coragem e a determinação são as cargas históricas desta família que, até hoje, sobressai às intempéries de cada momento político e deixa sua marca de desenvolvimento. Vivemos tempos difíceis! É verdade. Contudo, ao revermos o passado goiano, temos o que comemorar. O progresso não anda mais de carro de boi.

Projeto n.º 2.795/1961, institui o auxílio-desemprego, face a crises de trabalho naugura


Leia também

Siga o Diário da Manhã no Google Notícias e fique sempre por dentro

edição
do dia

Impresso do dia

últimas
notícias