Cotidiano

Na contramão do estereótipo

Redação DM

Publicado em 11 de julho de 2018 às 01:37 | Atualizado há 7 meses

Instituições jurisdicionadas, pertencentes à Federação da Indústria cuja responsabili­dade é bastante clara: formação de mão de obra para a indústria. Assim define Paulo Vargas, diretor regional do Senai e superintenden­te do Sesi. Eis o sistema “S”, que ele mesmo ajudou a construir.

O Serviço nacional de aprendi­zagem industrial (Senai) foi cria­do para estar alinhado à indústria, acompanhando a evolução, o cres­cimento e sua modernização. A missão é preparar recursos huma­nos: qualificar, formar, requalificar, aperfeiçoar. Paulo Vargas revela que a indústria de Goiás é muito diversificada. São 35 segmentos filiados à Federação: construção, confecção de roupas, confecção de calçados, alimentos, café, mi­neração, material elétrico, farmo­químico, dentre outros. O compro­misso do Senai é com a grande, a média, a pequena e a micro indús­tria, sendo que esta ocupa grande espaço no sistema.

O Senai tem forte vínculo com as indústrias; seja com a Federa­ção, seja com os sindicatos pa­tronais, seja com os sindicatos laborais, articulações com o as prefeituras nos municípios onde estão presentes, com as associa­ções comerciais, com os meios empresarial e industrial, a fim de formar parcerias, ações con­juntas, somando esforços para fazer mais e melhor.

O Senai Goiás está presen­te nos principais polos indus­triais do Estado: eixo Goiânia-A­nápolis-Aparecida, Catalão, Rio Verde, Itumbiara, Quirinópolis, Mineiros, Niquelândia, Minaçu, onde tem unidades fixas. Dispo­nibiliza também uma rede de unidades móveis quais sejam, oficinas auto-transportáveis que são deslocadas pelo interior do Estado ou para outros Estados, atendendo a demanda da indús­tria e até para cidades onde exis­te uma unidade fixa, mas preci­sa de um reforço.

Vargas cita como exemplo a cidade de Jataí. Se lá não existe uma unidade de solda, a unida­de móvel se deslocar para lá po­dendo oferecer o serviço. Outra estratégia de trabalho são ações móveis: quando você desloca um conjunto de máquinas, agrega­dos mecânicos, instrutor, mate­rial didático ou outros recursos para dentro de uma indústria, do sindicato, do centro comunitário, do colégio, em um ambiente ce­dido pela prefeitura, onde o Se­nai possa desenvolver suas ati­vidades. O Senai tem uma forma muito dinâmica e diversificada de promover educação profissio­nal no Estado, através de uma es­tratégia extremamente dinâmica, leve e fácil. As parcerias que o Se­nai compreendem grandes em­presas, como a Hyundai, Ford, Eletrolux, Danfoss, Didier De­brosse, têm permitido o desen­volvimento de ambientes de en­sinos bem atualizados e próximos das necessidades das indústrias conveniadas. Os laboratórios da automação industrial, de eletro eletrônicos, de pneumática, hi­dráulica, de informática, quími­ca, mecânica, solda, permitem o atendimento de 80 a 90% das de­mandas apresentadas.

“Ademais, se surgir uma deman­da de uma indústria que por aca­so o Senai de Goiás não esteja em condições de atender, temos a pos­sibilidade de recorrer a um outro regional, porque somos uma rede integrada de escolas”, afirma.

UNIDADES

Hoje existem 26 unidades do Se­nai, algumas já integradas com o Sesi. Os regionais Goiás, Mato Gros­so e Paraná trabalham com deman­das que porventura aquele regional não esteja em condições de aten­der, recorrendo ao outro, que pode ser São Paulo ou Bahia, etc.

As atuações variam e com­preendem toda parte da mecâ­nica industrial, parte automotiva, artes gráficas, alimento, bebidas, construção, farmoquímica, den­tre outras, ou seja, o básico que a indústria precisa.

Paulo Vargas confirma que o Senai está muito bem preparado e instrumentalizado, não só na Capital mas como nas cidades do interior. O trabalho é desenvolvi­do em sintonia com o meio em­presarial através dos sindicatos patronais, de lideranças empre­sariais, associações,etc. As esco­las do sistema “S” das indústrias são muito articuladas com a ci­dade e a região em que atuam. E esclarece: “A escola de Rio Verde não pertence à cidade de Rio Ver­de, mas à toda a região.”

Para se ter uma ideia, a área do terreno da escola é de 20.000 m² e tem cerca de 8.000 m² de área construída.

A interação com o meio in­dustrial é primordial, pois as prioridades e demandas, após identificadas, são trabalhadas e desenvolvidas. A sintonia com as empresas permite que o sistema não faça o que ele deseja ou acha que ele precisa ser feito, mas aqui­lo que a indústria precisa, antes de tudo. O Senai teve em 2017, 142 mil matrículas em cursos de cur­ta, média e longa duração. Para o iniciante, cursos de aprendizagem industrial; cursos técnicos de nível médio e cursos de aperfeiçoamen­to. Finalmente, os cursos de gra­duação e pós graduação.

O Senai atua desde o básico operacional até a graduação tec­nológica em vários cursos de pós graduação. Atualmente há três unidades credenciadas pelo Mec como instituições de ensino supe­rior: duas unidades em Goiânia e uma em Anápolis. As demais uni­dades que atendem tanto pelo Sesi como pelo Senai ensino que vai do fundamental até o ensino médio, estão devidamente legalizadas e em conformidade com a legislação para adequação das exigências do Conselho Estadual de Educação, o que faz das escolas unidades edu­cacionais como qualquer outra, quer pública ou privada.

Também cursos de curta dura­ção, que são os de 60 horas, até cur­sos de 3000 horas, que são os cursos de longa duração, de modo que o Senai está inserido no contexto de educação, quer profissionalizante, quer de educação superior.

Paulo Vargas esclarece que as instituições de ensino do sistema “S” não visam concorrer com ninguém, mas ministram cursos que façam sentido para a indústria. Tudo de­vidamente autorizado segundo a legislação educacional em vigor, de modo que um aluno do curso do ensino médio de uma escola do Se­nai estará apto para prestar vestibu­lares ou o Enem. A unidade Ítalo Bo­lonha, no Setor Fama, a Faculdade Senai Fatesg no Setor Universitá­rio e a unidade Roberto Mange em Anápolis são faculdades com con­ceito ‘A’, sendo que a pontuação dos cursos numa escala de 0 a 5 é nota 4.

Os cursos oferecidos pelo sis­tema “S” são altamente subsidia­dos, o que significa que o aluno vai pagar bem menos do que o co­brado no mercado como um todo. Há cursos gratuitos e cursos pagos, estes subsidiados. Paulo Varga cos­tuma dizer que o curso vale muito menos para o aluno do que para outras universidade privadas.

O foco do Serviço Social da In­dústria (Sesi) é assistir o trabalhador dessa indústria e o seu dependen­te. Começa por aí a importância do Sesi/Senai estarem o mais articula­dos/entrosados possível.

“O trabalhador da indústria está na indústria. É esse funcionário da indústria e o seu dependente legal que são o foco do Sesi, que tem atuação na educação de en­sino fundamental, da saúde ocu­pacional e afins”, explica Vargas.

 

O Senai tem uma forma muito dinâmica e diversificada de promover educação profissional no Estado, através de uma estratégia extremamente dinâmica, leve e fácil. As parcerias que o Senai compreendem grandes empresas, como a Hyundai, Ford, Eletrolux, Danfoss, Didier Debrosse, têm permitido o desenvolvimento de ambientes de ensinos bem atualizados e próximos das necessidades das indústrias conveniadas

Sistema eficaz é copiado

As escolas do ensino funda­mental do Senai estão lotadas, de modo que a matrícula é fei­ta por sorteio.

Também atua na Educação de Jovens e Adultos–os famosos EJA.

Em 2002, houve um articula­ção no sentido de unificar as ati­vidades do sistema “S”. Quem di­rigiu essa fusão foi Paulo Vargas. Uma fusão pioneira em todo Bra­sil, diga-se de passagem. Até hoje, esse sistema de unificação está sendo copiado por outras unida­des da federação. De forma práti­ca, os recursos humanos dessas instituições foram centralizados em apenas um. Houve a incorpo­ração dos funcionários de cada instituição, e a centralização de serviços, como o de contabili­dade. Ninguém foi demitido, de modo que a transição foi pacífi­ca, ordeira e justa.

Embora cada instituição guar­de suas particularidades, estão unificados: Fieg, Sesi, Senai, IEl (Instituto Euvaldo Lodi) e ICQ Brasil (Instituto de Certificação Qualidade Brasil).

Paulo Vargas diz que pode­riam atender uma demanda mui­to maior se houvesse uma parceria com o governo, tanto municipal, estadual, bem como com o gover­no federal, porque o Sesi e o Senai, que administra, tem a finalidade, antes de tudo, de formar cidadãos.

“O objetivo é formar gente civi­lizada, tanto que a grade curricu­lar das escolas do sistema “S” tem, dentre outros objetivos, a educa­ção para o trânsito, ecologia, vi­sando uma convivência susten­tável para um mundo melhor”, sintetiza. “Estão cumprindo com excelência este papel”, emenda. E prova: um CEO da Hyundai re­velou a Paulo Vargas o seguin­te sobre o índice de conformida­de: “toda montadora, quando o veículo chega ao final da linha de montagem, este passa por um controle de avaliação, para verifi­cação da perfeição do produto fi­nal. Isto se chama ‘verificação de não conformidade’”. O Dr. Akira, diretor da Caoa, fábrica da Hyun­dai em Anápolis, disse, a respei­to do resultado dos trabalhos na linha de montagem, se referin­do ao veículo Tuckson, ainda em 2007, atestou que o percentual de não conformidade verificado em Goiás é inferior ao que era verifi­cado na Coreia do Sul–o que sig­nifica que o goiano é inteligente, capaz e competente, desmistifi­cando a máxima de que o goia­no é preguiçoso ou “Jeca Tatu”.

O superintendente Paulo Var­gas finaliza dizendo que o que o brasileiro precisa é ser valoriza­do, treinado e lapidado. “E é isso que o sistema ‘S’ Goiás tem cum­prido, com excelência”.

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