Tragédias no esporte
Diário da Manhã
Publicado em 6 de julho de 2018 às 21:32 | Atualizado há 4 meses
Eventos como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos de Verão, realizados a cada quatro anos, são solenidades multiesportivas de visibilidade mundial, e reúnem atletas e turistas de várias partes do planeta em uma única cidade – eleita como sede. Tamanho realce e cobertura midiática acabam chamando a atenção de grupos extremistas, de olho na grande repercussão que seus atos podem adquirir durante os jogos. A tensão entre nações, atualmente, se dá principalmente por atitudes políticas arbitrárias entre nações, motivadas por fatores econômicos, bem como por questões religiosas ou xenofobia. Em tempos de tensão internacional, o risco de incidentes fatais torna-se ainda mais iminente em eventos de tal porte.
O Rio de Janeiro foi a primeira cidade da América do Sul a sediar os jogos da era moderna, que acontecem desde 1896. E o evento recebeu atenção especial das autoridades brasileiras devido à segurança. Os recentes assassinatos em massa ligados a grupos extremistas em cidades da Europa e da América do Norte levantam preocupações em relação à segurança dos jogos e ao risco de terrorismo. A tensão internacional durante as duas Guerras Mundiais conseguiu impedir a realização de três Olimpíadas por questões de segurança: em 1916, 1940 e 1944. Ao longo da história, alguns episódios trágicos mancharam a história dos jogos com sangue. O mais grave de todos aconteceu na Alemanha em 1972, quando 11 atletas da delegação israelense foram mortos por uma organização palestina chamada Setembro Negro.
INCIDENTES
O incidente ficou conhecido internacionalmente como o Massacre de Munique, em referência à cidade alemã que sediou os jogos. Onze membros do time olímpico israelense (cinco atletas, dois árbitros e quatro treinadores) foram mantidos reféns pelo grupo palestino Setembro Negro no dia 5 de setembro. Todos eles foram mortos no dia seguinte. Na ocasião, a República Federativa da Alemanha (Alemanha Ocidental) foi duramente criticada por não permitir a intervenção das Forças de Defesa de Israel (Tzahal) no incidente.
A intervenção foi proposta pela premiê de Israel, Golda Meir. O filme Munique (2005), de Stiven Spilberg, que recria o momento, foi indicado ao Oscar de melhor filme. Pouco tempo depois do ataque, o governo alemão fundou o GSG9, uma unidade policial antiterrorista especial, para que a situação não se repetisse futuramente. A unidade transformou-se numa referência mundial de combate ao terrorismo, e influenciou a criação de grupos semelhantes em outros países da Europa.
Outro massacre aconteceu 10 dias antes dos Jogos Olímpicos da Cidade do México, em 1968. Milhares de civis protestavam contra a realização dos jogos na cidade, alegando que seria uma extravagância diante de tantos problemas internos enfrentados pelo país. O governo mexicano, liderado pelo presidente Gustavo Díaz Ordaz Bolaños, usou seu “batalhão olímpico especial” para dar fim aos protestos, executando civis indiscriminadamente num episódio conhecido como Massacre de Tlatelolco. Por ser um massacre promovido pelo próprio governo, o número real de vítimas nunca foi admitido. O governo aceita assumir apenas 40 mortes, enquanto outras fontes apontam entre 200 e 300 mortes.
O massacre foi precedido por vários meses de instabilidade política na Cidade do México, um reflexo da onda de protestos estudantis que se espalhavam por todo o mundo em 1968. No fim da tarde do dia 2 de outubro daquele ano, cerca de cinco mil pessoas se reuniram na Praça das Três Culturas, em Tlatelolco. A maioria era de estudantes e trabalhadores acompanhados pelas mulheres e filhos, que aguardavam um protesto pacífico. O massacre teve na noite, quando forças do exército e da polícia (equipadas tanques) cercaram a praça e começaram a abrir fogo contra a multidão.
No dia 27 de julho de 1996, oito dias antes das Olimpíadas de Atlanta, nos Estados Unidos, uma bomba explodiu no Centennial Olympic Park, construído especialmente para os jogos. O incidente deixou dois mortos e cerca de uma centena de feridos. O motivo apontado pelas autoridades é terrorismo religioso, e o autor do bombardeio, Eric Rudolph, é um famoso extremista cristão dos Estados Unidos, responsável por outros incidentes explosivos entre 1996 e 98. Ele lutava contra as causas dos homossexuais e contra a legalização do aborto.