Cotidiano

Campinas comemora 208 anos

Diário da Manhã

Publicado em 6 de julho de 2018 às 00:29 | Atualizado há 4 meses

A Campininha das Flores, como é conhecida, com­pleta no dia 8 de julho, 208 anos, mas seu aniversário está sendo comemorado desde ontem com a transferência das sedes da prefeitura de Goiânia e da Câma­ra Municipal para o bairro. A então cidade de Campinas que foi incor­porada a Goiânia após a constru­ção da nova capital foi fundada em 1810 pelos bandeirantes que che­garam às margens do Rio Anicuns em busca de ouro.

Hoje é conhecida por ser o mais antigo bairro de Goiânia e por ser um dos mais importantes cen­tro comerciais da Capital. A velha Campininha das Flores, mesmo tendo vários prédios já alterados em relação ao patrimônio históri­co, ainda mantêm um certo char­me na memória de seus morado­res e na história de Goiás.

Um dos pontos históricos da Campininha é a praça Joaquim Lú­cio, situada na avenida 24 de Outu­bro, palco de manifestações, namo­ros e de muitas e animadas festas carnavalescas nas décadas de 30, 40 e 50. A praça já foi revitalizada várias vezes com o coreto sendo de­molido e reerguido posteriormente, em certa época com uma estrutu­ra mais moderna e, posteriormen­te, sendo demolido e reconstruído com base na planta original. Isto ocorreu na gestão do ex- prefeito de Goiânia Pedro Wilson (2001-2004) que fez até um concurso para a es­colha do novo Coreto. Durante um tempo, o local voltou a ser palco de diversas manifestações culturais, depois foi esquecido novamente.

A Campininha das Flores é as­sim, vive entre o passado e pre­sente, entre o moderno e o his­tórico, entre o esquecimento e as lembranças guardadas em muitas memórias como a do escritor José Mendonça Teles, que este ano nos deixou e não pode mais lembrá­-las, a não ser as que deixou escritas em livros e também nas suas poe­sias. Em época de Copa do Mun­do, nada melhor do que lembrar de uma frase do escritor russo Leon Tostói para definir a relação de José Mendonça Teles com a Campini­nha: “Se queres ser universal, co­meça por pintar a sua aldeia”.

José Mendonça Teles fazia isto com maestria quando se tratava da Campininha. Era a maior refe­rência quando se queria falar da história de Campinas, pois não só a viveu de forma intensa como também registrou muitas histó­rias dos moradores e da socieda­de campineira. Ex-jogador e tor­cedor fanático do atlético Clube Goianiense onde fez até o hino do time, José Mendonça Telles falava da sua Campininha das Flores com aquele amor que só os que vivem a sua aldeia com intensidade podem contar ou pintar, como diz Tostói.

Campininha da Flores, do Es­tádio Antônio Accioly que foi de­molido e ressurgiu das cinzas como uma fênix, da Igreja de São José, da escola Nhanha do Cou­to, do antigo seminário dos pa­dres redentoristas onde funcio­na hoje o Centro Cultural Gustav Ritter, mas pode não funcionar mais e ser devolvido a Congrega­ção Redentorista. Do colégio Pe­dro Gomes, palco de grandes mo­bilizações políticas e culturais, do Mercado de Campinas, da Matriz, da hoje Biblioteca Cora Coralina onde funcionava o Palace Hotel, dos cinemas (Rios, Eldorado e o Cine Campinas) que foram todos fechados dando lugar à comércio, igrejas e bares. A Campininha vive este dilema entre um passado his­tórico e um futuro incerto onde, a cada novo dia, surge um novo em­preendimento comercial que vai engolindo o seu passado.

O próprio Diário da Manhã e seu antecessor Cinco de Março também fazem parte da história de Campinas funcionando bastante tempo no bairro no início da aveni­da 24 de Outubro. Na avenida Bah­ia e rua P16, funcionavam a zona de baixo meretrício, os puteiros da épo­ca. Tinha também o Clube Social de Campinas onde tocavam as gran­des bandas que se destacavam nos bailes sociais em Goiás: Os Hippies, Aquarius Seven, Embalo 7, Os An­dantes, entre outras tantas que to­cavam nos bailes da época. Campi­nas, apesar de moderna, vive ainda da sua memória. Os antigos mora­dores, nascidos no ainda município de Campinas, gostam de dizer: “So­mos campineiros, com muito orgu­lho”. É o orgulho que move o fiel mo­rador do bairro de Campinas. Este é o caso do pai do jornalista Helvé­cio Cardoso, Odilon Cardoso da Sil­va, falecido há cerca de cinco anos.

SEDE

Como acontece todos os anos, a sede da prefeitura se transferiu nesta quinta-feira para Campinas em comemoração ao seu aniver­sário e em homenagem a sua im­portância para a história da Capi­tal. Durante toda manhã o prefeito Iris Rezende e os secretários da sua administração despacharam do ga­binete instalado no Colégio Santa Clara, localizado na Rua José Her­mano, próximo à praça Joaquim Lúcio e vão continuar despachan­do do mesmo local nesta sexta-fei­ra. Já a Câmara Municipal de Goiâ­nia faz sessão especial nesta sexta no mesmo lugar e horário.

O prefeito de Goiânia Iris Re­zende fez questão de lembrar a im­portância do bairro para os goia­nienses e para ele que começou a entrar no mundo da política sob as bençãos da Campininha das Flo­res. “Tenho uma grande paixão por Campinas, porque a minha histó­ria e Campinas se confundem. Foi aqui que tudo começou e eu não poderia deixar de prestar essa ho­menagem a esse bairro que me deu a oportunidade de ser quem sou hoje”, afirmou o prefeito de Goiânia durante a manhã desta quinta-fei­ra. Já a Câmara Municipal de Goiâ­nia faz sessão especial nesta sexta no mesmo lugar e horário.


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