Governo descarta securitização de créditos
Diário da Manhã
Publicado em 19 de outubro de 2018 às 03:50 | Atualizado há 7 anos
O procurador-geral do Estado de Goiás, Murilo Nunes Magalhães, revogou a licitação para a contratação de empresa de securitização de recebíveis. O despacho, proferido no final da tarde de ontem, atende a uma demanda dos agentes fiscais do estado, através do Sindicato dos Funcionários do Fisco do Estado de Goiás. O Sindifisco acionou o Ministério Público de Contas do Estado de Goiás, que, através do procurador Fernando Carneiro, ajuizou pedido contra o processo de securitização de créditos tributários.
Com isso, o MP impetrou ação civil pública, contra o estado de Goiás, levantando dúvidas sobre as vantajosidades da securitização e revogando o processo licitatório para contratação de empresa de serviços de estruturação, para implementação posterior de operações de securitização do fluxo de créditos.
Em junho de 2018, a coordenadora nacional da Auditoria Cidadã da Dívida, Maria Lucia Fattorelli esteve em Goiânia para uma palestra no Sindifisco, quando explicou como os funcionam os esquemas financeiros por trás da securitização de créditos.
Pouco mais de um mês depois, a promotora de Justiça Villis Marra, com atribuição na defesa do patrimônio público, acionou o Estado de Goiás para suspender Pregão Eletrônico, ante o indício de graves irregularidades na transação, tais como o custo exorbitante do contrato, incluindo quase R$ 22 milhões referente à taxa de estruturação; R$ 45 milhões de taxa para distribuição; cerca de R$ 185 milhões de taxa de administração. E ainda quase R$ 75 milhões de taxa de performance, entre outros valores.
Na época, o procurador de contas, Fernando Carneiro, informou que embora o Serviço de Análise Prévia de Editais e Licitação do TCE tenha se manifestado pelo conhecimento e provimento de sua representação para nulidade do referido edital, a corte não tomou ainda nenhuma providência.
Segundo Maria Lúcia, uma das maiores autoridades do mundo em matéria de Finanças Públicas, estes esquemas de securitização de créditos, que vêm se espalhando pelo Brasil, é refinada vigarice na qual muitos governos vêm caindo de boa-fé.
Em uma recente audiência pública perante os ministros do STF, que vão votar ação de inconstitucionalidade da lei que cria a tal “securitização”. Na opinião da especialista, trata-se de um “escandaloso esquema de emissão disfarçada de dívida pública a ser paga com desvio da arrecadação tributária”.
Com a decisão tomada hoje, a questão fica adiada para o próximo governo. O mecanismo da securitização tem sido tentador para Estados fortemente endividados. Goiás é um deles. A dívida goiana passa dos 18 bilhões de reais, metade dos quais para o Tesouro Nacional. A outra quase metade é devida aos bancos públicos (CEF, BB e BNDES) e menos de um bilhão para bancos particulares A dívida perante o tesouro come 13% da receita líquida do Estado de Goiás.